LUBRIFICANTE X MECÂNICA X ELETRÔNICA EMBARCADA

Lubrificante x Mecânica x Eletrônica Embarcada

Óleo lubrificante não só protege as partes móveis de um motor. Ele também atua na vedações motor, controla a temperatura e evita reações ácidas.

Mais uma edição, mais um fim de ano se aproximando e você meu caro amigo, leitor assíduo da Revista Reparação Automotiva, junto com a gente. Neste mês, não poderia deixar de falar de defeitos recorrentes que chegam nas oficinas, bem como prevenir nossos clientes sobre estes, levando a uma manutenção preventiva, correta, seguindo as normas técnicas e recomendações das montadoras.

Falhas Eletrônicas, defeitos mecânicos, causados por Química

Vamos aos sintomas observados pelo cliente:

1. Luz de anomalia acesa;

2. Código de Falhas (DTC’s), indicando falha mecânica:

a) P0016: Correlação entre a Posição do Virabrequim (CKP) e a Posição do Comando de Válvulas (CMP) – Bancada 1, Sensor A;
b) P0017: Correlação entre a Posição do Virabrequim (CKP) e a Posição do Comando de Válvulas (CMP) – Bancada 1, Sensor B.

Porém, estas falhas têm aparecido em veículos com menos 70 mil km rodados, ou seja, veículos que não chegaram na 7ª revisão periódica. Dentre eles temos recebido nas oficinas:

  1. Jeep (Renegade, Compass, Comannder),
  2. Fiat (Fastback, Argo, Toro),
  3. Land Rover (Evoque, Discovery Sport),
  4. BMW (316i, 320i, 328i, X1, X3),
  5. Mercedes (GLA, CLA, C180, 200),
  6. Volvo (XC60, XC90),
  7. Ford (Fusion),
  8. Porsche (Cayenne, Macan),
  9. VW e AUDI (2.0 TSI ou TSFI),
  10. PSA (Peugeot e Citroën) Motor THP.

Todos aqui com corrente de comando, nenhum deles com a correia dentada, seca ou banhada a óleo lubrificante.

Uma falha mecânica, reconhecida eletronicamente, porém a causa prematura desta falha, esta relacionada a manutenções realizadas de formas erradas.

E aqui está nosso tema:

LUBRIFICANTE X MECÂNICA X ELETRÔNICA EMBARCADA

Mas, por que o óleo lubrificante está nesta relação?

A função do óleo lubrificante não é tão somente lubrificar as partes metálicas para reduzir o atrito entre as partes móveis?

Se eu aplico óleo lubrificante conforme as especificações API, SAE e ACEA, não tem por onde causar danos. ERRADO!

Vamos entender cada situação.

Primeiro as Normas da referida especificação o que significam.

SAE – (SOCIETY OF AUTOMOTIVE ENGINEERS)

Classifica o óleo pela viscosidade, determinando se é mais fino ou mais grosso em diferentes temperaturas.

  • 0W20, 0W30, 0W40,
  • 5W20, 5W30, 5W40.

API – (AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE)

Define o nível de desempenho dos lubrificantes. A letra “S” é para motores a gasolina e a “C” é para motores a diesel, seguida por outra letra que indica a evolução do produto.

  • SN
  • SP
  • CJ

ACEA (ASSOCIATION DES CONSTRUCTEURS EUROPÉENS DE L’AUTOMOBILE)

Define o nível de desempenho com foco nos requisitos europeus, utilizando letras para

indicar o tipo de motor:

A (gasolina, etanol e flex), B (diesel leve),

  • A3/B3,
  • A4/B4,
  • A5/B5.

C (diesel leve com pós-tratamento),

  • C1,
  • C2,
  • C3,
  • C4,
  • C5

 E (diesel pesado).

  • E4
  • E7.

Estes são requisitos mínimos, para aplicar um lubrificante. Porém com as exigências a normas de redução de poluentes, as montadoras tiveram que mudar seus motores, onde desenvolveu-se os chamados de DOWNSIZING, menores, com maior potência e menor emissões de poluentes.

Então podemos responder às perguntas e afirmações feitas acima:

Porque falo de óleo lubrificante, quando o defeito é mecânico ou eletrônico?

Porque as falhas relatadas, são causadas pela aplicação errada dos lubrificantes.

Mas a função do óleo lubrificante não é reduzir atritos?

Além de reduzir atritos, hoje podemos afirmar, que os lubrificantes não são mais desenvolvidos, pensando nos metais apenas e seus atritos, mas, com maior ênfase, proteger e preservar as vedações do motor, controlar a temperatura, evitar reações ácidas, com o combustível não queimado, resultante do processo de combustão.

Para isto, mostro O GRÁFICO LUBRIZOL, novamente, ele aponta a diferença entre um lubrificante de mesma marca, porém com especificações corretas e seu par com especificações homologadas pelas montadoras.

Acima uma ilustração sobre quais pontos o lubrificante irá atuar, proporcionando durabilidade e desempenho ideal ao motor.

O gráfico apresenta conforme selecionamos a especificação ou homologação, o nível de proteção do lubrificante.

Vou apresentar um lubrificante, muito comum, um 5W30 API SN, linha leve, gasolina ou flex:

Na sequência, apresento um óleo 5W30 API SN, porém homologado para motor Ecobooster, que atende Land Rover, Jaguar, Volvo e Ford:

O mesmo API, porém, com a homologação da montadora, isso significa o que afinal?

Um lubrificante homologado, não é um simples detalhe de marketing, ou patrocínio, como muitos erroneamente acreditam. São lubrificantes, onde a montadora exigiu para seu projeto, um pacote de aditivação que forneça proteção ao motor que ela desenvolveu.

Por falta de conhecimento técnico, muitos veículos, tem sido em nosso Brasil, difamados, taxados como “bomba” e outros adjetivos, quando na verdade a manutenção errônea, uma manutenção básica, diga-se de passagem, preserva os componentes.

Assim, defeitos de sincronismo precoce, ou seja, motores que não passaram por intervenções mecânicas, em seus sistemas de acionamento do motor, sejam eles, correntes, correias banhadas a óleo, tem se proliferado nas redes sociais e mídias, como “defeitos crônicos”.

Quando na realidade, a única coisa crônica é a falta de conhecimento técnico.

Caro amigo leitor, aqui peço toda sua atenção:

Atente-se aos detalhes técnicos de cada manutenção, nossa frota é crescente, em veículos turbos, híbridos e elétricos. Para atender estas demandas, é de suma importância capacitar-se, buscar aperfeiçoamento em treinamentos, ir a uma palestra técnica não para o “lanche”, mas para buscar conhecimento.

Busque atentar e aplicar o que é recomendado pelo fabricante do veículo, não pela marca dos produtos, mas pela homologação determinada.

Deixo alguns exemplos, de bons lubrificantes, que dentro da mesma marca, oferece produtos de entrada e o correto exigido pelas montadoras:

Comum
Homologado

São todos óleos lubrificantes de marcas idôneas, porém com aplicações diferentes.

Há veículos, que não exigem nenhuma homologação, apenas que se atenda as normas e especificações básicas, por este motivo as fabricantes de lubrificantes tem seus produtos diversificados.

Encerramos assim, mais esta edição, te aguardamos até a próxima!

Leandro Marco
Professor de manutenção automotiva, graduado em Produção Mecânica Industrial, Mecatrônica Automotiva, Pós Graduado em Engenharia de Manutenção Automotiva, atua na reparação automotiva há 34 anos, proprietário da General Tech, Oficina de linha Premium em Uberaba MG.

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