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Manutenção de freios ABS

Item de série para automóveis fabricados a partir de 2014, a manutenção do ABS, assim como de qualquer sistema, requer em primeiro lugar profissionais especializados. Em comparação ao freio convencional, o sistema adiciona alguns componentes, além de um diferente cilindro mestre. Já nas partes relacionadas ao sistema de freio convencional, pastilhas, discos, fluido de freio, cilindro mestre, flexíveis de freio, assim como lonas e tambor, a manutenção do sistema hidráulico é a mesma, assim como a sangria.

Diego Riquero, chefe responsável pelo Centro de Treinamento Técnico Automotivo da Robert Bosch, conta que o conjunto hidráulico, por ser um sistema de segurança, é projetado para durar mais de 20 anos sem a necessidade de intervenções. “Além da durabilidade natural, o conjunto não foi projetado para intervenções, desmontagens ou reparações. Portanto, a única operação possível no conjunto hidráulico é o diagnóstico através de equipamentos de teste”, alerta

Fabrício Menezes, engenheiro de teste da Continental, complementa, afirmando que não existe um prazo definido para verificar o sistema, o que deve ser feito assim que a luz no painel indicar uma possível falha. “Lembrando que o veículo dotado de sistema ABS possui além do módulo que agrupa a parte eletrônica e hidráulica, um sensor de velocidade e roda dentada em cada roda”.

Verificação

Menezes especifica que para a verificação é necessário ter acesso ao diagnóstico do veículo (via OBD), que deve acusar se a possível falha é de um sensor de roda ou do módulo. “Há dois tipos de falha para os sensores: a mecânica (sensor está a uma distância maior que a especificada da roda dentada ou roda dentada com problema) e neste caso deve ser checada a fixação e o estado da roda dentada; e a elétrica, que em caso de uma pane elétrica do sensor de roda, interrupção do sensor, por exemplo, a luz de ABS irá permanecer acesa a partir do momento da ignição. Neste caso, é preciso checar fixação e estado da roda dentada”, orienta

No caso de uma falha mecânica, a luz no painel irá acender após o veículo atingir 20 km/h e se for falha elétrica, a luz do ABS permanecerá acesa a partir do momento da ignição. “Caso mais de um sensor de roda falhe, além da luz espiã do ABS acesa, uma segunda luz espiã irá acender (!), a mesma utilizada pelo freio de estacionamento e fluido de freio”, acrescenta Menezes.

Segundo ele, essa luz indica que, além da função ABS, a subfunção EBD (Eletronic Brake Distribution), responsável pela distribuição do eixo traseiro em frenagens parciais, está inativa. Em consequência, poderá ocorrer o travamento das rodas traseiras no momento da frenagem. “Essa subfunção tem o objetivo de substituir a válvula de corte, utilizada normalmente em veículos sem sistema ABS”

E se a falha for originada no módulo, o mesmo deve ser substituído para exatamente o mesmo part number, lembrando que o módulo possui um software específico para aquele veículo e versão. “A montagem de um diferente módulo, mesmo que da mesma marca e modelo, e que aparentemente pode parecer igual, pode resultar em um comportamento completamente diferente do esperado”, informa Menezes.

Em caso de uma possível falha hidráulica do sistema ABS originada, por exemplo, por impureza no fluido de freio, o mesmo não irá acusar a falha no painel, uma vez que será uma falha mecânica e não hidráulica, porém, neste caso, o módulo também deve ser substituído. Em alguns casos, existe a possibilidade de remover a parte hidráulica da ECU, para eles, as peças de reposição são disponíveis separadas.

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Manutenção

Para a manutenção do sistema ABS em perfeitas condições, Diego Riquero, chefe responsável pelo Centro de Treinamento Técnico Automotivo da Robert Bosch, dá algumas dicas. “Para garantir o máximo desempenho do ABS, alguns cuidados devem ser observados durante a sua manutenção, como por exemplo, a troca do fluido de freio, que deve ocorrer no prazo especificado de acordo com o manual do proprietário, com atenção para a especificação correta”.

De acordo com ele, caso este procedimento não seja respeitado, os reduzidos diâmetros dos orifícios das válvulas solenóides da unidade hidráulica podem ficar obstruídos pela contaminação do fluido de freio, devido à contaminação com água gerada pela propriedade hidrostática do próprio fluido, que durante o funcionamento normal do sistema de freio o fluido aquece e esfria naturalmente, sendo durante este processo que se forma a unidade no sistema contaminando o fluido

“Outro ponto de contaminação do fluido de freios está nas pinças de freio (por ser o local de maior temperatura) e através dos tubos este fluido pode retornar para a unidade hidráulica. Portanto, durante a substituição das pastilhas, antes de realizar o recuo do êmbolo da pinça de freio, o parafuso sangrador deve ser aberto e o flexível deve ser bloqueado com ferramenta adequada”.

Para evitar a entrada de bolhas de ar na unidade hidráulica do ABS, o procedimento de sangria deve ser realizado de forma adequada, seguindo a sequência correta de sangria das rodas. Quando houver danos no sistema do ABS, uma lâmpada acenderá no painel do carro, avisando que existe um defeito e que o ABS não está operando, podendo haver travamento das rodas no momento da frenagem. Para o correto diagnóstico destas falhas é fundamental que oficina tenha um scanner de diagnóstico automotivo, assim será possível detectar a origem da falha.

Módulo

De acordo com Fabrício Menezes, o módulo do ABS não requer reparação, caso necessário deve ser feita a sua substituição. “As falhas mais comuns ocorrem nos sensores de roda, assim como nas rodas dentadas. Portanto, na substituição de um rolamento de roda, por exemplo, deve se atentar para a condição da roda dentada (que em conjunto com o sensor informa a velocidade de roda para o sistema ABS)”

Para a desmontagem do módulo o recomendado é desligar a bateria, desconectar o chicote do módulo e soltar as linhas de freio com atenção. “Pois caso as roscas do bloco de alumínio em que as linhas são conectadas forem danificadas (espanadas), todo o módulo será inutilizado”, alerta Menezes

Segundo ele, dependendo do veículo, o módulo pode ser retirado com o suporte e em alguns projetos é possível a remoção do módulo diretamente do suporte. “Lembrando que o módulo, além da parte hidráulica dotada de fluido de freio, possui uma parte eletrônica que requer cuidado. O manuseio incorreto pode ocasionar descargas eletrostáticas que podem inutilizar o módulo. Portanto, evite o contato direto com conectores”.

Os módulos destinados ao mercado de reposição já são dotados de fluido de freio, portanto, após a instalação, que varia conforme o veículo, a sangria pode ser feita como um sistema de freio convencional, sem necessidade de atuação do sistema ABS. Para a montagem deve ser feito o processo inverso, com atenção na montagem do conector.

Pontos de atenção

Entre os erros mais comuns na manutenção do ABS, Diego Riquero alerta que o principal deles é a utilização de fluido de freio de especificação incorreta, o que causa danos nos componentes internos da unidade hidráulica. “Se pensarmos que o fluido hidráulico é um composto químico e existem composições específicas para cada tipo de aplicação/utilização, os fluidos indicados para sistemas ABS têm uma formulação química que, além de garantir o comportamento hidráulico do fluido, têm a função de proteger componentes específicos das unidades hidráulicas do ABS. Para todos os casos estas informações devem ser consultadas no manual de serviço do veículo”, informa.

Dicas do reparador

Sócio da Oficina Mecânica do Gato e diretor do Sindirepa-SP, César Samos dá um alerta sobre alguns cuidados na hora da manutenção do sistema. “O sistema ABS tem duas mudanças básicas em relação ao sistema convencional: muda um pouco o processo de sangria e algumas montadoras podem ter procedimentos diferentes. Portanto, é sempre importante verificar o manual do proprietário”, orienta

Outro ponto de atenção é na hora da troca das pastilhas. “Quando o reparador retorna a pinça, ele deve abrir o sangrador e abrir a pinça através da descarga de óleo pelo sangrador. Se abrir a pinça pelo método antigo, a sujeira pode retornar para a unidade hidráulica e no próximo funcionamento ficar comprometida”, alerta.

Por fim, Samos destaca que é preciso ter atenção com a parte eletrônica no momento da manutenção, já que são os sensores de velocidade das rodas que emitem o sinal principal para o ABS.

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