Dia do mecânico: O reparador automotivo evolui

Para atender os veículos com novas tecnologias embarcadas e sistemas de propulsão, o profissional mecânico investe em conhecimento

No Brasil e também em outros países, como Portugal, o Dia do Mecânico, é comemorado em 20 de dezembro e homenageia esses profissionais essenciais para manter a mobilidade.

Essa profissão ganhou notoriedade no final do século XIX, por causa da popularização dos automóveis com motor a combustão, como o criado por Karl Benz em 1886, pois exigiam profissionais para reparos e manutenção.

Nos primórdios dos automóveis, o mecânico reparador, precisava primeiro desmontar o carro para entender e descobrir qual era o defeito.

O Brasil recebeu o primeiro automóvel em 1893, um Peugeot Type 3 movido a gasolina, importado de Paris, capital da França, por Santos Dumond, o inventor do avião. Ele também pode ser considerado o primeiro mecânico, da história dos automóveis em nosso País, pois na sua autobiografia chamada: “Os meus balões”, ele relata que se dedicou a estudar as diversas peças do Type 3 e a ação de cada uma, assim aprendeu a consertar a máquina.

Nos dias de hoje, o profissional mecânico, não precisa desmontar primeiro para entender, pois são vários os cursos e treinamentos disponíveis para que ele se atualize e aprimore os conhecimentos. Mas, apesar disso, são muitas ainda as necessidades encontradas por estes reparadores.

Uma das soluções encontradas para divulgar estes conhecimentos e buscar soluções foi a do associativismo. São vários os reparadores espalhados pelo Brasil, os quais se uniram em grupos, associações e sindicatos. Eles utilizam as ferramentas digitais para se comunicar e assim esclarecer dúvidas, trocarem conhecimentos em tempo real.

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Um dos pioneiros desta inciativa é Genuino Simioni, presidente do   NEA – Núcleo Estadual de Automecânicas de Santa Catarina e ARVESC – Associação de Reparadores Veiculares de Santa Catarina.

“No ano de 2025 o associativismo saiu da teoria e mostrou sua força real no chão de oficina. Mergulhamos na realidade dos nossos núcleos e vimos a inovação acontecer na ponta, do compartilhamento estratégico de ferramentas no Oeste e Meio-Oeste catarinense às reuniões itinerantes que fortaleceram o Litoral e Norte. Provamos que a união é a única resposta viável para os desafios de gestão e acesso técnico”, declara.

Os integrantes do NEA e ARVESC participaram de várias atividades, cursos, palestras e também de uma competição técnica. “O grande marco do ano foi, sem dúvida, o Repair Tech 2025, em Chapecó (SC). Mais do que um evento, ele foi o palco de um desafio pioneiro: a “Competição de Excelência Automotiva”. Pela segunda vez, testamos nossos profissionais em um circuito rigoroso de teoria e prática ao vivo. O sucesso foi tão estrondoso que o modelo, nascido aqui, já se prepara para ganhar escala nacional. Encerramos o ano com a casa arrumada e a estratégia definida com a ampliação da nossa entidade. Os problemas mapeados estão virando soluções. O futuro promete ser grandioso. Preparem-se: 2026 será um ano épico com a ENFAUTO, consolidando nossa liderança nacional. Feliz Dia do Mecânico!”, completa Simioni.

A chegada do primeiro automóvel iniciou o processo de mudança da mobilidade, criou a profissão de mecânico de automóveis, com o crescimento da frota surgiu o varejo de autopeças, abriu as portas para a instalação das montadoras de automóveis, fabricantes de autopeças e fortaleceu a economia do país. Quem entendeu esse movimento, apresentou soluções, usou a criatividade se beneficiou.

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José Luiz Guimarães, presidente do grupo de reparadores ABC da mecânica, no Rio de Janeiro declara que há mais de 60 anos, acompanha a evolução do setor. “Hoje com 70 anos de idade, continuo acompanhando de perto toda a evolução tecnológica do setor automotivo, desde os sistemas mais antigos até as soluções mais avançadas. Ao longo dessa trajetória, tornei-me mecânico referência em meu bairro e estado. Promovemos encontros, fóruns e participamos de eventos nacionais como Automec, Salão do Automóvel, diversos congressos, assistimos palestras, sempre em busca de conhecimento. Acredito firmemente que, “quem chega primeiro na fonte bebe água mais limpa”. Por isso, reforço a necessidade de atualização constante. O mercado cresce em ritmo acelerado, principalmente nos segmentos de veículos eletrificados, sejam eles híbridos, elétricos e também os automáticos, isso exigi profissionais preparados. Em 2026, a demanda será ainda maior, e aqueles que resistirem à mudança ficarão para trás”, afirma.

O Brasil é um país com dimensões continentais e uma frota circulante diversificada, o que dificulta a formação de profissionais, assim os sindicatos de classe procuram maneiras de aproximar seus associados aos meios que oferecem essas informações.

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Sandro Cruppeizaki, presidente do Sindirepa-PR, comemora as ações realizadas pela entidade que preside, pois elas contribuíram para o setor crescer em sua região de atuação. “Em 2025, os reparadores têm o que celebrar. O mercado de reposição (aftermarket) – tudo o que envolve peças e serviços depois que o carro sai da garantia de fábrica –, ganhou fôlego: mais opções e qualidade. As oficinas avançaram com catálogos digitais, diagnósticos modernos e gestão mais precisa, elevando produtividade e fidelizando o cliente.

Organizamos a Campanha Revisão Premiada, lançada este ano, ela trouxe mais movimento às oficinas e centros automotivos, reforçou a cultura da manutenção preventiva, fidelizou motoristas e movimentou fabricantes, distribuidores e varejo. No Sindirepa-PR, ampliamos parcerias, defendemos concorrência leal e qualificação contínua. Em 2026 seguiremos lutando por tributação justa e acesso à informação. Também abrimos espaço para tecnologia eletrificada que inclui híbridos e elétricos nas oficinas, ampliamos trilhas de capacitação e aproximamos o interior da mesma rede de suporte. Com tudo isso, 2025 marca o avanço do reparador paranaense com o sindicato ao seu lado”, avalia.

De Norte a Sul cresce o número de mulheres reparadoras de automóveis

No início, o segmento automotivo foi formado por homens, porém, com o passar do tempo, as mulheres conquistaram seu espaço e são importantes para a evolução do setor. 

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Leonor de Carvalho, presidente SINDIREPA-MA, fala sobre as dificuldades e soluções enfrentadas na região que atua. “A profissão de mecânico no Maranhão vive um momento decisivo. Embora o setor esteja em expansão, enfrentamos uma escassez crescente de mão de obra qualificada, o que reforça a importância da capacitação contínua e da formação técnica especializada. Ao mesmo tempo, observamos um movimento muito positivo: o interesse cada vez maior das mulheres em ingressar no segmento automotivo. Elas buscam cursos, participam de ações técnicas e demonstram grande potencial para atuar tanto na área operacional quanto na gestão das oficinas”.

Quando chega um novo ano, renovam-se as esperanças, são executados projetos para crescer e prosperar, os quais integram os objetivos da entidade maranhense. “Para 2026, o Sindirepa Maranhão projeta um trabalho ainda mais forte na formação profissional, ampliando parcerias e oferecendo programas focados em novas tecnologias e desenvolvimento humano. Nosso compromisso é estimular um ambiente moderno, inclusivo e preparado para atender às demandas de um mercado em transformação”, complementa a presidente.

Por sua vez, no Rio Grande Sul, em 2025, o Grupo AutoRede completou 20 anos de atuação no segmento da reparação automotiva, e pela 1ª vez, elegeu para a nova gestão mulheres como presidente e vice.  A associada Beatriz Ferreira está na 2ª gestão, e como vice presidente foi eleita Adriane Manique. “No segmento de reparo automotivo há um crescimento real da participação feminina, o que representa tanto uma renovação geracional quanto uma abertura para novos perfis profissionais. Isso sinaliza que há espaço e demanda para diversidade, e que o perfil da indústria do automóvel está mudando, tornando o setor mais inclusivo, inovador e alinhado com as transformações tecnológicas e sociais atuais”, comenta Beatriz Ferreira.

Apesar disso, a presidente considera que o crescimento da participação de mulheres é tímido. “As estatísticas mostram que ainda estamos longe da equidade, indicando que o setor precisa converter o ritmo de contratações em mudança estrutural de cultura e oportunidades. A eficácia das iniciativas de inclusão ainda depende de suporte real, capacitar e qualificar, para que existam, oportunidades iguais, combatendo preconceitos. Para que o avanço se mantenha, é essencial garantir que jovens mulheres vejam o setor automotivo como uma carreira possível”, complementa.

Grupos de reparadores promovem treinamentos, cursos e palestras

Outro exemplo de união para facilitar a busca do conhecimento é a Associação dos Mecânicos Premium Brasil, com sede em Santa Catarina.

Formada por mais de 50 mecânicos e oficinas parceiras de várias partes do País, atualmente é presidida por Vinicio Grimalt Pigozzo, que comemora o período de 2025. “A Associação dos Mecânicos Premium Brasil encerra o ano celebrando conquistas sólidas. O setor automotivo evolui rapidamente, trazendo desafios impulsionados pela tecnologia, diversidade de modelos e versões e a chegada de novas marcas ao mercado. Esse cenário também exige atualização constante do segmento de autopeças, ferramentas e equipamentos”, comenta.

No que diz respeito a evolução da profissão, a associação promoveu evento, inclusive com palestrantes internacionais. “Entre os destaques deste ano realizamos o 1º Seminário da Associação, que apresentou tendências e novas tecnologias, com palestrantes internacionais os quais mostraram o impacto crescente da inteligência artificial e da digitalização no reparo automotivo. O evento fortaleceu nossa posição no setor”, comemora.

No total foram 8 palestras durante quase 12 horas de conteúdo técnico, duas remotas para os palestrantes de fora com tradutores simultâneos, participaram: Eiken Weber, Rheinmetall Pierburg da Alemanha, com o tema eletrificação dos veículos. Também palestrou Felipe Coutinho, representante da Tesla, ele falou sobre Inteligência Artificial e Machine Learning.

Os resultados são satisfatórios, tanto que, Pigozzo incentiva outras iniciativas semelhantes. “Reforçamos a importância de uma Associação unida, que se destaca pela troca de experiências e soluções entre os membros. Ampliamos a relação com empresas sistemistas, firmamos parcerias de compras coletivas e contamos agora com 12 empresas parceiras de gestão. Colhemos ainda os frutos da missão empresarial de 2024 na Alemanha e Itália, impulsionando novas ideias, processos e abrindo portas para inovação contínua. Mantivemos treinamentos mensais atualizados e avançamos em diálogos com consulados para futuras parcerias internacionais. Encerramos o ano atentos aos desafios da eletrificação e dos sistemas de assistências ao condutor, certos de que formar profissionais preparados é fundamental. Dominar mecânica, softwares, altas tensões e novas arquiteturas eletrônicas será essencial para esta e para a próxima geração de especialistas”.

Desenvolver pessoas e fortalecer o setor

Em São Bernardo do Campo, cidade do ABCD paulista, considerada o berço da indústria automobilística, está o Grupo RAE Reparadores Automotivos Especializados, com mais de 16 anos de atuação.

A prioridade do Grupo é qualificar e aprimorar os profissionais mecânicos associados. “O Grupo RAE segue firme em seu compromisso de desenvolver pessoas e fortalecer o setor. Em 2025, a entidade ampliou suas ações e consolidou resultados expressivos, preparando terreno para um 2026 ainda mais promissor. Ao longo do ano foram realizadas mais de 12 palestras técnicas. Além da participação em feiras e eventos dedicados à tecnologia híbrida e elétrica, temas que vêm ganhando espaço e relevância no mercado brasileiro. O calendário anual também contou com duas datas marcantes: o Dia do Reparador Automotivo e o Prêmio RAE, que celebram os profissionais e empresas que contribuem para a evolução da reparação no país. Mais de 1200 profissionais passaram pelos treinamentos promovidos pelo Grupo, muitos deles realizados na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo, sede oficial dos eventos do RAE.

Em parceria com o SENAI, Sebrae e CIESP, a instituição ofereceu conteúdos focados tanto na gestão de negócios quanto no desenvolvimento de pessoas, áreas essenciais para a competitividade das oficinas”, lembra Sérgio Melo, vice-presidente do RAE.

Para 2026 eles já planejam uma agenda ainda mais robusta. “Entre as novidades estão visitas técnicas nas fábricas, novos treinamentos gratuitos em parceria com o Sebrae e o fortalecimento da cooperação com o SENAI Ipiranga, a primeira escola de mecânica de automóveis do Brasil, isso irá ampliar o acesso a conteúdo atualizado e de alto padrão técnico. O grupo reforça que muitas novidades estão por vir — e convida todos os profissionais da reparação automotiva a ficarem atentos aos próximos anúncios”.

O Prêmio RAE, que integra o calendário oficial de eventos da Prefeitura de São Bernardo do Campo, e instituiu o Dia do Reparador Automotivo Especializado já tem data marcada, será no dia 28 de maio de 2026.

As oficinas reparadoras de automóveis localizadas no interior de São Paulo, também evoluem para atender os clientes cada vez mais exigentes. É o que relata Max Filipe, Presidente da AESA-SP. “O setor de reparação automotiva no interior de São Paulo vive uma transformação silenciosa, porém decisiva. Nos últimos anos, as oficinas deixaram de ser ambientes guiados pelo improviso e passaram a operar com mentalidade empresarial, compreensão técnica avançada e uma busca constante por profissionalização. Essa mudança não surgiu por tendência ou moda: ela foi empurrada pela evolução dos veículos, pela exigência dos clientes e pela necessidade de posicionar o mecânico moderno como um especialista em tecnologia. Hoje, gestão e conhecimento técnico não são diferenciais — são o mínimo necessário para sobreviver”, fala ele.

O Max reconhece que as empresas reparadoras de automóveis entenderam a necessidade de uma boa administração para evoluir.

“As oficinas do interior entenderam, de forma clara, que administrar bem é tão importante quanto saber diagnosticar um carro. A eletrônica embarcada evolui em ritmo acelerado: sistemas de assistência à condução, módulos interconectados, redes CAN e LIN, carros híbridos e elétricos, atualizações OTA e sensores distribuídos por todo o veículo. Diante desse cenário, cada mecânico teve de fazer uma escolha: acompanhar a transformação ou ficar preso a um modelo que já não atende às demandas do mercado. Felizmente, a maioria escolheu evoluir. O diagnóstico deixou de ser tentativa e erro e se tornou análise técnica, leitura de dados e compreensão profunda de sistemas. A oficina que investiu em conhecimento cresceu; a que não investiu, ficou para trás”.

Neste dia 20 de dezembro, o Dia do Mecânico de automóveis, o reparador automotivo merece as homenagens, pois é um profissional importantíssimo para manter a mobilidade e o crescimento do Brasil. 

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