E, segundo especialista entrevistado nessa reportagem, hoje é possível inovar em estratégias para encantar a sua equipe
Nos dias atuais, há várias maneiras de motivar a sua equipe, sem que isso passe necessariamente por remuneração. É sabido que, cada vez mais, as pessoas estão buscando qualidade de vida e o ambiente de trabalho tem um grande peso nesse sentido. Nas palavras de João Henrique Vogel, cofundador e CFOO da Cuidas, startup que conecta empresas a médicos e enfermeiros no local de trabalho, as empresas estão mudando.
“O mundo corporativo está passando por uma forte transformação na forma como enxerga e se relaciona com seus funcionários dentro das empresas. Se antigamente, o colaborador era somente uma peça do maquinário que deveria fazer a indústria crescer, hoje ele precisa ser olhado como indivíduo único”.
Por isso, entender as suas necessidades, características, sonhos e desafios é requisito para times de alta performance. “Quando se fala de motivação, muitos gestores chegam a associá-la diretamente à remuneração salarial. E ela realmente é importante. Mas não é apenas isso que os funcionários buscam no ambiente de trabalho. Premiações sociais, simbólicas e qualidade de vida também são almejadas pelos colaboradores”.
Formatos – Vogel comenta que quando falamos em premiação de equipe sempre lembramos dos métodos mais tradicionais como planos de saúde, vales transporte e refeição, participação nos lucros, benefícios em academias e restaurantes. No entanto, com a chegada de serviços modernos no mercado, é possível inovar em estratégias para encantar a equipe.
“Existem outras formas de motivar a equipe como, por exemplo, levar saúde e bem-estar aos funcionários no próprio ambiente de trabalho, adotar horários flexíveis de acordo com a demanda de cada funcionário, se isso for possível na rotina da empresa, oferecer serviços de beleza, massagens, espaços de relaxamento, opções de lazer no escritório, entre outros”.
Periodicidade – Segundo Vogel, a ideia é que esses benefícios sejam oferecidos com uma certa frequência dentro das empresas. “De acordo com cada estratégia, os empresários devem avaliar como melhor abordar os seus funcionários. Mas, é preciso lembrar que hoje em dia, as pessoas tendem a passar mais tempo no escritório do que em casa. Logo, o que a empresa puder possibilitar além da execução do trabalho em si será provavelmente a principal via de acesso do colaborador àquele recurso”.
Ele menciona que por ser raro que os funcionários consigam encontrar tempo durante a semana para estudar e aprender algo novo por prazer, foi criado um grupo de estudos na Cuidas. “Para motivar o time a praticar exercício físico regularmente, subsidiamos ingressos de corridas de rua. Para possibilitar momentos de relaxamento e meditação, temos a sala zen”.
Em sua opinião, é mais importante fomentar a cultura corporativa de que o ambiente de trabalho deve ser um lugar prazeroso, onde as pessoas querem estar além da obrigação de trabalhar, do que pensar em quais benefícios devem ser dados e em qual periodicidade.
Saúde – O bem-estar dos funcionários é fundamental, e quando se fala saúde no ambiente corporativo, de acordo com o executivo, é impossível não assimilá-la com os velhos e tradicionais planos de saúde. “Porém, geralmente usa-se o plano de saúde apenas quando se está doente, então é mais um plano de doença do que de saúde na verdade”.
E as empresas que dão benefícios de saúde motivadas apenas a dar um benefício a mais, para manterem-se empregadores atraentes, estão deixando um potencial enorme de produtividade na mesa. “Saúde é importante, não somente para atrair e reter talentos ou satisfazer requerimentos trabalhistas, mas para que a empresa seja saudável. Somos tão fortes quanto o nosso elo mais fraco”.
Ele esclarece que, “assim como individualmente cuidamos de cada órgão do nosso corpo, a empresa é um organismo vivo e cada colaborador é um órgão. Funcionários com problemas de saúde, sejam de natureza biológica ou psicossocial, limitam não só a sua própria produtividade, mas também a do time. Quando as pessoas começam a adotar essa mentalidade de saúde, não de doença, percebem que os planos de saúde não dão conta do recado”.
A Cuidas é um exemplo de startup de tecnologia focada em saúde que quer cuidar tanto do colaborador quanto do organismo-empresa, não só quando houver um problema, mas principalmente antes de o problema acontecer, repensando os hábitos de vida de cada um.
“Tanto para casos de prevenção e promoção à saúde, quanto em casos de problemas agudos, a Cuidas leva médicos e enfermeiros para o local de trabalho do colaborador, possibilitando uma linha de cuidados personalizada, focada nas individualidades do paciente e não na doença. Esse cuidado de atenção primária resolve até 80% dos problemas de saúde que a população enfrenta”.
Aproximação
Na Santa Oficina, na cidade de São Caetano do Sul (SP), o empresário Fabiano Patrone (foto) motiva a sua equipe passando para eles o que deu certo em sua vida, além da parte técnica tão necessária em uma oficina. Como, por exemplo, educação financeira. “É algo que eu aprendi há muito tempo e que faz parte da minha vida e da minha família. Eu ensino a eles a guardarem dinheiro para um propósito, como uma viagem no final do ano. E sempre tento passar para eles o que eu aprendi e que deu certo na minha vida”.
Também faz parte da rotina de Patrone estar sempre próximo a eles. “Eu sou muito próximo a todos, batemos papo semanalmente e fazemos reuniões pelo menos a cada quinze dias. Apesar de eu ser o dono da oficina, eu faço parte do pátio, estou com eles todos os dias, toda hora. E este convívio passa um pouco do lado profissional e passamos a viver mais o lado pessoal, humano”.
Outra forma de motivar a sua equipe está na remuneração. “A motivação sempre vem da parte financeira e aqui na oficina nós trabalhamos com comissão e produção. O que pela minha experiência mostrou que as pessoas trabalham com mais empenho e mais vontade”. Exemplo disso, ele lembra que algumas vezes no ano passado eles trabalharam aos sábados para darem conta da demanda e não teve um funcionário que se opôs.