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Os cuidados com o sistema de arrefecimento

Profissionais alertam sobre a importância de realizar a manutenção preventiva de todo o sistema de arrefecimento

Responsável por transmitir calor, o sistema de arrefecimento impede que o motor superaqueça, dentre outras funções. Considerando este fator, seu papel é imprescindível para a vida útil do veículo, onde abriga uma série de peças para compor seu sistema. Com isto, os cuidados devem ser redobrados com cada item, pois o mau funcionamento de um pode comprometer todo o sistema.

Diante deste cenário, profissionais, entre outros assuntos, refletem sobre os principais cuidados que devem ser tomados e contam quais os componentes que mais sofrem desgastes. A orientação é para sempre estar atento e levar o veículo até um estabelecimento de confiança para realizar a manutenção, deste modo o motorista evita problemas indesejados e prolonga a vida útil do sistema de arrefecimento.

SISTEMA

O sistema de arrefecimento foi projetado com o intuito de manter o motor na faixa de temperatura ideal de trabalho. “Dentro deste sistema quem gerencia esta temperatura é a válvula termostática, que aliada aos demais componentes do sistema garante que o motor funcione dentro do especificado, independente da temperatura externa a que esteja submetido”, conta o gerente de Vendas Aftermarket da Wahler, Estevão R. Tobaldini.

Como explica o responsável pelo Departamento Comercial da Metalúrgica HG Ltda., Gustavo Bender, o sistema de arrefecimento controla a temperatura do motor de um automóvel. “Quando o sistema de arrefecimento trabalha na temperatura ideal, o motor terá maior durabilidade, menor desgaste e atrito, maior economia de combustível, menos manutenção, emitirá menos poluentes e aumentará seu desempenho”, emenda.

A temperatura ideal de trabalho do sistema de arrefecimento é entre 90 e 95ºC, aponta o assistente técnico da Urba Brosol, Ricardo Crespo. “Isso proporciona uma perfeita queima do combustível para que não ocorra desperdício, ou seja, um consumo excessivo de combustível e consequentemente a poluição do ar”. Ele ainda explica que o sistema de arrefecimento trabalha para alcançar a temperatura ideal e depois para regular e controlar esta temperatura.

Há dois tipos de sistemas de arrefecimento encontrados nos carros, o arrefecimento líquido e o arrefecimento a ar, porém a maioria dos carros é arrefecida a líquido, segundo o diretor da Reach Radiadores, Marco Aurélio S. Cardoso. “O sistema de arrefecimento a líquido é composto por: Radiador, Bomba d’água, Válvula termostática, Mangueiras, Vaso de expansão, Ventoinha e Fluido de arrefecimento”, descreve.

Para manter o sistema em bom funcionamento é essencial ter uma boa montagem do conjunto bocal, mangueira e abraçadeira, salienta o presidente da Progeral Abraçadeiras, Marco de Campos. “No caso do sistema de arrefecimento, devido à flutuação de temperatura, a abraçadeira mais indicada é a tipo mola e para isso deve-se também utilizar ferramenta adequada para não provocar deformação na mesma”, especifica.

O engenheiro mecânico da Assistência Técnica da Metalúrgica Schadek Ltda., Orlando Fernandes, esclarece como é o funcionamento. “É um circuito fechado, onde circula o líquido de arrefecimento, o qual passa próximo às partes quentes do motor removendo o calor e leva para o radiador, onde este líquido irá realizar a troca térmica, descarregando este calor para o ambiente, resfriando- se e volta para o motor para realizar novamente o circuito”, conta.

De acordo com o gerente de Qualidade & Serviços para reposição – América do Sul da Valeo, Jeser Madureira, é importante ressaltar que o sistema de arrefecimento é responsável por 40% da troca térmica do motor, o restante fica por conta do sistema de lubrificação. “Sendo assim, está errado dizer que o motor superaquece apenas pela queima da junta do cabeçote. O problema deve ser diagnosticado em todo o sistema de arrefecimento”, avisa.

CUIDADOS

A executiva de negócios, Viviane Fragata, e o engenheiro químico, Rogério Fragata, ambos da Hi Tech, aconselham a sempre olhar o nível do reservatório e completar com aditivo diluído e nunca com água da torneira. “Nos carros atuais com toda tecnologia computadorizada a falta de um bom aditivo de arrefecimento faz com que a injeção eletrônica entenda a necessidade de um consumo maior de combustível”, relatam.

Vários itens necessitam de certos cuidados para garantir o perfeito funcionamento. O químico responsável da Tecbril, Claudio Fernando Calori, destaca que é preciso checar regularmente o nível do fluido de arrefecimento no sistema. “Outro detalhe é o uso de produtos de boa qualidade, com garantia de procedência, onde tenha um bom pacote de agentes anticorrosivos”, lembra.

O engenheiro de Processos da Indisa, Flavio Portela, sugere algumas precauções. “Utilizar apenas aditivos recomendados pelo manual do veículo; trocar periodicamente o líquido de arrefecimento conforme orientações do fabricante do veículo; atentar-se a rápidas variações de temperatura do carro; verificar periodicamente os níveis de água do veículo, e atentar-se quanto ao funcionamento da bomba d água”.

É fundamental manter o reservatório de expansão com o líquido de arrefecimento na medida correta, também aconselha o gerente Comercial da Iguaçu, Afonso Maurício Lopes. “Verificar se os sensores do líquido e do ar estão com suas leituras corretas e principalmente verificar se a válvula termostática está abrindo na temperatura recomendada”.

Um dos principais componentes do sistema é a válvula termostática, como reflete o analista técnico América do Sul da Vaclei, Leandro Lúcio Martins da Cruz. “Os motores não devem ficar sem a válvula termostática em hipótese alguma, principalmente veículos equipados com injeção eletrônica de combustível”. Isto pode ocasionar diversas falhas no funcionamento, por isto o cuidado e a atenção com este item são fundamentais.

O gerente de Marketing da MTE-Thomson, Alfredo Bastos Junior, orienta que deve ser sempre verificado o sistema quanto à quilometragem de troca do líquido, geralmente a cada 30.000 km ou dois anos. “Acompanhe sempre a quantidade e qualidade deste líquido e a presença da válvula termostática, pois sem ela o veículo consome muito combustível e aumenta a emissão de poluentes. Um veículo sem válvula poderá até ser reprovado na inspeção veicular”.

DESGASTE DOS COMPONENTES

O supervisor de contas da Gonel Autopeças, Marcio Grimaldi, explica que o motor roda melhor numa temperatura média. “Quando está frio, seus componentes se desgastam rapidamente, o motor é menos eficiente e emite mais poluentes, assim cabe ao sistema de arrefecimento permitir que o motor se aqueça com a maior velocidade possível e, então, mantê-lo numa temperatura constante”, completa.

Calori, da Tecbril, aponta que a falta de manutenção dos itens ou por utilização de fluidos de baixa qualidade ou de água comum, os componentes que mais se desgastam são a bomba d’água, válvula termostática, sensores de temperatura, radiador e mangueiras. “Portanto é muito importante manter o sistema de arrefecimento funcionando perfeitamente, verificando o nível regularmente e utilizando fluidos de boa qualidade”, afirma.

Para o gerente regional da Petroplus, Willian Silva, os componentes eletrônicos, válvulas, junta de cabeçote e o bloco do motor, são os principais itens que sofrem desgaste dentro do sistema. “Quando não se coloca um fluido de qualidade e se trata o sistema de arrefecimento, é questão de tempo para que o motor e o sistema comecem a apresentar anomalias”, destaca.

Contudo, Tobaldini, da Wahler, afirma que todos os componentes do sistema possuem padrões de durabilidade compatíveis, exigidos pela montadora. “Desta forma, a durabilidade de cada peça irá depender do regime de trabalho a que for submetida e das suas condições de manutenção”.

A falta de uso de aditivo no sistema pode acelerar o processo de ressecamento dos componentes de borracha (mangueiras e válvulas da tampa do reservatório de expansão), como pontua Madureira, da Valeo. “Causando assim alguns problemas: mangueira estourada, vazamentos, perda de temperatura e pressão. Diminui o ponto de ebulição da água, além de provocar a corrosão e a oxidação onde a água entra em contato com os metais”.

Alguns itens do sistema merecem uma atenção especial, pois sua quebra devido ao desgaste pode causar prejuízos maiores, entre eles, as correias, bomba d’água, tampa do reservatório, válvula termostática e mangueiras, lembra Crespo, da Urba Brosol. “No caso de realizar alguma manutenção, seja ela apenas uma simples troca de mangueira, devemos verificar todo o sistema, pois a causa de um defeito pode passar despercebida, causando a mesma falha”, confirma.

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PROBLEMAS

Um dos problemas mais comuns é a corrosão do sistema de arrefecimento, que gera incrustações em todo sistema, as quais acabam desprendendo-se e circulando pelo sistema, entupindo tubos do radiador, danificando o selo de vedação da bomba d’água, como descreve Fernandes, da Metalúrgica Schadek. “Estas irregularidades vão ocasionar o aquecimento e danos prematuros do motor”, realça.

Bender, da Metalúrgica HG, destaca entre os principais problemas que podem ocorrer no sistema de arrefecimento: a vibração do radiador, radiador com a colméia (bloco de refrigeração) vazando, radiador com vazamentos de água, a água do radiador misturada com o óleo e temperatura alta, além do normal. Por isto, na hora manutenção, o reparador deve ficar atento a estes componentes que mais geram danos ao sistema.

Para Bastos, da MTE-Thomson, o maior problema é o excesso de temperatura do sistema levando até a perda do motor. “Como o sistema é complexo, todos os componentes podem ser a causa deste superaquecimento”. Neste momento é fundamental realizar a manutenção preventiva em todo o sistema. “A manutenção deve seguir as instruções do manual do veículo e também dos fabricantes dos componentes”, ressalta.

Considerando este problema, Silva, da Petroplus, propõe uma solução. “Procurar um mecânico de confiança, fazer uma limpeza completa no sistema e trocar todas as peças danificadas pela água sem fluido. Agora se não existe dano, o recomendável é que mantenha o fluido sempre em dia com a concentração determinada pelo fabricante, e quando abaixar o nível do fluido sempre peça para completar com fluido e não com água”.

Dentre os principais problemas que podem ocorrer, Lopes, da Iguaçu, enfatiza o aumento da emissão de poluentes, o fato de o motor não atingir a temperatura ideal de funcionamento, a carbonização das peças internas do motor e o consumo excessivo de combustível. “A única solução para esses casos é a manutenção preventiva de todo o sistema de arrefecimento e controle de temperatura”, acredita.

ORIENTAÇÕES

Durante a manutenção deve ser utilizado aditivo certificado e de boa qualidade. “A manutenção preventiva feita a cada seis meses ou 10.000 km, tem um custo muito pequeno perto dos benefícios que o veículo tem com essa manutenção”, emendam Viviane e Rogério Fragata, da Hi Tech. O consumidor deve ficar atento à qualidade dos itens para não prejudicar o funcionamento do sistema de arrefecimento.

Para Grimaldi, da Gonel Autopeças, os reparadores precisam estar atentos no momento de realizar a manutenção preventiva e escoar totalmente o líquido do sistema em um recipiente adequado, o descarte precisa ser em locais apropriados por se tratar de um produto químico. Além disto, é necessário realizar a diluição correta do líquido, 40% de água com 60% de aditivo, estes cuidados contribuirão para a diminuição na emissão de gases no ambiente.

No momento da manutenção é preciso ter cuidado para não prejudicar outros itens. No caso das abraçadeiras, Campos, da Progeral, enfatiza que as ferramentas adequadas no ponto correto garantem êxito na aplicação do produto. “Por ter o efeito mola ao aquecer, ela abre e não danifica a mangueira e ao resfriar ela fecha, mas mantém a força necessária e suficiente para não permitir vazamentos no sistema”, avalia.

Cardoso, da Reach, salienta que o radiador é uma peça fundamental. “Deve ser limpo uma vez a cada ano, desobstruindo os canais internos e permitindo uma melhor circulação da água e dissipação do calor. O líquido do radiador também deve ser substituído, porque o fluido misturado com a água perde suas propriedades com o tempo, diminuindo a temperatura do ponto de ebulição e aumentando a temperatura do ponto de congelamento”, completa.

Os profissionais devem estar qualificados e com equipamentos adequados para realizar a correta manutenção no sistema de arrefecimento. “Todos os componentes de leitura podem ser testados e a vida útil de mangueiras, bombas, entre outros, deve ser respeitada baseada em dados do fabricante ou mesmo por simples verificações”, orienta Portela, da Indisa.

De acordo com Leandro, da Valclei, estes problemas podem ser evitados com a manutenção preventiva do sistema, ele recomenda que o usuário realize a cada 30.000 km ou pelo menos uma vez ao ano.

COMO REALIZAR A MANUTENÇÃO

O proprietário da Takeno Reparação Automotiva, Marcelo Takeno, de São Bernardo do Campo (SP), recomenda que a limpeza seja feita com a ajuda de uma máquina apropriada, antes de um total esgotamento da água a ser limpa. “Colocamos o produto ‘Radiador Flush’, deixando o motor ligado por alguns ciclos de funcionamento da ventoinha para uma melhor reação do produto, só aí entramos com a máquina para deixar o sistema completamente limpo”.

Depois de esgotado totalmente, é colocado no lugar água desmineralizada com a porcentagem correta de aditivos, variando de 40% a 50%, dependendo das montadoras. “Há casos que o sistema se encontra sujo devido à falta de revisão preventiva, onde uma só limpeza não basta”, aconselha. Após isto, Takeno acompanha o funcionamento do motor através de um scanner que monitora a temperatura, recirculação da água e a ventoinha.

Takeno recomenda que o profissional sempre oriente o cliente da importância da manutenção preventiva e procurar por uma oficina adequada para a execução do serviço.

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