Uma dúvida muito comum entre os proprietários de automóveis, e até mesmo de muitos profissionais que trabalham no ramo da reparação automotiva, é sobre a tecnologia da bateria: pode-se substituir uma bateria de tecnologia atual por uma do tipo convencional?
A resposta é: Não!
Embora existam sistemas dedicados para o monitoramento da bateria e do sistema geral de carga, em alguns deles conseguimos, através de um scanner, renomear a nova bateria para o sistema, ou seja, podemos substituir por uma de maior reserva de corrente elétrica – se necessário, em alguns raros casos! -, mas que seja da mesma tecnologia, e atribuir, codificar, “avisar” a Unidade Controladora, para que, através dos novos dados, possa controlar a geração de energia elétrica conforme a demanda da nova bateria.
Mas, lembre-se, nunca substituir uma bateria por outra que não seja de mesma tecnologia, e digo mais, nunca troque por uma de menor valor de reserva de carga e de menor valor de corrente de partida a frio, jamais!
TIPOS DE BATERIAS MAIS USADAS
Nos dias de hoje, há vários tipos de baterias e de várias tecnologias, porém, nesta matéria, falaremos dos 3 tipos mais comuns que normalmente encontramos no dia-a-dia, que são:
SLI – Start, Light, Ignition (Partida, Iluminação, Ignição)
EFB – Enhanced Flooded Battery (Bateria Inundada Aprimorada)
AGM – Absorbent Glass Mat (Tapete de Vidro Absorvente)
BATERIA SLI
Baterias do tipo SLI, conhecidas como baterias de iluminação, ignição e partida, são baterias comuns, de chumbo/ácido, um pouco mais avançadas que as baterias convencionais comuns.
A bateria possui três componentes principais: as placas de chumbo esponjoso, concebendo o polo negativo, as placas de dióxido de chumbo, formando o polo positivo, e o eletrólito, formado com uma mistura específica por ácido sulfúrico e água.
As placas positivas e negativas devem ficar mergulhadas na solução do eletrólito e, por esse motivo, deve-se observar de tempos em tempos o nível de evaporação do eletrólito no caso de ser uma bateria com reposição do líquido, ou seja, bateria com tampas apropriadas para cada célula.
BATERIA EFB
As baterias de tecnologia EFB são bem parecidas com as baterias comuns, convencionais, porém, utilizam-se de materiais mais robustos e mais resistentes, que conseguem receber oscilações de cargas com mais agressividade, ou, simplesmente, conseguem receber e entregar um certo valor de corrente em ciclos maiores de carga e descaga, sem ter quedas de tensão superior ao desejado.
Um dos grandes problemas que enfrentamos no dia-a-dia quando o veículo chega até a oficina, é quando já passou por uma manutenção qualquer e não se aplicou o procedimento que deveria, principalmente na substituição da bateria, ou na verificação de algum problema apresentado no sistema de carga.
Muitas vezes o veículo passou por uma manutenção, na tentativa de resolver um tranco na transmissão, por exemplo, – e isso acontece com frequência, inclusive -, onde foi apresentado um orçamento bem alto para o cliente, de remoção e reparo na caixa de marchas. Por várias vezes fomos consultados aqui na AFR Motorsport por clientes, como segunda opinião, e ao realizamos todo o processo de verificação dos sistemas, o que nós chamamos de PPP – Planejamento, Processo e Procedimento, e o problema era somente a bateria defeituosa ou, em outras ocasiões, eram problemas relacionados com o cabeamento do alternador até a bateria, ou simplesmente um problema de comunicação da UC (Unidade Controladora) com o alternador.
A bateria EFB foi desenvolvida para veículos que trabalham com uma certa demanda de energia elétrica, como, por exemplo, em sistemas que são embarcados com o Start-Stop, onde se exige demais da bateria, do motor de partida e do sistema geração de carga.
BATERIA AGM
As baterias do tipo AGM são uma versão mais atualizada e mais desenvolvida em relação às baterias convencionais de chumbo-ácido, mesmo as EFB. Nestes modelos, ao invés das placas de chumbo serem imersas em ácido sulfúrico com água como as anteriores, elas utilizam um material de fibra de vidro, e esse material que é embebido em ácido sulfúrico.
Uma das principais vantagens dessas baterias é que elas têm uma capacidade de carga maior e são mais resistentes a ciclos de carga e descarga profundos. Isso significa que elas podem fornecer energia mais consistentemente e por períodos mais longos, o que é especialmente importante em veículos modernos.
Normalmente são utilizadas em veículos mais sofisticados, premiums, que têm uma demanda maior de energia elétrica, que têm embarcados vários sistemas eletrônicos e módulos controladores, mas também podemos encontrar em alguns veículos nem tanto sofisticados e, de qualquer forma, devemos sempre seguir o que diz no manual de serviço do veículo, e nunca substituir uma bateria de tecnologia atual por uma convencional. Se assim fizermos, poderemos estar criando um grande problema, tanto para nós, como para o cliente; o tal do “defeito colocado”!
A tensão de trabalho dos automóveis, na grande maioria, é na faixa de 14 volts, que são controlados por um regulador instalado no alternador, embora em alguns sistemas o regulador fica localizado em um módulo controlador externo, normalmente na UCM, Unidade de Controle do Motor.
Nos veículos que trabalham com bateria de tecnologia AGM, a tensão de trabalho poderá chegar próxima dos 16 volts em alguns momentos! E isso se deve ao software controlador, fazendo com que, no momento das frenagens ou desacelerações, possa aproveitar esses momentos para recuperar a carga da bateria.
De qualquer forma, esse tipo de bateria está preparado para receber este valor de tensão sem que prejudique seu funcionamento.
O que não podemos fazer é utilizar de equipamentos obsoletos para os testes desses tipos de baterias. Para isso existem equipamentos adequados, que fazem os devidos testes com precisão sem prejudicar a bateria internamente.
TESTADOR DIGITAL
São equipamentos digitais que nos entregam alguns valores importantes para que possamos analisar e diagnosticar corretamente. Segue abaixo alguns dados importantes como exemplo:
O CCA – Cold Cranking Amperes – é uma norma utilizada aqui no Brasil e em alguns outros países, porém, devemos verificar a etiqueta da bateria e certificar se nessa bateria consta a norma CCA ou outras; por exemplo, um veículo alemão terá a norma DIN, um veículo japonês terá a norma JIS, e um veículo europeu terá a norma EN, entre outras.
Para qualquer problema reclamado pelo cliente, quando chega em nossa empresa, fazemos os testes iniciais seguindo um protocolo de diagnóstico, que também nós chamamos de Rotina da Triagem.
*As inovações são constantes, por isso devemos estar sempre atentos às novas atualizações dos sistemas e novos possíveis protocolos.
Além de todos os testes preliminares que descrevemos até aqui, é importante observar a comunicação do BMS/IBS, que são pequenos módulos que monitoram vários dados da bateria (quando há a integração desse componente no sistema), e avaliar se há comunicação entre ele e a UC, e entre a UC e o alternador.
Percebeu como é importante conhecermos as estratégias de cada sistema, os protocolos de comunicação entre sistemas, as tecnologias das baterias e suas aplicações? Pois é, o investimento em conhecimento, aprendizado e equipamentos são fundamentais para que possamos progredir e evoluir em nossa profissão que está cada vez mais tecnológica.
O assunto é longo, mas aos poucos vamos detalhando tudo pra você, para que, de alguma forma você possa crescer e evoluir nessa carreira profissional tão apaixonante e desafiadora, cada vez mais.
Um forte abraço, e até a próxima matéria.
Nivaldo Orágio tem 45 anos de experiência, iniciou a carreira em 1979. É Técnico e Instrutor Automotivo, Palestrante de Tecnologias Automotivas. Proprietário de Oficina/Escola de manutenção e projetos de Alta Performance, AFR Motorsport. Possui uma extensão para cursos e treinamentos presenciais e online (EAD), a AFR Education. Canal Orágio Cursos Automotivos no YouTube conta com +430k de inscritos, com +40 milhões de views.
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