Governos, montadoras e a sociedade em geral estão repensando a estratégia de eletrificar os automóveis europeus.
Na última década, quando a Europa abraçou o VE (Veículo Elétrico), a certeza era absoluta. Regras rígidas chegaram para trocar o motor a combustão pelo carro elétrico, era a solução do futuro limpo.
Montadoras com estratégias e incentivos fiscais animaram o consumidor. Mas o caminho fácil, revelou-se uma autoestrada com obstáculos, isso obrigou a realizar um replanejamento.
O custo dos VEs ainda é alto para a maioria das pessoas, principalmente os de maior autonomia. Em 2023, as vendas caíram por causa dos cortes nos incentivos fiscais europeus.
Outro fator é a autonomia em longas viagens, e o tempo de recarga, muito maior que abastecer um tanque tradicional. Isso também se tornou um problema na aceitação em massa fora das grandes cidades.
O VE é ótimo no dia a dia, mas longos trajetos exigem muito planejamento, e pode até gerar estresse. É similar à bateria de um celular no vermelho em um momento crucial.
Ao mesmo tempo, fábricas europeias enfrentaram a brutal realidade industrial, que exige enormes investimentos em tecnologia e na produção de baterias.
O lado oculto da eletrificação
Na Europa, o custo ambiental oculto da eletrificação é cada vez mais debatido. Se a eletricidade que carrega os veículos vem de combustíveis fósseis, a poluição está apenas mudando de lugar, saindo do carro para as centrais elétricas. É a troca de um problema por outro.
Além disso, a reciclagem das baterias ainda precisa de uma solução industrial e econômica em grande escala. O final da vida útil de um carro elétrico é um enorme desafio. Será que estamos trocando a emissão de gás carbônico por outra poluição ainda sem solução?
O senso comum da eletrificação
Estes fatores levaram montadoras europeias a repensar seus planos, adiando o final dos motores a combustão e reforçando investimentos nos híbridos. É óbvio que a transição 100% não está como o planejado.
Isto também forçou a Europa a abrir espaço aos e-fuels.
Este combustível tem um balanço de emissões neutro em carbono, isso permite que os motores tradicionais continuem a ser vendidos.
Sua vantagem é manter a utilização da infraestrutura de postos e veículos existentes.
Conclusão do senso
O VE não é vilão, mas também não é a única solução. Ele integra a transição, mas não pode ser imposto sem levar em conta o custo para o consumidor, a origem da energia, e o problema do lixo das baterias.
A Europa mostra que o senso comum está vencendo a ideia única.
Carros híbridos ganharam uma grande importância como ponte necessária para uma mudança suave.
O futuro da mobilidade não é mais a certeza absoluta de que o VE é a solução definitiva. É um momento de reavaliação, onde o caminho para a neutralidade carbônica precisa ser trilhado com a adoção de diversas tecnologias. O importante é chegar ao objetivo zero de emissões, e isso não será de uma forma única!

Publicitário com especialização em marketing, acumula 26 anos no de atuação no mercado de autopeças. Consultor e Palestrante em Gestão Empresarial, Liderança, Comercial e Motivacional.
Vive na Europa desde 2022
@tonferreiraconsulting
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