Qualidade automotiva: o eixo estruturante da transformação e da competitividade do setor

Todas as empresas do setor automotivo dependem da capacidade de se adaptar, integrar e renovar continuamente para se manterem fortes

O 11º Fórum IQA da Qualidade Automotiva marcou um importante momento de reflexão sobre o papel da qualidade como força estruturante do futuro da mobilidade. Em um cenário de mudanças tecnológicas aceleradas, novas exigências regulatórias e transformações globais, torna-se evidente que a competitividade das empresas e de todo o setor automotivo depende de sua capacidade de adaptação, integração e renovação contínua de competências.

A vantagem competitiva já não se limita à eficiência produtiva ou à escala. Ela está na habilidade de perceber transformações no ambiente externo, transformar estruturas internas e alinhar estratégias para reagir com agilidade e consistência. Nesse contexto, a qualidade assume papel central, funcionando como o eixo que sustenta a confiança, a segurança e a previsibilidade necessárias para o avanço da indústria automotiva.

A Infraestrutura da Qualidade deve ser vista como um sistema integrado, formado por pilares interdependentes, entre eles a avaliação da conformidade, a acreditação, a normalização, a regulamentação e a vigilância de mercado. Quando esses elementos operam de forma coordenada, o resultado é um ecossistema fortalecido, capaz de ampliar a competitividade e criar as bases para a inovação responsável.

Ao lado da estrutura técnica, é essencial reforçar o vínculo entre qualidade, empresas e consumidores. Programas de certificação eficazes, comunicação técnica e iniciativas de educação contribuem para consolidar uma cultura de qualidade em toda a cadeia, da indústria ao consumidor final.

A transição tecnológica também impõe novos desafios. O setor automotivo vive uma fase de coexistência de soluções, com veículos elétricos, híbridos, a combustão e movidos por biocombustíveis, todos convivendo em um mesmo ecossistema. Essa diversidade exige abordagens mais amplas de gestão da qualidade, capazes de garantir eficiência, segurança e sustentabilidade.

Em meio à digitalização e ao avanço da inteligência artificial, cresce a responsabilidade das organizações na condução de processos seguros, éticos e energeticamente eficientes. A qualidade, nesse novo contexto, deve ser dinâmica, responsiva e orientada à inovação.

Nada disso, porém, é possível sem investimento em pessoas. O capital humano continua sendo o principal vetor de transformação. Por isso, a criação da Academia IQA representa um marco estratégico: um espaço dedicado à formação técnica, à disseminação de conhecimento e à valorização da competência profissional. A educação é a base para o avanço sustentável da qualidade e da competitividade.

Em um mundo de incertezas, marcado por tensões geopolíticas, rupturas logísticas e volatilidade econômica, a qualidade não é apenas um diferencial, mas um requisito de sobrevivência. É ela que assegura rastreabilidade, confiabilidade e estabilidade, protegendo empresas, consumidores e o próprio setor.

O caminho da qualidade deve unir técnica e propósito. Deve equilibrar inovação com segurança, adaptação com consistência e eficiência com ética. Somente assim será possível construir um futuro automotivo mais competitivo, sustentável e confiável, em que a qualidade continue sendo o eixo estruturante da transformação.

Claudio Moyses
Presidente da Diretoria Executiva do IQA
(Instituto da Qualidade Automotiva)

Confira as principais notícias do setor no portal da Revista Reparação Automotiva.