misturar querosene

Misturar querosene ao diesel ainda faz sentido nos motores modernos?

Atualmente os propulsores são altamente tecnológicos, os sistemas de injeção eletrônica trabalham com altíssima pressão e são extremamente sensíveis.

Já ouviu falar por aí que adicionar querosene ao diesel ajuda a melhorar o combustível e até “limpa” o sistema.

Essa prática, que vem dos tempos dos motores mecânicos mais antigos, pode até ter feito sentido em algum momento no passado, mas hoje representa um sério risco para os motores modernos com sistemas Common Rail.

Antigamente, em veículos como os Mercedes 608 ou os populares “Perkins 6 cilindros”, o uso de uma pequena porcentagem de querosene no tanque era comum, principalmente em regiões muito frias. Isso ajudava a evitar o congelamento do diesel e até facilitava a partida a frio. Como os sistemas de injeção eram totalmente mecânicos e extremamente robustos, essa prática — ainda que tecnicamente questionável — raramente causava danos aparentes. Era algo mais empírico do que científico.

Além disso, esses motores antigos eram bem mais tolerantes às variações de qualidade do combustível.

Os tempos mudaram. E muito!

Hoje, os motores diesel são altamente tecnológicos, equipados com sistemas de injeção eletrônica de altíssima pressão, bicos injetores com orifícios microscópicos e componentes extremamente sensíveis. Qualquer alteração na composição e nas propriedades do combustível pode comprometer o desempenho e a durabilidade do motor.

O querosene, por exemplo, possui menor capacidade de lubrificação em comparação ao diesel — especialmente o diesel S10. Ao misturá-lo ao tanque, há um risco real de desgaste prematuro ou até quebra de bombas injetoras e bicos. Além disso, a queima diferente do querosene pode afetar os sistemas de pós-tratamento de emissões, como o SCR (Redutor Catalítico Seletivo) e o filtro de partículas (DPF).

Outra consequência frequente do uso inadequado de combustíveis alternativos é a carbonização excessiva, com formação de crostas nos pistões, válvulas e ponteiras dos injetores. Isso pode levar à pré-ignição, aumento do consumo, perda de potência e redução significativa da vida útil do motor.

Então, o que fazer para proteger o sistema de injeção e o motor?

Se a preocupação é com os efeitos do biodiesel ou com a qualidade do combustível, a recomendação é optar por soluções seguras e eficazes:

• Abasteça sempre em postos de confiança.

• Evite deixar o combustível envelhecer no tanque.

• Use aditivos específicos e homologados, desenvolvidos para motores modernos.

• Faça manutenções preventivas regulares.

Em vez de recorrer a “receitas antigas”, que funcionavam em um contexto completamente diferente, é muito mais seguro acompanhar as evoluções da tecnologia e seguir as orientações dos fabricantes.

Afinal, os motores evoluíram — e os cuidados com eles também precisam evoluir.

Conclusão

O uso de aditivos para limpeza e estabilização do diesel pode ser extremamente benéfico, desde que aplicados com critério técnico (Leia Ed.203). Em um cenário onde os combustíveis se tornam cada vez menos estáveis e os sistemas de injeção mais sensíveis e sofisticados, investir em prevenção é não apenas inteligente, mas também mais econômico do que lidar com falhas e correções complexas.

Oficinas que dominam essa aplicação elevam a qualidade do serviço prestado, agregam valor ao atendimento, conquistam a confiança do cliente e se destacam em um mercado cada vez mais competitivo.

Como autor do livro Injeção Diesel Sem Segredos, aprofundo exatamente esses temas — desde o funcionamento dos sistemas de injeção modernos até as falhas mais comuns causadas por contaminação, e como a manutenção preventiva, aliada ao uso correto de aditivos, pode transformar a rotina da oficina diesel.

Adquira seu exemplar físico: https://loja.uiclap.com/titulo/ua97910/

Acesse a versão digital: https://a.co/d/e2ADO8S

Sandro Rogério Stoco – CEO da Stoco Centro Automotivo
Sandro Rogério Stoco
Especialista em sistemas diesel, colunista técnico e autor do livro Injeção Diesel Sem Segredos.
Atua há mais de 30 no setor automotivo com foco em diagnóstico, formação de profissionais e difusão de conhecimento técnico acessível e aplicado à realidade das oficinas brasileiras.

Confira as principais notícias do setor no portal da Revista Reparação Automotiva.