Por: Sérgio Duque
Segundo o Ministério da Economia, a redução da previsão de crescimento do PIB para 2023, será por consequência de reflexos do ambiente externo, ainda em recuperação de alguns países que tiveram desempenho abaixo do esperado em 2022 e afetará as previsões para 2023 no segmento da reposição automotiva.
Índice Agregado | Unidade | 2022 | 2023 | 2024 |
IPCA | Variação % | 5,88 | 4,61 | 3,50 |
PIB | Variação % sobre ano anterior | 2,80 | 2,10 | 1,70 |
Dívida Líquida Setor Público | % do PIB | 57,52 | 60,70 | 64,00 |
Balança Comercial | US$ bilhões | 55,00 | 56,00 | 52,00 |
Câmbio | R$/US$ | 5,25 | 5,24 | 5,20 |
Selic | % a.a. | 13,75 | 11,50 | 8,00 |
Investimentos diretos no país | US$ bilhões | 80,00 | 75,00 | 80,00 |
Já a inflação (medida pelo IPCA) deve mesmo se manter em 5,88% contra uma previsão anterior de 6,35% que, segundo a secretaria da economia os principais fatores para a redução do indicador foram “a redução dos preços administrados, a menor pressão dos bens industriais e alimentos e estabilização dos preços de serviços”. Para 2023, a projeção foi alterada para 4,6%.
Para a OCDE Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico, o investimento privado deve apresentar leve redução no início do novo governo no Brasil em 2023, por conta da desconfiança (natural) empresarial, até que as cartas sejam definidas e o novo governo mostre suas intenções claras para o mercado de como pretende administrar sua política econômica. No entanto, mesmo que a previsão seja positiva, sem alteração na política monetária restritiva e com a atual taxa de juros básicos da economia e a política fiscal apertadas, dificilmente o quadro reverterá a tendência dos efeitos dos aumentos dos juros nos próximos meses para conter a inflação.
“Preços mais baixos das commodities e a desaceleração econômica em grandes parceiros comerciais vão reduzir a demanda externa. Condições de crédito mais rigorosas vão limitar o consumo dos lares, como também uma desaceleração na geração de empregos em 2023 no Brasil”, afirma o estudo.
Impactos diretos no setor automotivo
O emplacamento de veículos novos no país em 2023 terá resultados positivos com evolução de 3,6% maior que 2022, que também encerrará o ano com evolução em relação a 2021.
Claro que esses índices impactam diretamente e prontamente no segmento da reparação automotiva, que continuará a receber uma carga aumentada de investimentos dos fabricantes de autopeças, mesmo porque as expectativas de crescimento da frota de veículos novos, faz com que parte da produção de peças seja desviada para a reposição.
O quadro abaixo apresenta a previsão de emplacamentos, e a relação entre os anos de 2021 até 2023:
FROTA EMPLACADA POR SEGMENTO 2021 – 2023
SEGMENTO | 2021 | 2022 | 2023 |
Automóveis | 1.557.957 | 1.535.000 | 1.575.000 |
Comerciais Leves | 416.474 | 380.000 | 400.000 |
Caminhões | 127.357 | 125.000 | 130.000 |
Ônibus | 17.766 | 21.500 | 22.000 |
Máquinas Agrícolas | 47.000 | 45.000 | 48.000 |
Motos | 1.157.369 | 1.350.000 | 1.400.000 |
Implementos | 90.398 | 82.000 | 83.500 |
TOTAL | 3.414.321 | 3.538.500 | 3.658.500 |
Variação em % | 2,2% | 3,6% | 3,4% |
Volume de Negócios para a Reparação Automotiva em 2023
Em 2023 aproximadamente 53,6 milhões de veículos irão demandar serviços e peças na reparação automotiva, gerando um volume de negócios aproximado de R$ 70 bilhões na ponta de consumo.
Neste cálculo não estão incluídos gastos com acessórios e pneus. Mas apenas o valor de peças e serviços em mecânica e funilaria (lanternagem).
Volume de Negócios para a Reparação Automotiva em 2023
Em 2023 aproximadamente 53,6 milhões de veículos irão demandar serviços e peças na reparação automotiva, gerando um volume de negócios aproximado de R$ 70 bilhões na ponta de consumo.
Neste cálculo não estão incluídos gastos com acessórios e pneus. Mas apenas o valor de peças e serviços em mecânica e funilaria (lanternagem).
O mercado de reparação automotiva valorizado em 2023
O faturamento nominal de autopeças para o mercado está estimado encerrar o ano em R$ 180 bilhões deflacionados (estimativa do Sindipeças em novembro 22), sendo que aproximadamente 17% deste montante seguiu para o setor de reposição, ou seja, algo próximo de R$ 31 bilhões. Considerando cálculos tradicionais das margens médias aplicada na cadeia de distribuição (da fábrica até o consumidor final), o montante de dinheiro aplicado na reparação neste ano está estimado em R$ 70 bilhões, só com peças, não incluindo aqui uma parcela entre 20 e 25% adicional mão-de-obra e serviços.
Em 2023 estima-se um incremento entre 6 e 7% neste valor, decorrente da própria relação de demanda proveniente do crescimento natural da frota circulante (todos os segmentos).
Sendo assim, a Audatec Marketing estima que serão gastos R$ 91 bilhões na reparação automotiva, na ponta de consumo, em 2023, em todos os setores do mercado independente e em concessionárias das marcas.
Sergio Duque, * Economista, pós-graduado em Marketing e professor universitário. Há 30 anos atua no mercado de reposição de autopeças