Feira mostra os avanços das montadoras no transporte de carga e passageiros elétrico
Por: Alexandre Akashi/ Fotos: Divulgação
Os caminhões elétricos são um caminho sem volta no futuro da mobilidade humana sobre a Terra. Pode levar mais 30 anos até que o Brasil tenha a infraestrutura necessária para atender uma grande demanda de consumidores de veículos elétricos, porém, para os fabricantes de veículos e sistemas automotivos o transporte elétrico já é um fato.
Este foi o recado dado pelas montadoras participantes da edição deste ano da Fenatran. JAC Motors, DAF, Mercedes-Benz, Ford e Volvo apresentaram modelos eletrificados de picapes, vans e caminhões urbanos e interurbanos, alguns prontos para o mercado nacional, outros ainda em fase de estudo e desenvolvimento.
Há uma única certeza: o futuro do transporte é elétrico. Adriano Rishi, presidente da Cummins do Brasil, comenta que até a popularização dos veículos elétricos, diversas tecnologias devem ser utilizadas. “Vemos uma diversidade de tecnologias para cooperar com toda a rota de descarbonização, que vão fazer sentido na linha do tempo em diferentes momentos; a tecnologia certa na hora certa, e que faça sentido para o usuário final”, comenta Rischi.
O executivo explica que o setor da mobilidade vai passar por diversas tecnologias até chegar ao transporte elétrico. “Vamos ver tecnologias cada vez mais presentes como o GNV, o biodiesel, o HVO(diesel sintético), passando por motores utilizando hidrogênio como combustível, e mais para frente o hidrogênio para célula a combustível. Além disso, nesse meio tempo, vemos os veículos leves para entrega urbana 100% elétrico”.
É nesse segmento de transporte elétrico que a JAC Motors aposta as fichas, com o lançamento do furgão 100% elétrico JAC E-JV 5,5. Com motor de 204 cv e 295 Nm, movido por bateria de 50,2 kWh de capacidade, tem autonomia de até 300 km e 5,5 m³ de espaço de carga, para transporte de até 805 kg. Juntamente com o furgão, a marca apresentou uma van elétrica, de sete lugares, a JAC E-JV 7L, com o mesmo conjunto de motor e bateria.

Outro modelo apresentado é a nova geração da picape elétrica JAC E-JP 8, que teve o motor reposicionado do cofre dianteiro para o eixo traseiro, sob a caçamba, o que segundo a JAC diminui sensivelmente as perdas mecânicas que eram geradas pelo eixo-cardã , peça que deixa de existir. Dotada de baterias de fosfato de ferro-lítio com 65,3 kWh de capacidade máxima de carga, a picape da JAC possui agora um motor com 204 cv de potência e 295 Nm de torque e acelera de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos

Já toda a parte interna da JAC E-JP 8 foi redesenhada. Além de contar com recursos habituais em modelos da marca, como direção eletro-hidráulica, luzes diurnas DRL, trio elétrico e ar-condicionado automático, um dos destaques surge na central multimídia com tela de 10,25 polegadas, que incorpora câmera de ré.
No segmento de caminhões, o destaque da JAC foi o semi-pesado JAC E-JT 18,0, oferecido em versões urbana e rodoviária, que podem variar o comprimento total (7,20 m ou 8,12 m), onde na versão mais longa é possível instalar o terceiro eixo.
O novo caminhão elétrico de 18 toneladas de PBT possui packs modulares de baterias, para maior ou menor autonomia. Para a versão urbana, onde não há necessidade de percorrer grandes distâncias diárias, a recomendação é o uso de uma bateria de 141 kWh de capacidade máxima de fosfato de ferro-lítio, da CATL (maior fabricante mundial de baterias, que detém 34% da produção mundial). Nesse modelo, o E-JT 18,0 pode rodar até 400 km. Ou 250 km com meia carga. Ou ainda 175 km com PBT.

Já a versão rodoviária conta com o dobro de capacidade de carga – 282 kWh –, que estende a autonomia para 650 km. Com meia carga, ele alcança 500 km. Se estiver com carga útil máxima, a autonomia cai para 350 km. Em ambos os modelos, urbano ou rodoviário, o cliente pode requisitar a versão com 3º eixo, o que amplia o PBT para 26 ton e pode ter diversas aplicações, como coleta de lixo urbana ou betoneira.
As duas opções do JAC E-JT 18,0 são impulsionadas por um motor 100% elétrico que desenvolve 225 cv de potência, com 1.000 Nm de torque máximo. Acoplado ao motor elétrico, o modelo possui um câmbio automático de seis marchas. É uma forma de garantir arrancadas sem consumir tanta energia elétrica, pois o motor teria torque para impulsioná-lo.
Ford
Sucesso no mercado norte-americano e na Europa, a Ford apresentou ao consumidor brasileiro a E-Transit 100% elétrica, que começa a ser oferecida na versão furgão em um programa com grandes frotistas para entender as necessidades desse tipo de consumidor, assim como as condições de uso e recarga, de modo a entregar a melhor opção de negócio.
A E-Transit 100% elétrica tem tração traseira, bateria de íons de lítio tem 68 quilowatts e proporciona uma autonomia máxima de 317 km (método WLTP) dependendo da versão, ambiente e modo de uso.

A bateria instalada no assoalho e outras soluções de design preservam o espaço para carga, assim como a durabilidade e a facilidade de modificação. Ela pode ser carregada tanto em corrente contínua, de modo rápido, como em corrente alternada.
Outra vantagem é o custo total de operação 40% menor, por ter menor quantidade de peças de desgaste e utilizar energia elétrica.
DAF
A DAF Caminhões apresentou o DAF LF Electric 100% elétrico, com autonomia de 280 quilômetros. O LF Electric tem capacidade de 19 toneladas, motor elétrico de 260 kW (370 kW de potência de pico), alimentado por uma bateria de 282 kWh (252 kWh eficazes). O modelo ainda tem sistema de carregamento rápido e está apresentado na configuração 4×2. O LF Elétrico já está sendo entregue a clientes na Europa, mas ainda sem previsão de venda no Brasil.
Mercedes-Benz
Também sem previsão de comercialização no Brasil, o Mercedes-Benz eActros, caminhão elétrico a bateria para o transporte pesado nas cidades e nas estradas, é o mais recente lançamento mundial da marca, que trouxe para a Fenatran um exemplar do novo cavalo mecânico elétrico, apresentado no IAA, em Hannover, na Alemanha, em setembro.
O eActros 300 cavalo mecânico terá início de produção em série no segundo semestre de 2023. É indicado para várias aplicações na distribuição pesada, podendo tracionar os semirreboques europeus mais comuns, com o comprimento máximo permitido.
A peça central tecnológica é o trem de força, um eixo rígido elétrico com dois motores elétricos integrados e transmissão de duas marchas. Os dois motores montados no eixo traseiro geram uma potência contínua de 330 kW e uma potência máxima de 400 kW.
O fornecimento direto de torque dos motores elétricos, aliado à transmissão de duas marchas, garante aceleração potente, conforto de condução impressionante e uma condução mais relaxada. Três baterias estão instaladas, cada uma com capacidade de 112 kWh. A autonomia é de até 220 quilômetros, com sistema que possibilita recuperar energia elétrica e aumentar a autonomia.

O cavalo mecânico alimentado por bateria pode ser carregado com até 160 kW. Os três conjuntos de baterias levam pouco mais de uma hora para recarregarem de 20% a 80% em uma estação de carregamento rápido CC padrão com corrente de carregamento de 400 A.
Volvo
A Volvo levou para a Fenatran 2022 um caminhão pesado 100% elétrico. Com zero emissões, o FM Electric é um veículo para distribuição urbana e regional, com autonomia de até 300 quilômetros. Ainda não há data de início de comercialização no País. Mas, em breve, o modelo participará de testes com transportadores brasileiros em diferentes operações.

O FM Electric tem opções com PBTC (Peso Bruto Total Combinado) de até 44 toneladas. Pode ser equipado com pacotes de duas a seis baterias (180-540 kWh), dependendo do tipo de aplicação a que for destinado. Com suspensão a ar em todos os eixos, é dotado de freios de regeneração (recupera a energia quando o freio é acionado).
Ao fim da jornada diária de trabalho pode ter carregamento noturno com corrente alternada, em estações de abastecimento no pátio da transportadora. Como alternativa, podem ser feitas recargas rápidas em corrente contínua.
O FM Electric tem potência de até 490 kW (660hp). Equipado com caixa de câmbio I-Shift, é um veículo para uma série de diferentes operações: desde o transporte de produtos industrializados, cargas refrigeradas, alimentos e bebidas, até bens de consumo e hortifrutigranjeiros, podendo ser implementado com baú ou sider, em carretas de dois ou três eixos.