Aproximadamente 350 mil veículos sofreram danos na enchente do Rio Grande do Sul
A dimensão que as enchentes provocadas pelas chuvas causaram em grande parte do estado do Rio Grande do Sul é incomensurável para se perceber o impacto geral sobre as vítimas e suas profundas consequências.
Não só questões das perdas materiais referentes a residências, comércio, hospitais, estabelecimentos de saúde, escolas, igrejas, como também propriedades rurais são importantes de serem lembradas neste momento, assim como o elevado número de vítimas fatais e desaparecidos, além de desabrigados.
Cabe também nos atentar para a amplitude dos números que classificam a tragédia no sul como a maior do país segundo o Atlas Digital de Desastres que contabiliza ocorrências dessas naturezas desde 1991. Em Porto Alegre a situação se tornou mais dramática, dadas as características do relevo e da hidrografia da cidade dificultarem o escoamento das águas e retardar a redução do nível das enchentes, mesmo sem novas chuvas, por incapacidade de escoamento.
E a frota de veículos automotivos atingida pelas enchentes no Rio Grande do Sul ?
Neste cenário, destacamos agora as questões do transporte automotivo do estado, aqui considerando veículos próprios, comerciais (como caminhões e ônibus), públicos e motos. Em todo o estado circulam próximo de 5 milhões de veículos automotores, sendo entre eles 3,5 milhões de automóveis, 550 mil veículos comerciais leves (caminhonetes e vans), 210 mil caminhões, 30 mil ônibus (entre urbanos e rodoviários), 815 mil motos e ainda 70 mil tratores e máquinas. Uma estimativa conservadora aponta que pelo menos 7% dessa frota toda foi atingida de alguma forma – ou seja – mais de 350 mil veículos (circulantes exatamente na região que foi o centro da crise) irá demandar peças e serviços, com o agravante que parte desse universo será literalmente sucateado.
Para se ter ideia, perto de 2 mil veículos novos atingidos nos páteos das concessionárias ficarão irrecuperáveis e serão considerados como perda total. A região de maior impacto com perdas mais significativas fica no vale que sofre com as cheias do Guaíba e da Lagoa dos Patos, onde a concentração de atividades econômicas e população residente é maior, como Porto Alegre.
Algumas providências já foram tomadas pelas seguradoras no Rio Grande do Sul
A Susep Superintendência de Seguros Privados, órgão que fiscaliza as operações no mercado de seguros, alega que todos os planos básicos de seguros automotivos contra roubo e incêndio, cobrem também catástrofes naturais, como prejuízos por enchentes, desde que acordadas no plano. Estima-se que a maioria no RS será ressarcida, pois apenas entre 20 e 25% não possuem cobertura total (essa é uma estimativa Brasil).
A questão é o volume de carros sem seguro, que no RS que chega atingir entre 60 e 70% da frota, além de significativo número de seguros com cobertura parcial, ou seja, aqueles com contratos para cobertura apenas sobre furto ou roubo. Os planos com cobertura estão recebendo das seguradoras atendimento priorizado, sobretudo com socorro de guinchos, chaveiros, parte elétrica e outros atendimentos identificados como emergenciais, sendo que a maioria decidiu por adiar cobranças de boletos em prazos que variam de seguradora para seguradora. A CNSeg Confederação Nacional de Seguradoras sugeriu que se estendam os prazos de vencimento da cobertura por algum tempo, especialmente para aqueles casos em que o vencimento do contrato estiver para acontecer nos próximos dias.
Outro ponto importante a ser destacado, é que as seguradoras não receberam ainda nem metade dos pedidos de cobertura, pois existem segurados que nem conseguiram chegar até seus veículos para estimar o prejuízo. Cabe registrar que os critérios das seguradoras previstos em contrato, preveem que sejam avaliados os danos ocasionados pelas enchentes e pagamento com base em perda total, apenas para veículos cujos custos estimados de reparação sejam superiores a 75% do valor deles, segundo Tabela Fipe.
A demanda de peças e serviços no Rio Grande do Sul após catástrofe climática
Antes da ocorrência dos problemas já registrados acima, o estado do Rio Grande do Sul tinha tendência de representar próximo de 6,928% de toda demanda de peças e serviços automotivos no país. O valor estimado de negócios com reparação automotiva no estado estava estimado para 2024 em R$ 7,8 bilhões entre peças e serviços. Por questões lógicas e mesmo com as medidas de apoio do governo federal em auxiliar na reconstrução do estado, haverá uma previsível redução desse montante, que terá parte postergada de gastos para 2025. É difícil estimar exatamente quanto, mas não será nada inferior a uma redução entre 15 e 20% do antes previsto.
Canhão ou manteiga?
A questão agora é lembrar sobre um dilema proposto por Samuelson e que norteou as teorias mercantilistas sobre decidir o que, quanto e quando produzir: canhões ou manteiga? Recursos que deveriam ser aplicados naturalmente na manutenção automotiva, serão redirecionados para recuperação das bases de segurança familiar e reconstrução das condições de habitação. Logo, nem todo recurso que surgir poderá ser revertido para a indústria da manutenção automotiva. Grande parte será destinado para compra de alimentos, móveis (como fogões e geladeiras) e roupas. Cabe agora para empresas do setor automotivo, como fábricas, distribuidores e varejistas, rever suas estratégias para conviver com decisões e ações objetivas para contribuir com a recuperação dos negócios localizados. Fábricas de veículos e autopeças instaladas no RS já sofrem diretamente os efeitos da tragédia. Algumas já se anteciparam em aplicar decisões logísticas como ceder férias coletivas, reduzir ou suspender a produção de veículos (como a Stellantis em Córdoba na Argentina, parcialmente dependente do abastecimento de componentes produzidos no RS). Todos os segmentos da frota irão sofrer com a falta de componentes. Estudos, porém, indicam que a linha pesada será a mais afetada no início. E os cuidados que devem ser priorizados com veículos que foram sinistrados nas enchentes?
Segundo especialistas em manutenção automotiva, a rapidez com algumas providencias é fundamental, pois quanto mais tempo o veículo ficar sob alagamento com lama e água em seu interior, maiores serão as consequências. Algumas providências básicas são:
1.Procure retirar o veículo da área de inundação, conduzindo para um local seguro e não tente ligar o carro;
2.Desligue o cabo da bateria dos terminais, tão logo possível. Não que desta forma se resolverá os problemas elétricos, mas evitará que eles aumentem, pois com certeza já há riscosenvolvidos em todo sistema elétrico, sobretudo em chicotes elétricos e fiação geral;
3. Avaliar conectores (fios e lâmpadas) que precisam ser limpos e secos.
4. Filtros (ar, combustível e óleo) são quase certo necessários de substituição.
Além da limpeza e higienização, serviços de reparação no motor, câmbio, sistemas elétricos em geral, freios e sistemas de exaustão, deverão ser revisados, pois água e lama com certeza comprometem o desempenho do conjunto de forma geral, por mais vedados que eles sejam. Quer dizer, há sim casos em que seja necessário abrir o cabeçote do motor e checar se houve danos interiores.
Custos com recuperação de veículos que sofreram enchente, além de higienização, variam muito de serviço para serviço. Pesquisas efetivadas em São Paulo com pessoal especializado mostram orçamentos médios entre R$ 3.500,00 e R$ 5.000,00, sem contar valor de peças e acessórios que deverão ser substituído.
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