Mesmo com queda no petróleo, preço do diesel no Brasil segue incerto
A previsão da U.S. Energy Information Administration (EIA) para 2026 aponta uma queda de 4% no preço médio do diesel nos Estados Unidos, chegando a US$3,50 por galão. A redução acompanha a expectativa de recuo de cerca de 20% no preço do barril de petróleo Brent, que deve atingir média anual de US$55. Essa tendência está relacionada ao aumento dos estoques globais, à desaceleração da demanda e à ampliação da oferta por parte da OPEP+.
No entanto, mesmo com esse cenário internacional favorável, o comportamento do preço do diesel no Brasil não segue, necessariamente, a mesma lógica.
Política de preços da Petrobras adiciona incertezas
Desde maio de 2023, a Petrobras abandonou a política de paridade internacional (PPI), que vinculava os preços internos às cotações do petróleo e ao câmbio. No modelo atual, os reajustes são baseados no custo alternativo do cliente e no valor marginal da estatal, com possibilidade de aplicação de um mecanismo de amortecimento para suavizar oscilações.
O problema é que esse “colchão” não possui regras claras e públicas, o que dificulta qualquer previsão sobre quando e como os preços serão ajustados. Mesmo que o PPI esteja abaixo do preço doméstico, não há garantia de que a Petrobras reduzirá os valores de forma imediata ou proporcional.
Fatores internos influenciam o valor final
Além da política da Petrobras, outros elementos impactam diretamente o preço do diesel no Brasil. Entre eles estão:
- Câmbio
- Mistura de biodiesel
- Impostos (como o ICMS, que já terá aumento de R$0,05 por litro em janeiro)
- Estoques internos
- Margens de refino
- Riscos geopolíticos e decisões da OPEP
Esses fatores tornam o cenário interno mais complexo e menos previsível, mesmo diante de uma tendência internacional de queda.
Ano eleitoral pode influenciar decisões estratégicas
O ano de 2026 será eleitoral no Brasil, o que adiciona uma camada política ao debate sobre os preços dos combustíveis. Historicamente, decisões estratégicas da Petrobras já foram influenciadas por interesses políticos, especialmente em anos de eleição. Isso pode levar à manutenção de preços artificialmente controlados, com impacto direto no mercado e na previsibilidade do setor.
Tendência internacional não garante alívio no Brasil
Embora o petróleo represente cerca de 50% da composição do preço final do diesel, o restante da equação é composto por variáveis locais e decisões estratégicas da Petrobras. A estatal já opera há meses com preços abaixo do mercado internacional, o que levanta dúvidas sobre a sustentabilidade dessa política no médio prazo.
Portanto, mesmo com a previsão de queda no preço do petróleo e do diesel no exterior, o consumidor brasileiro pode não sentir esse alívio no bolso. A incerteza permanece, e o comportamento da Petrobras será decisivo para definir o rumo dos preços em 2026.

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