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O setor da reparação de automóveis necessita de constante atualização

As novas tecnologias exigem do profissional da reparação constante atualização e a Bosch esta empenhada em auxiliar o mercado nesta evolução

Por: Edison Ragassi/ Foto: Divulgação

A Robert Bosch é uma das maiores sistemistas do mundo. Além de fornecer para as fabricantes de veículos e para o setor da reparação, ela atua de maneira consistente em todos os elos da cadeia de reposição automotiva, inclusive com a Redes Bosch Car Service e rede Diesel (Bosch Diesel Center, Bosch Diesel Service e Bosch Centro de Direções). Também promove cursos e treinamentos, os quais têm como foco a constante atualização.

Marcelo Gomes, diretor de Vendas da divisão de Reposição Automotiva da Robert Bosch no Brasil, concedeu entrevista exclusiva para a Revista Reparação Automotiva e avisa: “nos próximo 10 anos, a reposição irá mudar”.

Reparação Automotiva: Como está dividida a produção da Bosch? Qual porcentagem da produção é fornecida para as fabricantes de veículos e qual porcentagem para o mercado de reposição independente?

Marcelo Gomes: O setor da mobilidade é responsável por mais de 60% do faturamento da Bosch no mundo e também na América Latina. O fornecimento para montadoras representa uma parcela significativa de nossas vendas, porém o mercado de reposição tem se mostrado resiliente nos últimos anos, assumindo papel importante e estratégico no segmento automotivo da Bosch.

RA: Atualmente qual o total de itens que a Bosch disponibiliza no mercado de reposição?

MG: A Bosch conta com aproximadamente 14 mil itens ativos no portfólio ofertados no Brasil para os segmentos de freios, injeção gasolina e diesel; bem como segmento elétrico, com destaque para alternadores e motores de partida, baterias automotivas estacionárias e motos; sistemas de buzina, filtragem; palheta; velas de ignição; bombas e segmento de direção, além da linha de diagnose e equipamento de testes. 

RA: As restrições provocadas pela pandemia e recentemente a guerra na Europa impactaram na produção da Bosch? Como?

MG: A complexidade logística e de custos causados pela pandemia e recentemente pela restrição de fluxo de material devido à crise entre a Rússia e Ucrânia tem gerado desafios extras, porém temos nos flexibilizados e buscado alternativas de fontes para manter o abastecimento do mercado, respeitando todas as regras impostas pelos sansões internacionais. Além disso, apesar das incertezas que a pandemia trouxe, em 2021 registramos o melhor nível de vendas dos últimos anos. Todos os países da Bosch América Latina registraram um expressivo crescimento no último ano em todos os aspectos. Estamos com nível de eficiência operacional muito grande nas nossas fábricas, o que também está contribuindo para os excelentes resultados.

A grande vantagem da Bosch é atuar em diversos segmentos de negócio. Durante a pandemia, em vários momentos houve dúvidas sobre poder produzir ou atuar no mercado. Enquanto o segmento automotivo parou por alguns meses, as demais divisões de negócios, como o Aftermarket, por exemplo, não pararam. A força da Bosch está na diversificação de portfólio de negócios em vários setores da economia e estamos colhendo os frutos do que fizemos há quatro anos, com a renovação e expansão das nossas áreas de atuação.

RA: São vários os motores que utilizam injeção direta de combustível, sistema fornecido pela Bosch. Como a adoção deste sistema tem impactado no mercado de reposição?

MG: Tudo o que a Bosch desenvolve e fornece para as montadoras acaba impactando, algum tempo depois, no mercado de reposição. Como uma multinacional sistemista, a sinergia entre as áreas (original e de reposição) é muito grande e as engenharias acabam trabalhando em parceria para que as fábricas da reposição também possam produzir os mesmos componentes, peças e sistemas para atender as demandas do mercado.

RA: Nos dias de hoje a Rede Bosch Car Service conta com quantas oficinas no Brasil, para veículos leves e pesados? O processo de expansão atende as expectativas?

MG: A rede Bosch Car Service, com foco no atendimento de veículos leves, conta com cerca de 1000 oficinas no país. Já a rede Diesel (Bosch Diesel Center, Bosch Diesel Service e Bosch Centro de Direções) totaliza 500 oficinas. Temos trabalhado junto aos nossos parceiros na constante atualização tecnológica e nos mais altos níveis de desenvolvimento de padrões de qualidade e sistemas de informação, buscando manter uma rede altamente qualificada e fortalecida para enfrentar os desafios atuais, as tendências tecnológicas, o perfil de usuários e frotistas. As oficinas estão preparadas para atender as necessidades e exigências dos clientes em um único lugar, dentro do conceito “de para-choque a para-choque”, com a confiança, a qualidade, a tecnologia e o know-how que a marca Bosch tem no mercado, oferecendo produtos e serviços rápidos e precisos, equipamentos de última geração, profissionais qualificados pela empresa e garantia de peças originais. Vale destacar ainda que também contamos com oficinas com conceitos especialistas denominados Módulos e Original Auto Center e, direcionado para o varejo, temos um programa de relacionamento, assim, totalizamos mais de 9000 parceiros de negócios no país.

RA: Os negócios da Bosch na reposição cresceram por causa da falta de veículos novos no mercado?

MG: Para a divisão de Reposição Automotiva da Bosch, o crescimento tem ocorrido de forma consistente nos últimos anos por conta da estratégia baseada no conceito “Parts, Diagnostic & Service” (Peças, Diagnostico e Serviços), cujo foco é integração de todos os níveis dentro do setor de reposição automotiva, além das nossas ações de geração de demanda nos vários níveis da cadeia e esforço constante para manter a disponibilidade de produtos no mercado, apesar dos desafios, entre eles logísticos e de custos. Vale destacar que avaliamos continuamente o mercado e as oportunidades. Neste sentido, buscamos identificar as tendências e as expectativas do segmento, para assim definir as ações de médio e longo prazo, investindo todos os nossos recursos apropriadamente na cadeia de distribuição. Para 2022, esperamos manter esse mesmo ritmo de crescimento.

RA: Como a Bosch projeta o mercado de reposição independente nos próximos 10 anos?

MG: O setor automotivo está em constante evolução e o mercado de reposição acompanha essas tendências que transformam toda a cadeia. Os próximos 10 anos serão de mudanças e, sobretudo, de consolidação de temas já conhecidos hoje, como: eletrificação e automação, conectividade, digitalização, mudança do perfil de proprietário para usuário de mobilidade e seus impactos.

O mercado de reposição independente terá que entender que o portfólio de produtos ofertado, por exemplo, irá mudar e que as oficinas mecânicas, varejos e distribuidores deverão estar familiarizados com toda essa transformação para garantir a competitividade no setor.

Nosso principal desafio é responder de forma rápida às demandas mercadológicas e, principalmente, continuar sendo um grande parceiro para toda a nossa cadeia de distribuição e de serviços. Assim, direcionamos nossos esforços no investimento em todos os níveis da cadeia, com o fortalecimento de nossas relações de negócios com a distribuição, além de desenvolvimento e qualificação de nossa rede de serviços por meio de atualização tecnológica contínua, bem como em sistemas de gestão e dados, treinamentos, sistema de diagnóstico e equipamento de testes. Tudo isso para continuar a ser a principal opção de parceria para a rede de reparadores no Brasil.

RA: O trabalho do reparador independente é intenso, repleto de desafios. Como a Bosch auxilia este profissional?

MG: A Bosch orienta os reparadores sobre a importância de buscar constantemente o desenvolvimento e atualização tecnológica e de competências por meio de diferentes capacitações, a fim de conhecer as soluções completas para cada necessidade. Por isso, levar o conhecimento e ajudar a preparar os profissionais que atuam no setor está entre os nossos principais objetivos, sendo isto fomentado pelo amplo portfólio de treinamentos técnicos e de gestão que disponibilizamos de acordo com as tendências do mercado.

O relacionamento da Bosch com os profissionais da reparação é baseado na confiança mútua e no respaldo em termos de marca, estrutura e serviços. Para isso, investimos muito na capacitação técnica de nosso time e na comunicação constante e próxima com os reparadores, disponibilizando conteúdos relevantes para utilização no dia a dia.

RA: Quais os programas de treinamentos que a Bosch oferece para os reparadores independentes?

MG: A diversidade do setor automotivo exige atualização constante, por isso a Bosch está sempre atenta à evolução do mercado e à importância da capacitação profissional para o desenvolvimento dos negócios e serviços de reparação.

Uma das plataformas que a Bosch disponibiliza para os profissionais da reparação é o programa Super Profissionais Bosch, que tem mais de 20 anos de existência e o objetivo de disponibilizar informações técnicas e dicas para os profissionais do mercado de reposição. Além de treinamentos técnicos e comerciais alinhados com as exigências do setor, o programa está disponível em uma plataforma totalmente online com vídeos interativos, fórum de discussões, recomendações de especialistas e uma biblioteca com material para download. A vantagem desse formato é que tudo isso pode ser acessado a qualquer hora e lugar por meio do celular, notebook ou tablet. O reparador passa a ter na palma da mão conteúdos exclusivos, gratuitos e com certificado para sua qualificação profissional.

Além do Super Profissionais, a Bosch também possui o Centro de Treinamento Automotivo (CTA), com estrutura localizada em Campinas, cujo objetivo é levar o amplo know-how em reparação automotiva até os profissionais do setor automotivo por meio de uma grade extensa de cursos e treinamentos técnicos voltados para diferentes perfis e necessidades. Por conta da Covid-19, a Bosch buscou novas formas de inovar em seus conteúdos e, por isso, o CTA investiu em cursos de forma on-line e em plataformas interativas, que possibilitou levar o conhecimento técnico e prático, além de permitir a troca de experiências entre os usuários, da mesma forma que ocorria nos treinamentos presenciais. Atualmente, acreditamos que o formato híbrido de treinamentos e eventos voltados à capacitação profissional estarão cada vez mais presentes. Vale mencionar ainda que mantemos acordos de cooperação com o Senai e outras Escolas Técnicas disponíveis em toda a América Latina.

RA: O negócio reparação de automóveis é promissor, mesmo com a chegada dos veículos elétricos que necessitam muito menos de manutenção?

MG: A conectividade, a eletrificação e a automação estarão cada vez mais presentes nos carros, que passarão a ter sistemas que visam melhorar a segurança no trânsito e a experiência do usuário em seu dia a dia, principalmente nos grandes centros urbanos. Com isso, tanto os profissionais quanto as oficinas mecânicas deverão estar aptos para acompanharem essas mudanças e tendências tecnológicas.

É certo que com menos acidentes, teremos uma redução nos serviços, especialmente funilaria e pintura. Mas é muito importante reforçar que o mercado de oficinas e autopeças precisará se atualizar diante das novas tecnologias. A experiência do usuário, a conectividade e a Internet das Coisas estão entre os temas que estão em alta e que o setor de reposição automotiva terá que estar familiarizado.

Assim, para acompanhar o desenvolvimento dos veículos, as oficinas precisam investir em equipamentos de diagnose com tecnologias avançadas e adequadas à realidade e tendências do mercado automotivo. Somado a isso, também é fundamental realizar investimento constante em capacitação e atualização técnicas, afinal, o setor de mobilidade é dinâmico e há cada vez mais inovações sendo incorporadas nos automóveis. Neste sentido, é imprescindível que o profissional esteja preparado e saiba como realizar os serviços de manutenção e reparação de forma assertiva e com qualidade, considerando toda a diversidade da frota circulante no Brasil, pois existem diferenças para efetuar a troca de uma pastilha de freio em um veículo convencional em relação ao veículo híbrido, por exemplo.

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