Incertezas sobre uma segunda onda de potencial pandêmico influenciarão a confiança, a demanda e os investimentos, até que uma vacina possa minimizar esses efeitos e, talvez, só a partir de junho ou julho isso venha a acontecer.
Neste cenário e com esta visão geral, não se pretende avaliar modelos nem fazer juízo de valor sobre os tipos de medidas econômicas específicas. O que se pretende alertar ao nosso leitor é que, ainda estamos em tempos de crise pandêmica de saúde e, por mais que possa tentar discutir sobre qual política pública é mais adequada, devemos nos ater a pensar como agir no ambiente futuro, que em síntese, poderão obedecer os seguintes cenários:
CENÁRIO PESSIMISTA
1.Confirma-se segunda onda pandêmica de contaminação por COVID-19, com o estado promovendo novo programa de isolamento social, com maior e menor rigor, em regiões mais atingidas. Esse isolamento, como no ano de 2020, pode se estender por até 2 meses;
2. Desemprego atingindo níveis de 15%, sem tendências de desacelerar, por estagnação e demora de resposta de alguns setores da economia;
3.Aumento de custos de insumos e falta de matérias-primas que elevarão ainda mais o processo produtivo e a oferta de bens no mercado;
4.Níveis de inflação atingem entre 5 e 6% até o final do ano;
5. Elevação da carga tributária e maiores impactos fiscais necessários para compensar gastos extraordinários realizados com pandemia.
6.Crescimento do PIB não chega a atingir 1,5 e mais próximo de 1,0%.
7. Forte desvalorização do real em relação do dólar, com a moeda americana ultrapassando valores médios entre R$ 6,00 e R$ 6,15.
8. Cenário político instável e sem melhorias nas relações entre executivo e legislativo.
CENÁRIO PROVÁVEL
1.Desemprego atingindo níveis de 14% ainda sem tendências de desacelerar por estagnação e demora de resposta de alguns setores da economia.
2. Elevação da carga tributária, como forma de recuperação dos gastos realizados com contenção pandêmica;
3. Crescimento gradual da economia em “V”, assim chamada por representar reversão da curva de tendência, com PIB podendo atingir entre 2,5 e 3,0% até fim do ano;
4. Meta de taxa Selic mantida na ordem de 2,75%
5.Forte desvalorização cambial, com o estado atingindo endividamento de 100% do PIB para 2021;
6. Dólar médio do ano entre R$ 5,20 e R$ 5,30;
7.Ambiente político longe de ser harmonioso, o que fará se manter contida qualquer tentativa de avanço nas agendas de reformas.
CENÁRIO OTIMISTA
1.Segunda onda de contaminação pandêmica por COVID-19 acontece de forma muito amena e sob maior controle das autoridades de saúde;
2.Programas de isolamento social reduzidos e controlados, não criam impacto maior e a produção industrial que deu mostra de recuperação consistente nos terceiro e quarto trimestres do ano de 2020, abre uma frente de dinamização na recuperação do ambiente de negócios em vários segmentos da atividade econômica;
3.Crescimento do PIB em 2021pode ficar entre 3,5 e até 4,0% em relação ao ano anterior;
4. Desemprego dá sinais de desacelerar e iniciar uma queda sensível, mas consistente;
5. Mudanças nas regras dos mercados derivativos futuros tenderão a forçar estabilização cambial, pois bancos deverão se desfazer de aproximadamente US$ 16 bi até dezembro de 2021 e dólar recua para níveis próximos de R$ 4,90;
6.Redução de juros atenuará o impacto na dívida pública no curto prazo. Inflação se manterá em níveis de 3,8%;
7. Nas questões políticas são atenuadas as tensões entre executivo e legislativo, com articulação favorável pelo alinhamento no congresso que permite avanço nas reformas administrativas e fiscal, influenciando diretamente o crescimento da economia, com juros mais baixos e elevação do lucro das empresas.