Funcionamento e diagnóstico prático dos sensores de posição do virabrequim e comando de válvulas do motor (sensor tipo Hall ou Indutivo – CKP e CMP)
Este artigo pretende te dar ferramentas didáticas e práticas para entendimento e diagnóstico de alguns dos problemas funcionais comuns e seus efeitos na operação desses sensores, que são sinais prioritários para o bom funcionamento de outros componentes e parâmetros do motor.
INTRODUÇÃO.
Os sensores de posição da arvore de manivelas (CKP) e comando de válvulas (CMP) usados em motores de combustão interna, tem basicamente duas funções:
- Monitorar a posição angular
- Rotação (RPM)
Com base nessas informações o Modulo de Controle do Motor (ECM) usa essas informações para cálculos vitais como: Avanço (tempo de ignição), controle dos injetores de combustível, validação do sincronismo entre CKP e CMP, falhas na combustão dos cilindros, entre muitos outros parâmetros do motor.
Quatro tipos diferentes de CMP e CKP estão em uso atualmente:
- Indutivo
- Efeito HALL
- Magneto resistivo
- Óptico
No entanto, atualmente as aplicações mais comuns são de tipo Indutivo, Efeito Hall e Magneto resistivo (nessa ordem). Mas aqui trataremos apenas dos dois primeiros.
SENSOR INDUTIVO
- Características
- Tipo construtivo mais simples, porém, são sensores maiores.
- Sinal com ondas senoidais, alternantes positivos e negativos (AC).
- Varia a amplitude do sinal conforme rotação do motor
- Podem conter 2 ou 3 fios.
- Resistência (Ω) aproximadamente ~800 a ~2400Ω (com exceções)
- 2 fios de sinais (invertidos entre eles)
- Sinal De alimentação referência (VARIA PARA CADA MOONTADORA).
TESTE VIA MULTÍMETRO – sensor tipo INDUTIVO
Passo a passo do teste:
- Motor desligado / chave ligada
- Configure seu multímetro na escala de tensão AC. Desconecte o conector do sensor e veja se está chegando uma tensão referência. Exemplo: Linha Hyunday 2,5V (DC), Linha GM mais antigos 1,3V. *Verifique sempre em literatura técnica qual a tensão referência de cada aplicação. Com isso terá aferido a saúde desse sinal vindo da central.
- Conecte novamente o chicote ao sensor.
- Coloque seu multímetro ajustado na unidade de Tensão (V), em AC (corrente alternada)
- IMPORTANTE que você desligue a bomba de combustível ou os bicos injetores para não incorrer em calço hidráulico.
- Ponta de prova positiva no sinal do sensor
- Negativo (COM) ligado ao negativo da bateria ou carcaça.
- Dê partida no carro.
OS VALORES DE TENSÃO (AC) ENCONTRADOS DEVEM SER MAIORES QUE > 0,9V E QUANTO MAIS PRÓXIMOS DE 1,0V NA PARTIDA MELHOR. NO CASO DE VALORES ABAIXO DE <0,9V ac POSSIVELMENTE TEREMOS ANOMALIA. VAJAMOS ABAIXO VALORES ENCONTRADOS EM DIFERENTES REGIMES DE TRABALHO DO MOTOR:
(CELTA 1.0 VHC Flexpower 2009)
NOTE QUE EM PARTIDA ELE APRESENTA VALORES ABAIXO DE 0,9V (AC). PS.: O CARRO APRESENTA LEVE DEMORA DURANTE PARTIDA É IMPORTANTE QUE TENHA O MESMO NIVEL DE GANHO DE AMPLITUDE DE TENSÃO NOS DOIS FIOS DE SINAL
CAPTURA E TESTE DO SINAL VIA OSCILOSCÓPIO
(Celta 1.0 VHC Flexpower 2009)
- MOMENTO DA PARTIDA
- MARCHA LENTA
- ACELERAÇÃO
SENSOR EFEITO HALL
Características
- Tipo construtivo Menores.
- Maior precisão e confiabilidade do sinal em comparação ao sensor indutivo
- Amplitude constante no sinal.
- Sempre apresentam 3 fios (alimentação positiva, aterramento e sinal).
- Sempre apenas 1 fio de sinal.
TESTE VIA MULTÍMETRO – sensor tipo HALL
Passo a passo do teste ALIMENTAÇÃO
- Motor desligado / Ignição Ligada
- Com o conector do sensor conectado ou desconectado.
- Configure seu multímetro para leitura de Tensão DC (corrente direta)
- Cabo positivo do multímetro na alimentação positiva do sensor (checar esquema elétrico)
- CABO NEGATIVO DO SENSOR AO MASSA (CARCAÇA MOTOR OU PONTO MAIS FÁCIL EM RELAÇÃO AO NEGATIVO DA BATERIA.
DEVE SER ENCONTRADO O VALOR DE ALIMENTAÇÃO DE 5,0V (±5%)
- Com uma ferramenta adequada devemos gerar uma carga (consumo), para verificar a saúde da alimentação (vindo diretamente da ECM)
- Conecte a carga ao sistema e veja a queda de tensão
OS NÍVEIS DE QUEDA NA TENSÃO COM A CARGA (LÂMPADA PINGO DE PAINEL 2W), DEVE SER DE NO MÁXIMO 10%.
NO CASO DE ALIMENTAÇÕES COM 5,0V (DC), COM ATÉ 4,5V NA QUEDA, TEREI UM CIRCUITO DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL (VÁLIDO PARA QUALQUER CIRCUITO QUE TENHA UMA ALIMENTAÇÃO DE 5V).
- PARA TESTE DO ATERRAMENTO conecte o negativo do multímetro ao negativo do circuito do sensor
- Conecte o positivo do multímetro ao positivo da bateria
- Repita o mesmo teste com carga feito nos passos anteriores
DEVEMOS ENCONTRAR A MESMA TENSÃO DA BATERIA E APÓS A APLICAÇÃO DE CARGA NO CIRCUITO DEVEMOS TER NIVEIS DE QUEDA DE TENSÃO DE NO MÁXIMO 10% PARA O TESTE DO ATERRAMENTO DO CIRCUITO DO SENSOR.
Passo a passo do teste DO SINAL
- Ainda com o carro desligado retire o sensor do seu alojamento e conecte ele ao chicote
- Com o positivo do multímetro conectado ao fio de sinal e o negativo à massa.
- Pegue algo que seja ferromagnético (exemplo: uma chave de boca usada na foto a seguir) e aproxime da ponta de leitura do sensor.
- Alterne o posicionamento da chave e veja a variação no valor do sinal encontrado
SEM A CHAVE = 4,99V (nível lógico alto)
- O sinal gerado em nível lógico “alto” deve estar bem próximo do valor de alimentação (5V)
- Se caso estiver com valores menores que 95% da alimentação, teremos defeitos no componente (veremos em exemplos a seguir)
COM A CHAVE = 22,8 mV (nível lógico baixo)
- O sinal gerado em nível logico baixo, não deve estar em 0,000V (se estiver, defeito no componente)
- Em alguns casos temos o nível baixo em 1,0V (FORD motor 3 cilindros TiVCT), consulte sempre uma referência confiável e esquema elétrico.
- Na maioria dos casos o sinal baixo está entre 10mV a 100mV.
CAPTURA E TESTE DO SINAL VIA OSCILOSCÓPIO
- SINCRONISMO VIRTUAL COMPLETO
CRUZE 1.8 ECOTEC (CMP ESCAPE + CMP ADMISSÃO + CKP) –
- DEFEITO SENSOR DE FASE TIPO HALL
MOBI 1.0 3 CILINDROS (APRESENTANDO DIFICULDADE NA PARTIDA E DTC RELACIONADO AO CMP)
MEDIÇÃO INICIAL
NIVEL LOGICO BAIXO = ~58mV / ALTO = ~704mV
AMPLITUDE DO SINAL = ~0,646V
APÓS A TROCA DO SENSOR DE FASE
NIVEL LOGICO BAIXO = ~0,095V / ALTO = ~4,95V
AMPLITUDE DO SINAL = ~4,85V
Em suma, sensores de posição do motor são vitais ao bom gerenciamento do sistema no todo, e uma boa análise desses componentes podem nos levar ao êxito no caso de defeitos relacionados.
Entre em contato, comente, tire suas dúvidas, espero ter contribuído para esclarecimento.
Atenciosamente, Junior Trindade – OFICINA DTR
JUNIOR TRINDADE – Técnico reparador e proprietário da oficina DTR em São Bernardo do Campo – SP. Instrutor em Treinamentos de Diagnósticos Avançados de Injeção eletrônica e motores com ênfase em MULTÍMETRO, leitura de Parâmetros via SCANNER e OSCILOSCÓPIO. “O dia a dia tem me mostrado duas coisas principais: uma delas é que quanto mais conhecimento adquirimos, mais apaixonante se torna nossa profissão, a segunda é que o conhecimento da base é o que resolve!”
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