Mais um ano se passou, aconteceram muitos eventos no setor automotivo, por fim o Salão do Automóvel. E você caro amigo leitor acompanhando por todo o ano de 2025. Para iniciar, quero parabenizar a você e toda a nossa classe de reparadores automotivos, pelo dia do Mecânico, que comemoramos dia 20 de dezembro. Sabemos que esta profissão tem algo peculiar que é a paixão pelo que faz. Entra ano e sai ano, quando nos reunimos em algum evento do setor, podemos ver que, ainda tem muitos reparadores com o mesmo brilho nos olhos, a mesma alegria de pertencer a esta classe, mesmo enfrentando dificuldades, sempre rompendo barreiras, bem como encontramos muitos começando, também com aquele brilho no olhar e desejo de ser como aqueles que os inspirou.
Assim, como eu, alguns caíram de paraquedas na oficina, não era uma opção profissional, mas foi contaminado pelo vírus da reparação automotiva.

Um breve relato: Em 1986, aos 14 anos, eu queria uma moto Yamaha, 50 cilindradas.

Meu pai disse:
“Você sabe que fui criado na roça, e meu primeiro cavalo, trabalhei um ano para receber do meu pai, seu avô, um potro manga larga recém-nascido, que criei. Amansei durante três anos para depois desfrutar e andar em um cavalo manga larga…”
Ali, interrompi meu pai e disse:
Entendi, se eu quiser a moto eu trabalho e compro!
Ele respondeu: “Exatamente!”.
Sai do colégio após um dia de aula, pensando como eu iria trabalhar aos 14 anos, com um valor de salário, que pudesse me proporcionar comprar minha sonhada moto. Então, descobri que oficinas automotivas, contratavam ajudantes, porém inicialmente sem salário, pois precisavam ver se levava jeito para a profissão. Então lá fui eu, caí de paraquedas em uma “auto elétrica” (como chamamos aqui em Minas Gerais). E já faz 39 anos, que nunca mais sai, pois o vírus da reaparição me contaminou.
Então, parabéns a todos os reparadores automotivos deste nosso Brasil!
Como em toda matéria, não posso deixar de trazer conteúdo técnico, para você que nos acompanha a cada edição. Nesta, vamos analisar juntos, a evolução dos motores de combustão Interna, nos últimos 45 anos. Acompanhe comigo!
Resumo da evolução tecnológica
Entre 1980 e 2025, os motores a combustão interna passaram por grandes avanços em materiais e tecnologias de vedação. As vedações evoluíram de borrachas convencionais para compostos avançados como fluoro elastômeros, PTFE e materiais híbridos, capazes de resistir a maiores temperaturas, pressões e agentes químicos, acompanhando a busca por maior eficiência, durabilidade e redução de emissões.
Evolução dos materiais nos motores (1980–2025)

Anos 1980
• Motores predominantemente em ferro fundido e aço
• Vedações simples em borracha nitrílica (NBR), limitadas em resistência térmica e química
• Óleos minerais predominavam, o que exigia menos resistência química
1980: Borracha NBR e juntas de papel — soluções simples, baixo custo, mas pouca resistência térmica/química.
Década de 1980: Soluções simples e limitadas
• Predomínio de juntas de papel e borracha nitrílica (NBR)
• Resistência térmica e química limitada, adequada apenas aos combustíveis e óleos minerais da época
• Motores robustos, mas com manutenção frequente devido ao desgaste das vedações

Anos 1990
• Introdução de ligas leves de alumínio para blocos e cabeçotes, visando redução de peso
• Vedações começaram a usar fluoro elastômeros (FKM/Viton), suportando temperaturas mais altas e contato com combustíveis agressivos
• Normas ambientais (Euro 1 e 2) impulsionaram melhorias em durabilidade e controle de emissões.

Anos 2000
• Expansão do uso de polímeros de alta performance e compósitos em componentes internos
• Vedações com PTFE (politetrafluoretileno) e materiais multicamadas, reduzindo atrito e aumentando vida útil
• Motores passaram a operar com maior pressão de injeção e temperaturas, exigindo vedação mais robusta

Anos 2010

• Motores DOWNSIZED (menores, mais potentes) com turboalimentação.
• Vedações metálicas-elastoméricas e gaxetas de múltiplas camadas de aço (MLS) substituíram juntas convencionais.
• Resistência a biocombustíveis (etanol, biodiesel) tornou-se essencial, levando ao uso de elastômeros resistentes a álcool e oxidação.

Anos 2020–2025
• Materiais avançados como polímeros fluorados, grafite expandido e compósitos cerâmicos em áreas críticas
• Vedações inteligentes com revestimentos antifricção e maior resistência química
• Integração de vedação com design de motores híbridos e combustíveis sintéticos
• Normas Euro 6/7 e Proconve L7/L8 no Brasil exigem vedação que minimize emissões evaporativas e garanta durabilidade superior.

Observando, esta linha do tempo, podemos identificar que as maiores evolução dos motores estão ligadas aos sistemas de vedações, que a própria construção metálica dos motores.

Com todos estes avanços, também é possível identificar que o maior vilão contra os motores é a qualidade dos combustíveis que, em artigos científicos e técnicos o relacionam a partir do ano de 2010.
Principais mudanças nas ecnologias de vedação
• De borracha simples → elastômeros avançados (FKM, HNBR, EPDM)
• De juntas de papel → juntas metálicas multicamadas (MLS)
• De vedações passivas → vedações com revestimentos antifricção (PTFE, grafite)
• Maior resistência química: suportam gasolina com etanol, biodiesel e aditivos agressivos
• Maior resistência térmica: de limites de ~120 °C nos anos 80 para mais de 250 °C em materiais modernos
• Durabilidade ampliada: vida útil das vedações passou de dezenas de milhares de km para centenas de milhares
Por estes motivos, vivemos uma evolução constante dos óleos lubrificantes empregados aos novos motores.
Exemplo da evolução óleos lubrificantes para atenderem estes novos motores e seus sistemas de vedações.

Evolução dos Lubrificantes e Sistemas de Lubrificação (1980–2025)
Década de 1980 – Óleos minerais e sistemas simples
• Lubrificantes: Óleos minerais convencionais, com viscosidade elevada e baixa resistência à oxidação
• Sistemas: Bombas de óleo de vazão constante, filtros básicos e circuitos simples
• Motores: Baixa rotação, tolerâncias amplas, menor exigência térmica.
Década de 1990 – Óleos multiviscosos e aditivação
• Lubrificantes: Óleos multiviscosos com aditivos antidesgaste (ZDDP), detergentes e dispersantes
• Sistemas: Filtros mais eficientes, válvulas reguladoras de pressão e controle térmico aprimorado
• Impacto: Maior proteção contra depósitos e desgaste, o que permitiu motores mais compactos e potentes
Década de 2000 – Sintéticos e bombas variáveis
• Lubrificantes: Óleos sintéticos com alta estabilidade térmica e menor volatilidade
• Sistemas: Bombas de óleo variáveis, sensores de pressão e temperatura, lubrificação otimizada
• Motores: Turboalimentados, alta rotação, tolerâncias estreitas
Década de 2010 – Biocombustíveis e monitoramento Inteligente
• Lubrificantes: Compatíveis com etanol e biodiesel, controle de acidez e fuligem
• Sistemas: Recirculação de óleo, sensores inteligentes, integração com ECU
• Impacto: Extensão dos intervalos de troca e maior controle da degradação do óleo
Década de 2020–2025 – Baixa viscosidade e sistemas inteligentes
• Lubrificantes: Óleos 0W-20 e 0W-16, sintéticos com grafeno e coeficiente de atrito reduzido
• Sistemas: Bombas elétricas, lubrificação seletiva por demanda, monitoramento digital em tempo real
• Motores: Híbridos, start-stop, foco em eficiência energética e redução de emissões.
Encerramos assim, mais esta edição, desejando um feliz Dia do Mecânico, também um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!
Te aguardo aqui ano em 2026. Até lá!

Professor de manutenção automotiva,
Graduado em Produção Mecânica Industrial,
Mecatrônica Automotiva.
Pós Graduado em Engenharia de Manutenção Automotiva.
Atua na reparação automotiva há 34 anos, proprietário da General Tech, oficina de linha Premium em Uberaba MG.
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