Fique atento, a falha da bobina impulsora pode ser confundida com defeito na bomba de combustível para não trocar peça errada e fazer com que o cliente volte com o mesmo defeito
Um VW Pointer entra na oficina Opcar, localizada no bairro Moinho Velho, na cidade de São Paulo. O carro é um Volkswagen montado na fabrica da Ford Argentina como produto da Autolatina Brasil (parceria entre as fabricantes Ford e Volkswagen iniciada em 1987 e encerrada em 1996). Equipado com motor AP (Alta Performance) 1.8L, o Pointer quando o proprietário acionava a ignição, o motor girava, mas não pegava. O problema parecia uma falha da bobina.
Para piorar a situação, o VW Pointer 1.8 com motor AP chegou transportado em uma plataforma. Ao ser descarregado, a chave foi girada, a ignição acionada, e não apresentou falhas.
Em uma situação como esta, o melhor caminho para solucionar o problema é testar, pois são vários os itens que podem apresentar defeito. “Primeiro testei a bomba de combustível, ela estava funcionando e a pressão também era a especificada pelo fabricante.
Depois verifiquei o relé da injeção, que é colocado na caixa de fusíveis, ele também funcionava perfeitamente.
Testamos o chicote e a caixa central, mas estes itens não apresentavam problemas”, lembra um dos sócios da oficina, Paulo Donizete de Sousa, o Paulinho.
Depois de feitos estes diagnósticos, ainda faltava verificar a bobina de ignição, a qual funcionou sem apresentar falhas. E finalmente a solução foi encontrada após trocar a bobina impulsora, um componente instalado dentro do distribuidor, e para acessá-lo é necessário retirar a tampa, o cachimbo e a outra tampa menor.
Mas o interessante de todo este processo é que o cliente teve o carro reparado e só gastou com o serviço e a peça substituída, ou seja, não passou pelo desconforto de ter itens trocados e o defeito persistir.
“Nós trabalhamos em parceria com outras três oficinas do bairro, e quando aparece este tipo de problema entramos em contato com elas para saber quem tem as peças para nos emprestar e testar, assim substituímos só o que é necessário”, fala o outro sócio da Opcar, Odair Sapucaia Batista, o Ney.
A família de motores AP foi lançada no Brasil em agosto de 1985 e os primeiros 1.8 equiparam o Santana e Gol GT. A parceria entre Ford e Volkswagen, que ocorreu no ano de 1987, gerou a Autolatina Brasil, e colocou no mercado carros como:
Apollo, Logus e Pointer, da VW, Verona, Royale e Versailles, da Ford. Soma-se ainda a esta lista o Escort, porém, neste modelo AP foi montado transversalmente, e com outro comando de válvulas, o mesmo ocorreu no Verona. Eles ajudaram a difundir o motor, que ainda foi usado no Gol, Parati, Saveiro, Voyage, Passat, entre outros da VW.
Estes veículos circulam pelas ruas das cidades de todo o Brasil e estão sujeitos a apresentarem defeito na “bobina impulsora”. Só que agora com a experiência adquirida na Opcar este problema é solucionado rapidamente, “nos dias de hoje quando entra na oficina um carro que usa motor AP 1.8 fabricado neste ano, com falha na ignição, a primeira peça a ser verificada é a bobina impulsora”, finaliza Ney.
- Por isso fique atento, antes de condenar a bomba de combustível, verifique também a bobina impulsora. O VW Pointer 1996 foi feito na fábrica da Ford Argentina. Era um dos modelos que integrava o mix de produtos da extinta Autolatina, empresa formada para gerir a união comercial entre as duas fabricantes de veículos. Apesar de usar o símbolo VW, foi feito tendo como base a arquitetura do Escort. O propulsor que equipa o modelo é o AP 1.8L, o qual é encontrado no Santana, Versailles, Logus, Apollo, Verona, Gol, entre outros fabricados no período que durou o acordo entre as duas fabricantes.
2. A tampa do distribuidor do Pointer é de fácil acesso, porém é necessário ter cuidado ao retirá-la.
3. A tampa do distribuidor foi colocada próxima a uma das mangueiras do sistema de arrefecimento, sendo assim, qualquer descuido pode terminar em uma mão queimada.
4. Na foto a visão geral do distribuidor sem a tampa, a peça que aparece em primeiro plano é o cachimbo.
5. Para chegar até a bobina é necessário retirar o cachimbo e a tampa menor que aparece abaixo.
6. Visão frontal da bobina impulsora, um componente que pode causar problemas aos proprietários de veículos quando ela falha.
7. A bobina impulsora danificada engana quem resolver dar o diagnostico sem fazer testes. Os problemas apresentados são semelhantes aos encontrados quando ocorre mau funcionamento da bomba de combustível, fadiga do relê da injeção, chicote avariado ou bobina de ignição danificada.
Matéria publicada na Revista Reparação Automotiva Maio/ 2008