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Manutenção do sistema de freios

Considerado um dos principais itens de segurança, o sistema de freios deve ser corretamente revisado. Manutenção deve ser realizada por eixo

O sistema de freios representa uma das partes fundamentais para o automóvel, pois garante a segurança do motorista com uma frenagem segura. Seus componentes trabalham em conjunto e estão expostos a diversas forças e altas temperaturas, que podem prejudicar sua capacidade de maneira a resultar no desgaste dos itens. Para isto, é importante que ele esteja em bom estado e em pleno funcionamento.

Diante destes fatores, especialistas da área abordam as características do sistema de freios e explicam seu funcionamento, além de mostrar todos os cuidados necessários com os componentes e como o mau estado de um item pode implicar no funcionamento do sistema. Na hora da manutenção, os profissionais devem se atentar à verificação de todos os itens e orientar os consumidores sobre qual é período ideal de troca das peças.

Manutenção do sistema de freios, características

O sistema de freios foi projetado com a missão de reduzir a velocidade parcial e até a imobilização dos veículos. “É um sistema fundamental para permitir o adequado controle do veículo e é composto dos sistemas básicos (freios localizados próximos às rodas e do sistema de atuação, que conecta o motorista aos sistemas básicos)”, aponta o diretor Administrativo da TMD Friction do Brasil S/A, Feres Macul.

O diretor-presidente da Fluidloc, Michel Sandro Ventura, explica como é este funcionamento. “Os freios com circuito hidráulico são acionados pelo cilindro mestre, que transmite pressão hidráulica aos elementos presentes nas rodas através das pinças ou dos cilindros de roda. A segurança dos circuitos duplos garante frenagem, mesmo com a falha de um componente, pois o outro circuito continuará em funcionamento”.

Baseado na incompressibilidade dos líquidos, o sistema de freios atua, como esclarece o responsável pelo desenvolvimento químico da Tecbril, Gerson Lombardi Bressiani. “Ou seja, o tambor ou as pastilhas de freios são acionados através da transmissão da pressão hidráulica por um líquido, neste caso o fluido para freio, no momento em que o motorista aciona o pedal”, comenta.

Entre os sintomas que definem a necessidade de serviços nos freios, a executiva de negócios da Hi Tech, Viviane Fragata, aponta os mais comuns. “Chiado quando se freia, necessidade de completar o reservatório de fluido de freio constantemente, o carro puxa para algum lado quando o freio é acionado, o pedal de freio pulsa quando acionado, o pedal de freio cede (abaixa), quando é mantido acionado, a luz do painel se acende e freios sem potência”.

COMPONENTES

Conforme afirma o diretor-presidente da Indústria Power Stop, Marco Antonio de Almeida, os freios foram desenvolvidos para diminuírem a rotação das rodas, utilizando os cilindros de rodas, pistões e pinças de freios; pastilhas, lonas e cilindros mestres. “Enfim, uma quantidade de peças que interligadas fornecem ao motorista a segurança de frenagens quando necessário”, completa.

O sistema é composto por itens de fricção (disco, tambor, pastilha e lonas) e hidráulicos (cilindro mestre, servo freio, cilindro de roda e pinça). “Os componentes de fricção agem utilizando o atrito entre as partes para efetivar a frenagem, já os hidráulicos são para potencializar as forças das peças que entraram em atrito ou são utilizados para acionar determinadas peças que farão o freio funcionar”, explica Viviane, da Hi Tech.

Estes componentes devem ser analisados em revisões periódicas para manter seu perfeito funcionamento, de acordo com as recomendações descritas no manual do proprietário. “A falta de revisão periódica favorece o surgimento de vazamentos e travamentos no sistema hidráulico, já que os componentes são peças em ferro”, ressalta o consultor técnico da Continental, Henrique Afonso Carignato Ernits.

A condição de atrito gera alta temperatura, por isto os discos e tambores precisam proporcionar, além de resistência mecânica, uma ótima capacidade de dissipação de calor para não comprometer a frenagem, explica o assistente técnico/comercial da Fremax, Fernando Paim. “O calor gerado é o grande causador de problemas no freio, que vão desde um simples ruído na frenagem até a perda total do freio”, emenda.

Segundo Macul, da TMD Friction, para o adequado funcionamento do sistema, o primeiro fator é certificar- se de que o veículo é equipado com pastilhas e lonas de freio que realmente atendam às características para as quais o veículo fora desenvolvido. “O motorista deve verificar o funcionamento do sistema de freio através de frenagens em pavimento plano e retilíneo antes seguir uma longa jornada”, avisa.

Vida útil do sistema de freio

O engenheiro de assistência técnica da divisão Automotive Aftermarket da Robert Bosch Brasil, Daniel Lovizaro, comenta que o sistema de freio está sujeito a intensas forças e altas temperaturas, o que pode acabar provocando o desgaste natural dos itens. Para isto é necessário realizar a verificação semestral do sistema (inspeção visual) e a substituição periódica do fluido de freio a cada 10 mil km ou 12 meses.

Um dos problemas mais frequentes no sistema é a substituição do fluido de freio por outro produto de baixa qualidade ou fora do recomendado pelo fabricante, aponta Bressiani, da Tecbril, entre outras ocorrências geradas pela falta de manutenção. “Como o desgaste excessivo dos demais componentes do freio; como molas, retentores, rolamentos e até os pneus”, reforça.

Com o desgaste do sistema de freios, a eficiência do automóvel é reduzida. “Freios gastos exigem maiores distâncias para frear com segurança e pode causar acidentes”, alerta o técnico de São Paulo da Controil, Rodrigo Donato. Entre as principais razões para a perda desta eficiência estão o nível de fluido baixo, vazamentos de fluido; disco, pastilhas e lonas gastas.

Ventura, da Fluidloc, aconselha que nos sistemas hidráulicos de freio é importante substituir os elementos que se desgastam simultaneamente, como os dois cilindros de roda. “O mesmo ocorre no sistema hidráulico de embreagem, com o cilindro mestre e o atuador. O fluido de freios deve ser trocado sempre que for trocado qualquer dos componentes”.

Principais recomendações para a manutenção do sistema de freios

Na hora da verificação dos itens, Lovizaro, da Bosch, destaca que o disco de freio deve ser sempre substituído no momento da troca das pastilhas de freio ou que a superfície do contato do disco com a pastilha seja nova, ou seja, que o disco seja retificado, este disco tem uma espessura mínima que deve ser respeitada. É preciso também se atentar ao diâmetro máximo do tambor de freio e da lona. “A manutenção deve ser sempre feita por eixo e não por roda”, enfatiza.

É fundamental neste momento as peças serem substituídas por produtos originais, de qualidade comprovada. “O sistema de freios com todos os componentes em perfeito estado de funcionamento é de vital importância para o veículo, ocupantes e para as pessoas à sua volta. Um veículo mal cuidado, principalmente nos itens ativos, como suspensão, direção, pneus e freios, compromete a vida de todos”, diz Ernits, da Continental.

Donato, da Controil, orienta que o fluido de freio tem validade e deve ser substituído no prazo ou quilometragem estipulados pelo fabricante através do processo de sangria. “O cilindro mestre deve ser inspecionado junto ao servo freio vendo se os mesmos não apresentam vazamentos ou algum outro problema”, avisa. O tambor de freio também deve ser revisado para a identificação de possíveis falhas de lubrificação ou vazamentos no cilindro de roda.

Entre os principais cuidados para preservar o sistema, Paim, da Fremax, oferece algumas dicas aos profissionais. “Nunca manter no sistema peças com medidas de desgaste abaixo do especificado, isso vai determinar perda da resistência mecânica e capacidade de dissipação do calor, podendo acorrer empenamento e trepidação ao freiar, fissura térmica ou a quebra total da peça”.

Almeida, da Power Stop, acredita que o aplicador deve estar atento também às atualizações no mercado e buscar por palestras e cursos práticos. “Mas nada como o dia a dia para melhor aprendizado; quando houver dúvida de algum problema, para não existir desperdício nem de tempo, dinheiro e desgaste para fabricantes e aplicadores; tente localizar o problema no veículo fazendo uma averiguação de modo geral”, recomenda.

Cuidados na manutenção do sistema de freio

O sistema de freios requer cuidados especiais como em todos os sistemas, pois proporciona uma frenagem correta. Além de ser um sistema de autoconsumo, é também um dos principais itens de segurança, afirma o proprietário da Mecânica J.R., de São Paulo (SP), Emerson Rogério Ribas. Para isto, ele sugere algumas orientações aos reparadores na hora de realizar a manutenção, lembrando que a inspeção completa deve ser realizada a cada 10.000 km.

Fluido de freio:

• Estar atento às variações de temperatura, pois podem acumular água e comprometer a distância de frenagem;

• Trocar todo o fluido a cada 12 meses;

• Verificar desgaste das pastilhas ou lonas e possíveis vazamentos quando o fluido estiver abaixo do nível;

• Nunca completar o reservatório se ele estiver abaixo do limite, pois o fluido velho contamina o novo, optar pela troca total,

• Sempre respeitar a classificação do tipo de fluido utilizado em cada veículo.

Pastilhas e Discos:

• Trocar a pastilha quando chegar a um limite de aproximadamente 3 milímetros ou conforme indicado pelos sensores do sistema equipados em alguns carros;

• Evitar que a pastilha chegue ao final e tenha um contato direto de ferro com o disco para maiores prejuízos;

• Observar o limite mínimo gravado no disco e trocar quando estiver igual ou menor que o recomendado;

• Utilizar o relógio comparador para detectar se existe empenamento do disco;

• Lavar os novos discos ao instalá-los com óleo especial para não oxidá-los,

• Ao montar o freio dianteiro, entregar o veículo para o cliente com os freios já assentados.

Tambores e lonas:

• Verificar espessura mínima dos itens ou trocá-las a cada 50.000 km ou sempre que estiverem contaminadas com fluido de freio, óleo, graxa ou quando apresentarem trincas por excesso de aquecimento;

• Manter regulados os patins de freio, deixando-os bem encostados, mas nunca presos contra o tambor de freio, para evitar a sobrecarga nos freios dianteiros,

• Para os tambores, servem as mesmas recomendações dos discos, em relação aos defeitos, espessuras mínimas e forma de lavagem.

Cilindros de roda, pinças e flexíveis e cabos:

• Trocar o cilindro de roda quando estiver travado ou quando detectado vazamentos, aproveitar esta ocasião para trocar o fluido, junto com uma limpeza do reservatório de fluido de freio;

• Diagnosticar vazamentos de fluido e diferença de desgaste das pastilhas na hora da verificação das pinças;

• Observar quando o veículo puxar para um dos lados, pois pode ser origem de pinças travadas ou flexíveis parcialmente obstruídos; • Se atentar aos flexíveis, quanto à trinca,

• A inspeção nos cabos deve ser feita visando o travamento e se o mesmo encontra-se desfiando.

Cilindro mestre:

• Observar se ao pisar levemente no pedal de freio o mesmo falha, levando o pedal até a tábua (final de curso) e também quando entope o furo calibrado de retorno interno (isto causa o travamento das rodas, endurecimento do pedal e vazamento por trás do cilindro onde danifica o componente hidrovácuo);

• Atentar ao rompimento da membrana interna do hidrovácuo;

• Para memorizar o esquema de montagem dos freios traseiros, faça um lado por vez, deixando sempre um lado montado para poder copiar o esquema do outro,

• Vistoriar as válvulas de equalização e os encanamentos quanto a vazamentos e à deterioração.

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