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Características técnicas dos câmbios Hyundai e Kia de Dupla Embreagem 

Conheça a maneira correta de realizar as manutenções nos câmbios D7GF1/D7UF1 Hyundai e Kia de Dupla Embreagem 

Os câmbios Hyundai e Kia de Dupla Embreagem tem se tornado cada vez mais comuns, com o objetivo de aumentar o desempenho e melhorar a eficiência no aproveitamento do combustível. A ausência de um conversor de torque reduz significativamente o consumo para o motor, bem como a ausência de uma bomba acionada pelo motor (nas transmissões de embreagem seca). Também, a transferência de torque diretamente por meios mecânicos através das engrenagens produz uma perda muito menor quando comparada às transmissões automáticas convencionais.

Devido a estes atributos, elas encontraram seu nicho no mundo das transmissões atuais. A Hyundai/Kia capitalizou as vantagens deste tipo de transmissão de dupla embreagem com sua aplicação de 7 velocidades, já em produção por cerca de 10 anos. Recentemente, estes veículos tem aparecido com mais frequência nas oficinas independentes, após o período de garantia, com alguns problemas em comum. Assim, vale se familiarizar com estas transmissões para alguns serviços nelas!

UMA VISÃO DA UNIDADE

As transmissões D7GF1 e D7UF1 possuem 7 velocidades, dupla embreagem seca (DCT), com trocas manuais e automáticas. Elas são fabricadas pela divisão de powertrain (Hyundai Powertech) da Hyundai Motors. A transmissão D7GF1 é utilizada em veículos de potência menor, de baixo torque, enquanto que a transmissão D7UF1 tem uma capacidade de torque maior (Figuras 1 e 2). Note que estas unidades possuem diferenças de relação de marchas consideráveis, baseadas em suas aplicações.

Figura 1: Tabela de aplicação das transmissões KIA/Hyundai DCT

A transmissão DCT permite que as marchas sejam selecionadas em sequencia e pré engatadas, enquanto operam em uma marcha diferente. Ela utiliza servos elétricos e motores como atuadores para controlar a operação das embreagens e mudanças de marchas. Um módulo de controle da transmissão (TCM) dedicado envia sinais para os atuadores na transmissão. O torque do motor é transferido através de uma embreagem dupla seca (sem atuação hidráulica), acoplada à um volante de dupla massa.

Figura 2: Estas unidades se parecem muito entre si externamente porém são significativamente diferentes internamente. É muito importante casar as aplicações de acordo com o número do chassis. 

OS COMPONENTES

Diferente de outras transmissões DCT, as unidades Hyundai/Kia utilizam servos eletro mecânicos, motores e solenoides para controlar as mudanças de marcha e operação das embreagens. Dois atuadores (atuador da embreagem e das mudanças de marcha) controlam todas as funções necessárias para operar a transmissão. Ambos os atuadores são passíveis de reparo sem a necessidade de se remover a transmissão do veículo.

O atuador da embreagem possui dois servos elétricos equipados com sensores de posição internos. O TCM comanda os servos para operarem as embreagens durante a movimentação dos veículos e das mudanças de marchas. O atuador de marcha possui dois motores de mudança, dois solenoides de seleção, e quatro sensores para monitorarem cada componente. Adicionalmente, dois sensores de rotação de entrada dos eixos primários informam o TCM quanto à atuação precisa das embreagens e das mudanças. A unidade também é equipada com uma chave inibidora. Todos os atuadores e sensores são passíveis de reparo, sem que seja preciso remover a transmissão.

As transmissões DCT de 7 marchas utilizam um volante de dupla massa. A inspeção do volante quando a transmissão é retirada para reparos é essencial para o bom funcionamento do conjunto da embreagem. Inspecione o volante quanto a excessivo movimento lateral. Molas de amortecimento quebradas ou danificadas, e dentes de acionamento desgastados. Um volante defeituoso pode ocasionar ruídos e vibrações indesejáveis, durante seu funcionamento.

O módulo TCM controla o movimento do veículo e as mudanças de marcha comandando os atuadores de acordo com os sinais de entrada produzidos pelo motorista e informações dos sensores. O TCM utiliza sinais de entrada do motorista, ECU do motor, unidade de controle de deslizamento, e outros sensores para determinar a atuação da embreagem e seleção de marchas.

CONJUNTO ATUADOR DE MARCHAS

O TCM controla a seleção de marchas através da operação do conjunto Atuador das Marchas. O atuador consiste de dois motores e dois solenoides que acionam as hastes internas na transmissão, operando garfos separados (Figura 3) de maneira independente.

 Enquanto os motores de engate são idênticos, os conectores são diferentes, para que não se possa trocar os motores com a finalidade de testá-los. O conjunto dos atuadores das marchas é vendido como um componente separado. Os motores individuais, sensores ou solenoides não estão disponíveis separadamente até o presente momento.

Figura 3: O Atuador das marchas consiste de 2 motores de engate, dois motores seletores e 4 sensores de efeito Hall. O eixo seletor deverá estar na posição Neutra ao instalar o conjunto na transmissão. Veja que os anéis de vedação estejam em seus lugares corretos.

CONJUNTO DOS ATUADORES DAS EMBREAGENS

O Conjunto dos Atuadores das Embreagens é um dispositivo eletro mecânico que opera o conjunto da embreagem dupla. Dois servos elétricos atuam nos garfos individuais das embreagens, funcionando apoiados em rolamentos. Os garfos das embreagens aplicam e liberam as embreagens alternadamente. Os servos operados eletricamente recebem comando do TCM, sincronizando as aplicações e a liberação das embreagens de acordo com a seleção de marcha comandada.O conjunto é fixado por parafusos à transmissão, próximo ao radiador do veículo. As hastes atuadoras engatam nos garfos das embreagens na carcaça da transmissão, enquanto que uma proteção removível cobre as hastes dos atuadores e abertura dos garfos de engate. O conjunto do atuador das embreagens é projetado para se ajustar mecanicamente ao desgaste das embreagens. Como resultado, o comprimento das hastes individualmente diminui à medida que as embreagens se desgastam.

PROCEDIMENTO DE SERVIÇO

Assim como a maioria das Embreagens Duplas Secas, a embreagem precisa ser substituída em algum momento da vida útil do veículo. Este serviço provavelmente será executado nas oficinas especializadas em transmissões automáticas e automatizadas, fora da rede de concessionários.

A remoção e instalação do conjunto da embreagem dupla é um serviço sem muitas dificuldades. As ferramentas especiais estão disponíveis para esta finalidade, porém não são indispensáveis. Os kits de embreagem estão disponíveis no mercado de reposição independente, bem como nas concessionárias.

Patrocínio: Monroe Amortecedores

Após substituir o conjunto da embreagem, alguns procedimentos essenciais devem ser seguidos para finalizar corretamente o trabalho. O atuador da embreagem precisa ser reposicionado baseado nos reparos, conforme a seguinte sequencia:

1.  Se uma nova embreagem e um novo atuador da embreagem forem instalados, execute o procedimento de reaprendizado da embreagem. Um novo atuador da embreagem vem pré ajustado “zerado de fábrica”, o que corresponde à um novo conjunto de embreagem.

2. Se um novo conjunto de embreagem foi instalado utilizando o atuador de embreagem original, execute o procedimento “zero de fábrica” no conjunto atuador da embreagem, e então complete o procedimento de reaprendizado da embreagem.

3. Se somente o atuador de embreagem for substituído, e a embreagem original for reutilizada, meça o comprimento das hastes dos servos de aplicação e ajuste as hastes dos atuadores de embreagem para casar com os valores originais. Execute então, o procedimento de reaprendizado da embreagem.

AJUSTES DO ATUADOR DA EMBREAGEM

O conjunto do atuador da embreagem é ajustável. Existem ferramentas especiais de fábrica para este fim; contudo, nem todas são necessárias. O objetivo de ajustar o atuador é para resetar o comprimento das hastes para o ajuste zero de fábrica ou para casar o comprimento das hastes originais dos atuadores (quando se substituir um atuador usado).

Figura 4: Para ajustar o comprimento das hastes dos atuadores, remova os tampões no corpo do atuador e instale a ferramenta especial (Número de peça Kia 09430-C1300). Empurre a haste para dentro para expor o rasgo da chaveta na abertura, instale a ferramenta, e então gire-a para aumentar ou diminuir seu comprimento.

Uma ferramenta especial para ajuste das hastes é recomendada (figura 4). Primeiro, remova o atuador da embreagem da transmissão para medição e ajuste das hastes. Então, uma ferramenta especial é inserida em uma chaveta no corpo do atuador para cada servo. Ela deverá ser girada para aumentar ou diminuir o comprimento das hastes. A ferramenta especial deve ser removida para medição do comprimento que foi ajustado. Se o conjunto do atuador da embreagem for substituído devido a defeitos funcionais ou outros motivos, meça o comprimento das hastes do atuador que está sendo retirado (Figura 5). Utilize um paquímetro para medir da base da carcaça do atuador até a extremidade da haste. Puxe a haste durante o processo de medição. Ajuste então os comprimentos das hastes (dimensão A na figura 5) no atuador de reposição a fim de que suas hastes fiquem com o mesmo comprimento do atuador reposto.

Figura 5: Desgaste no corpo do atuador onde os acumuladores dos atuadores funcionam é muito comum e causa problemas intermitentes de qualidade de engate bem como embreagem queimada.

Ao substituir o conjunto da dupla embreagem e utilizar o atuador original, deve-se resetar o comprimento das hastes (dimensão A da figura 5) no conjunto que está sendo instalado, para casar com a medição anterior, que deve ser “zero de fábrica”. O comprimento “zero de fábrica” para todas as aplicações das transmissões Kia/Hyundai de 7 velocidades é de 71,5 mm a 72,5 mm. consulte o boletim TRA085 Kia para detalhes dos procedimentos de ajuste.

Sempre que se substituir ou ajustar o conjunto do atuador da embreagem, se substituir o conjunto da dupla embreagem, ou se substituir o atuador de marchas, o procedimento de reaprendizado da embreagem dupla deve ser executado.  O processo permite que o TCM determine os pontos de toque das embreagens para controle de inicio de movimento do veículo e controle de mudanças. O procedimento de aprendizado da embreagem é obtido utilizando-se um scanner com seu devido programa atualizado. O equipamento fornece comandos e instruções a serem seguidas.

Para preparar o veículo para o processo, execute os passos a seguir:
•Certifique-se que a ignição esteja LIGADA (motor desligado) ou o HEV não esteja pronto.
• O veiculo deverá estar com a alavanca em PARK.
• Não pise no freio

Note que a função de aprendizado deverá ser tentada somente UMA VEZ por ciclo de ignição! Para tentativas subsequentes, cicle a ignição para OFF e então para ON novamente.

O primeiro estágio da função de aprendizado é estático. Ele leva até 60 segundos, e então autoriza a funcionar o veículo ou posicionar o HEV em estado de “PRONTO”.

• Mantenha o veículo em PARK.
• Não pressione o pedal de freio ou o pedal do acelerador.

Após o teste estático estar completo, você será autorizado pelo sistema a acionar o veículo para o aprendizado dinâmico.

O procedimento de aprendizado dinâmico levará até 60 segundos para se completar. Durante esse tempo, o computador estabelecerá os pontos de toque das 2 embreagens modulando os 2 atuadores das embreagens. Algumas batidas poderão ser sentidas durante este teste. Quando terminar, o scanner informará o técnico que o procedimento foi completado satisfatoriamente e autorizará a desligar a ignição aguardando 30 segundos pelo menos. Durante este tempo, os módulos estão registrando os dados aprendidos em suas memórias. Caso este tempo não seja observado (pelo menos 30 segundos com a ignição desligada), pode resultar em perda e corrupção dos dados registrados! 

A seguir, funcione novamente o veículo e dirija-o para verificar se sua saída está correta (sem trancos e nem patinações) bem como a qualidade das mudanças de marcha. 

O procedimento de aprendizado poderá falhar se as hastes de controle dos atuadores estiverem fora de medida. Adicionalmente, poderão ocorrer saídas com trancos ou patinações ou má qualidade de mudança de marchas se os ajustes estiverem com uma diferença considerável inicial. Em ambos os casos, remova e reajuste as hastes dos atuadores das embreagens e então repita o procedimento de reaprendizado para corrigir estas condições.

As transmissões de dupla embreagem chegaram para ficar. Pode haver variações em como as embreagens são controladas, projeto das embreagens, estratégia dos computadores. Contudo, as funções básicas são as mesmas. A APTTA Brasil está junto com seus parceiros, para continuar ajudando os técnicos a entender as diferentes estratégias e funcionamento das transmissões presentes em nosso mercado, de maneira a que possa encarar o futuro da reparação com confiança, correto diagnóstico, reparo e assim, atender de forma eficaz os clientes!

Um ótimo mês de trabalho e até a próxima!


Carlos Napoletano 
Diretor Técnico da Aptta Brasil
www.apttabrasil.com

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