Empresa especializada no comércio de itens para motor e suspensão, a SERRAF completa três décadas de atividades e investe para continuar a crescer
Por: Edison Ragassi/ Foto: Divulgação
Fundada em 1992, a SERRAF é uma empresa especializada na distribuição de peças automotivas para motores, suspensão, freios, produtos químicos e lubrificantes. O fundador e atual CEO, Julio Baeta Serra Filho, relembra como a empresa começou as atividades. “O nome SERRAF vem de Serra Filho. Na oportunidade eu trabalhava com a minha família, descendentes de italianos, portugueses e espanhóis e senti que não poderia crescer como havia planejado, sendo assim, decidi viver um desafio novo na vida, abrir a minha empresa”.
Esta decisão não foi bem aceita pelo pai e neste momento Julio viveu uma situação semelhante à do piloto austríaco Niki Lauda três vezes campeão mundial na F1. Quando Lauda decidiu ser piloto profissional, seu pai um influente industrial da Áustria, afirmou que ele iria caminhar com os próprios recursos. “Meu pai ficou muito chateado com a minha decisão, ele disse que eu não teria ajuda nenhuma”.
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E o executivo que trabalhava desde os 9 anos de idade com o avô em Portugal, não desistiu de seu principal objetivo. No dia 18 de setembro de 1992, a SERRAF entrou em atividade. “Não tinha dinheiro pra nada, então usei a criatividade para alavancar o negócio. Passava nas oficinas e nas retificas pedindo para guardarem as embalagens, assim o cliente chegava na loja, via a prateleira cheia e fazia o pedido, eu ia ao atacadista e comprava a peça e revendia. Foi uma luta, passei por várias situações que me ensinaram e hoje este trabalho está recompensado, pois temos 18 lojas e projetos para ampliar. Temos mais de 170 colaboradores e ainda os terceirizados, são muitas famílias que dependem do nosso modelo de atitude da empresa”.
Todo empresário e empreendedor, enfrenta dificuldades ao iniciar o negócio, porém, é necessário aprender com estes percalços. “O que tenho de maior valor na empresa é o ser humano, os colaboradores são o maior patrimônio da SERRAF. A minha alegria é ver todos os dias as pessoas crescerem, o Grupo crescer dentro da ética e com os valores familiares. E temos muito ainda a crescer e realizar”, exalta ele com orgulho.
Preparada para o futuro
A SERRAF nasceu como uma empresa especializada na venda de componentes e peças para motor, porém há oito anos, especializou-se também em itens de suspensão e freios. “Atualmente, 85% do faturamento vem da venda de componentes de motor, porém, a estratégia de suspensão e freio surgiu com a entrada dos carros elétricos, isso porque o carro elétrico tem os itens de undercar semelhantes aos de um modelo com motor a combustão interna. Eu precisava entender esta nova onda da mobilidade e assim deixar para as futuras gerações uma empresa saudável, mas hoje não há dúvida, o que sempre acreditei, seja lá qual for o setor, que para oferecer um atendimento de qualidade é necessário se especializar, isso acontece no mundo todo. Hoje temos cirurgião que opera o pé direito, mas não opera o pé esquerdo. Há cirurgiões vasculares, de cabeça e pescoço, enfim são especialistas em sua área. No segmento de autopeças e reparação de veículos não é diferente, o número de modelos de carros aumenta todo dia é quase impossível atender a todos e ter qualidade. Por isso me especializei em itens de motor, eu acredito que trabalhar sem especialização será impraticável”.
Nos últimos anos, os motores a combustão interna evoluíram, passaram a utilizar turbo, injeção direta de combustível, entre outras soluções. Para manter-se atualizado, Julio consulta o mercado e a indústria em geral. “Eu durmo e acordo pensando na empresa, eu respiro o setor e acompanho o planejamento do parque industrial, hoje não saberia viver sem a SERRAF, toda a minha vida é a empresa, todo dia acordo de manhã e venho trabalhar com muita felicidade”.
A eletrificação e o mercado de reposição
A indústria automobilística está sempre em busca da evolução e a nova ‘onda’ é o carro elétrico ou eletrificado, apesar de alguns países europeus já determinarem o fim da fabricação de motores a combustão, o caminho da mobilidade sustentável ainda não está definido. “Eu estive na Automechanika Frankfurt (mostra de autopeças alemã que aconteceu de 13 a 17 de setembro), e procurei visitar o maior número de estandes possíveis e o que observei é que havia pouco material voltado para carro elétrico, mas presenciei 95% das fábricas apresentando projetos para carros com motor a combustão, porém com a tendência do sistema de propulsão hibrido. A busca pela eletrificação também passa pela procura de combustíveis limpos e nós temos no Brasil o Etanol. Um carro híbrido hoje chega a fazer 30 km/l e reduz mais de 50% da emissão de poluentes. Além disso, os motores a combustão com catalisador, injeção direta e outras soluções reduz muito a emissão de gases tóxicos. Por isso acredito que teremos um mercado de carros elétricos, semelhante ao dos modelos premium de hoje. Nós que trabalhamos na reposição precisamos ficar atentos a esta tendência, porém com um olhar mais intensificado nos modelos híbridos”.
A empresa cresceu mesmo com a pandemia
Recentemente, todos os segmentos de mercado foram afetados por causa das restrições causadas pela pandemia. Foram várias as consequências, como por exemplo, a falta de insumos, matéria-prima, componentes e peças, entre outros. “Foi uma situação inesperada, não havíamos passado por isso anteriormente e tivemos que buscar alternativas, porém não deixamos de crescer. Eu brinco que temos ‘nossos bois amarrados na prateleira’. Não tenho investimentos em outros setores, a SERRAF tem entre 60 a 70% de sede própria, nosso objetivo é de chegar em 2025 com 100% de sede própria, essa é minha filosofia, investir na empresa e no estoque, por isso saímos na frente para atender a demanda que cresceu. Ainda enfrentamos problemas de abastecimento, principalmente para repor o estoque, mas estamos conseguindo atender com qualidade os clientes”.
Este sucesso alcançado e a capacidade de passar de maneira saudável por adversidades, Julio credita também ao pátio brasileiro de autopeças. “Nossa indústria de autopeças é grande não só no Brasil, mas também no mundo. Hoje temos tecnologia para produzir e entregar componentes de qualidade em qualquer mercado. As tecnologias chegam de maneira rápida ao país. Quem exportava muito na América Latina era a Argentina, mas com os problemas enfrentados pelo país vizinho e o amadurecimento da nossa indústria, ela aprendeu a exportar. O valor do dólar para a exportação está bem interessante, além dos custos tributáveis, por isso as fábricas recebem muitos pedidos para vender no exterior, isso também contribui para que ocorra falta de alguns componentes no mercado interno”, avalia ele.
Mas esta condição de o Brasil despertar para as exportações e ganhar mercados, segundo o CEO da SERRAF não atrapalha os planos de crescimento que ele projeta para a empresa. “O distribuidor precisa investir em estoque. O distribuidor precisa entender que sua posição é a de atender o mercado, enquanto que a fábrica tem outras obrigações, ela precisa investir em tecnologia, evolução e desenvolvimento de produtos, investir em máquinas, aprimoramento das pessoas. Já o distribuidor tem que ter estoque alto e não pensar que a fábrica é o seu estoque. Quanto mais a fábrica tiver dificuldade em entregar, mais o distribuidor terá a oportunidade de abastecer o mercado”.
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Formação de profissionais
O mercado de reposição automotiva tem características próprias, o que dificulta para encontrar mão de obra qualificada, porém, dentro da política de valorizar o funcionário, a SERRAF mantém um programa de formação. “Nós criamos uma situação de captar pessoas em outros mercados e desenvolver, além disso, nos próximos meses vamos ampliar a área de marketing, com mais pessoas desenvolvendo o pós-vendas e também com um braço para desenvolver líderes, porque através do líder nós vamos formar pessoas especialistas. O líder vai ter a capacidade de identificar, por exemplo, o atendente da padaria que tem potencial para trabalhar com autopeças e assim por diante. Eu faço isso, já convidei o garçom, o atendente do supermercado, aquele que tem o brilho nos olhos e vontade para crescer. Nosso setor é muito promissor e precisamos de pessoas que tenham valores e vontade de crescer”.
Reparadores evoluem junto com o mercado
Desde a fundação, a SERRAF tem como meta atender bem, ser referência e no caso, o principal cliente é o reparador de automóveis. “Por isso nós nos especializamos em itens de motor e mais recentemente em componentes de suspensão e freios. Temos um caminho longo de amadurecimento desde a prestação de serviço dos reparadores, eles estão entendendo que é necessário fazer cursos, treinamentos, investir em equipamentos, nós tínhamos uma qualidade de serviços abaixo do razoável, mas isso está mudando. Conforme os carros estão se modernizando, os profissionais da reparação de automóveis se modernizam também, até porque o dono do automóvel está amadurecendo. Ele tem a informação na Internet, ele pesquisa, procura as melhores oficinas. Já para facilitar e contribuir com o reparador e evitar a troca de peças, nós na SERRAF temos um programa que é gerenciado por um software, o qual identifica a peça correta. Este programa premia o vendedor que faz a venda certa. Caso o pedido não tenha as informações de aplicação, ele prefere não vender e assim evitar o retorno para trocar a peça. A troca da peça, porque foi comprada errada, não é bom para quem vende, não é bom para o reparador e também para o dono do veículo”, enfatiza.
O empresário e empreendedor Julio Baeta Serra Filho, se dedica ao mercado de reposição de autopeças há mais de 30 anos. Ele acredita no potencial do segmento e na indústria nacional. “Nós precisamos gerar empregos no Brasil, eu tenho uma alegria imensa de comercializar produtos fabricados no nosso país, eu peço para as indústrias brasileiras colocarem a bandeira do Brasil nas embalagens, incentivo meus vendedores a reforçarem que o produto é brasileiro. Eu amo o Brasil e vou continuar lutando para gerar empregos no Brasil. Nós vivemos o melhor momento e a indústria brasileira de autopeças está de parabéns, quem acreditar vai crescer muito. Vamos em frente com muita alegria e vontade de trabalhar”, finaliza com muito otimismo e esperança Julio Baeta Serra Filho, CEO da SERRAF.