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Causas potenciais de superaquecimento do cambio automático: Nem sempre é o que parece

Quando existe o superaquecimento do cambio automático, o problema pode estar nos periféricos e não na transmissão!  Se uma transmissão automática começa a ter aquecimento excessivo, a causa raiz deve estar relacionada com a própria transmissão, certo? Nem sempre. Temos a seguir alguns exemplos onde a transmissão não é a culpada pelo problema.

Caso A: O superaquecimento do cambio automático na Transmissão 6L80/90

O primeiro caso de superaquecimento vem de uma transmissão GM 6L80/90 equipada com uma válvula térmica By pass nas linhas de arrefecimento. A finalidade de uma válvula térmica (termostática) é fazer com que a temperatura do fluido da transmissão aqueça o mais depressa possível na fase fria quando a temperatura externa está muito baixa, e depois manter a temperatura ideal de trabalho da transmissão durante a utilização do veículo.

Quanto mais depressa o conjunto motopropulsor do veículo alcançar a temperatura normal de funcionamento, menos poluente ele se torna. Desta maneira, vemos que, se a válvula falhar na posição aberta ninguém notará a diferença, mas se ela travar na posição fechada o veículo

fará com que se descubra isto rapidamente. Ouvimos de primeira mão este problema de vários técnicos, nossos associados, que tem encontrado reclamações de superaquecimento das transmissões muito frequentes. As linhas de arrefecimento dos veículos possuem uma grande taxa de falhas porque elas tendem a vazar na região da crimpagem das mangueiras de borracha com as pontas de aço. Isto tem gerado um acúmulo de peças na garantia das montadoras e nos tambores de sucata, no fundo das oficinas.

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As montadoras e concessionárias tem coletado uma grande quantidade de blocos térmicos e, após suas inspeções, chegaram à conclusão que esta falha das válvulas termostáticas é ocasionada porque algumas destas válvulas possuem uma arruela em formato de copo, de material plástico entre a mola da válvula térmica e do corpo , e algumas possuem arruelas em formato de copo de metal, ao invés de plástico.

As de material plástico sofrem uma ruptura, por causa do apoio da mola no corpo da válvula. A figura 1 mostra o copo de metal e o copo de plástico danificado.

Figura 1

No começo, a única solução para este problema foi a substituição do bloco térmico inteiro ou a reforma dos blocos com arruelas de metal. Porém, agora já existe uma válvula térmica no mercado de reposição, que substitui a válvula por uma de gaveta, e que desvia o fluxo de fluido completamente. A figura 2 mostra o layout de uma destas válvulas térmicas desmontadas com a arruela plástica danificada.

Figura 2

Na figura 3 está  a válvula produzida no mercado de reposição para substituir a original, que pode ser instalada nas transmissões remanufaturadas.

Figura 3

O problema também se estende às transmissões GM 8L90 que possuem o mesmo tipo de falha do copo plástico da mola. A figura 4 mostra uma transmissão 8L90 recente que sofreu também superaquecimento devido à válvula térmica.

Figura 4

Descobrimos que as linhas de arrefecimento originais para algumas aplicações estão em Boletim de Ocorrência ( BO) nas concessionárias, devido a estas quebras frequentes, e assim foi necessário utilizar o fornecedor DORMAN para atender esta demanda. Uma das oficinas associadas à APTTA Brasil informou que a válvula By pass que substitui a original não serve nas linhas de arrefecimento DORMAN, assim, deixaram as linhas como estavam e utilizaram a válvula By pass que vem com as linhas do mercado de reposição.

Caso B: O superaquecimento do cambio automático na Transmissão FORD 6R140

Agora, vamos dar uma olhada nas picapes Ford equipadas com o motor 6.7L diesel e a transmissão 6R140.

Nesta nova situação, um cliente encostou sua caminhonete na oficina reclamando que a transmissão estava indicando uma temperatura anormal. Após dirigir o veículo por uns 30 quilômetros, num dia quente, a temperatura da transmissão atingiu cerca de 135º Celsius muito rapidamente. Foi necessário encostar o veiculo e esperar um tempo até que a transmissão esfriasse para voltar a oficina. O sistema de arrefecimento da transmissão nestes modelos é diferente. A transmissão possui um sistema secundário separado do sistema de arrefecimento principal do motor.

O sistema secundário consiste de poucos componentes: um radiador para a transmissão, uma bomba de arrefecimento, um resfriador dos gases de escapamento, um resfriador para o combustível e um intercooler água/ar para o turbo compressor. Ela também possui um reservatório para o liquido de arrefecimento, o qual neste caso, estava vazio. A figura 5 mostra um exemplo deste reservatório.

Figura 5

Sem liquido refrigerante para resfriar o trocador de calor da transmissão, a causa do superaquecimento da transmissão na picape era evidente. Ela parecia ter sofrido um

reparo no motor recentemente. Várias mangueiras na parte superior não estavam corretamente fixadas nas presilhas e abraçadeiras. Por esta razão, o tubo de aço do arrefecimento que segue em linha com a tampa de válvulas sofreu vibração e pelo desgaste, ocorreu um furo no mesmo, fazendo com que o liquido refrigerante vazasse e causasse o problema de superaquecimento.

O sistema de arrefecimento foi reparado e voltou a funcionar corretamente. Após um teste prolongado com o veículo, notou-se que a operação da transmissão e sua temperatura voltaram ao normal.

Caso C: O superaquecimento do cambio automático na FCA AS69

O caso final envolve uma Dodge RAM 5500 equipada com uma transmissão AS69. O painel de instrumentos indicava uma condição de superaquecimento da transmissão. Após um teste com o veículo, a temperatura da transmissão atingiu 120ºC, com o painel indicando um alerta de aviso de alta temperatura da transmissão. Voltando à oficina, e com o auxílio da pistola infravermelha, o técnico começou a pesquisar em que parte da transmissão o problema se encontrava. O dia era um dia quente de verão, e assim todos os pontos da transmissão inclusive a válvula térmica indicavam uma temperatura entre 88ºC e 95ºC. Estava difícil de dizer onde o problema estava localizado.

A linha superior do radiador foi retirada para verificar o fluxo de fluido entre a transmissão e o radiador, e não havia fluxo. Todas as linhas então foram retiradas inclusive a da válvula térmica, e ainda não havia nenhum fluxo. O scanner indicava que, dentro da transmissão, a temperatura chegava a 100ºC. De acordo com as especificações, a válvula deveria abrir ao redor de 71ºC. Nestas transmissões, a válvula termostática não é passível de reparo, assim o técnico teve de substituir toda ela. Após a substituição da válvula térmica, tudo voltou a funcionar perfeitamente. Desde então, algumas companhias no mercado informal começam a produzir válvulas térmicas que possuem somente a válvula de desvio (By pass) dentro delas, isso permiti um fluxo continuo e pleno de fluido através do trocador de calor, e eliminando de uma vez por todas este problema. Veja a figura 6

Figura 6

Dada a frequência de falhas que envolvem estas válvulas térmicas e as diversas opções que temos no mercado independente de reposição, está claro que as montadoras devem melhorar o sistema projetado de arrefecimento das transmissões modernas nestas áreas críticas. Como todos nós sabemos, o calor é o maior inimigo das transmissões automáticas, principalmente nas mais modernas.

Acompanhe o artigo do especialista Carlos Napoletano sobre o funcionamento do sistema Sistema Start/Stop nas transmissões FORD e GM

Carlos Napoletano – Diretor Técnico da Aptta Brasil www.apttabrasil.com

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