Custo elevado, falta de infraestrutura, dependência de importação dos veículos e peças, são alguns dos fatores que limitam o crescimento da frota eletrificada
A frota de veículos elétricos e híbridos que circulam no Brasil ultrapassou 503,3 mil unidades até setembro de 2025, por sua vez, 60% desse montante foi de unidades importadas da China, a maioria delas das marcas BYD e GWM.

Principais marcas e modelos
Das 10 principais montadoras da China, 6 já estão no Brasil: BYD (4,2 milhões de vendas globais), SAIC (4 milhões), Geely (3,3 milhões), FAW (3,2 milhões), Changan (2,7 milhões), Chery (2,6 milhões), Dongfeng Motor (2,5 milhões), GAC (2,0 milhões), BAIC (1,7 milhão) e GWM (1,2 milhão).

Nos últimos meses quem está se dando melhor é a Chery com o modelo Jaecoo 7 (uma SUV tipo PHEV) com preço à partir de R$ 230 mil.
Infraestrutura de recarga
A infraestrutura de carregamento também está em expansão, com crescimento de 179% nos eletropostos em 2024. No entanto, a cobertura ainda é desigual, com maior concentração nos centros urbanos e carência em rodovias e cidades menores.

A falta de infraestrutura adequada é um obstáculo para motoristas que desejam utilizar veículos elétricos fora dos centros urbanos. A instalação de carregadores em pontos estratégicos, como postos de combustíveis, áreas de descanso e entroncamentos rodoviários, permite que os condutores planejem suas rotas com segurança, sabendo que terão acesso a recargas rápidas e eficientes. Além disso, a distribuição geográfica dessas estações deve ser planejada para cobrir as principais rotas do país, conectando grandes cidades e regiões, como o eixo São Paulo Rio de Janeiro, que concentra alta demanda por mobilidade. Em ambientes urbanos, shoppings e outros locais de grande circulação, como supermercados e universidades, também são pontos estratégicos para a instalação de carregadores elétricos. A presença de estações de carregamento nesses espaços agrega valor aos estabelecimentos
O Brasil conta com aproximadamente 17 mil pontos de recarga públicos e semipúblicos para veículos elétricos. A maioria desses pontos (cerca de 13.025) são carregadores lentos, mas o crescimento dos carregadores rápidos (DC) está superando o dos lentos, impulsionando a expansão da infraestrutura. Esses pontos estão concentrados nas regiões Sudeste e Sul, mas a expansão está ocorrendo em todo o país, inclusive no interior.
Soluções caseiras e custos de instalação
Uma das grandes barreiras que terão que ser superadas, diz respeito ao atendimento das exigências legais e estruturais necessárias para instalação de carregadores residenciais no país.
Já há um cenário mais otimista sobre a questão da eletromobilidade, na visão da ABVE – Associação Brasileira do Veículo Elétrico, especialmente no atendimento de normas de segurança para recargas elétricas em prédios e garagens de edifícios.
Só para se ter uma ideia da magnitude desse problema, tomando a cidade de São Paulo como exemplo, onde existem aproximadamente 40.000 edifícios acima de 3 andares, residenciais ou comerciais, condomínios com média de 4 garagens por andar, sendo que mais de 90% desse universo não possui atualmente estruturas adequadas para atender normas de segurança com recarga de veículos elétricos.
A ABVE alerta que respeita as determinações e diretrizes da Ligabom (Conselho Nacional de Bombeiros Militares), mas pede que algumas medidas restritivas sejam revistas (como a necessidade de instalação de splinkers – chuveiros automáticos), sob risco de dificultar a expansão da mobilidade elétrica em condomínios.
Para carregar um carro elétrico em casa pode-se usar uma tomada doméstica convencional (com o carregador portátil) para carregamentos lentos, ou instalar um carregador residencial tipo Wallbox para um carregamento mais rápido e seguro. É fundamental que um eletricista qualificado verifique e configure a instalação elétrica da residência de forma segura, seguindo as normas técnicas. O carregamento doméstico é prático, econômico a longo prazo e permite carregar o veículo durante a noite, aproveitando tarifas de energia mais baixas. O preço de um carregador residencial tipo Wallbox varia entre R$ 4 e 7mil.
Tipos de carregadores
Apesar de não precisar parar em um posto de combustível para abastecer, o carro elétrico necessita ter a bateria carregada regularmente para garantir a autonomia de uso nas ruas.
Para isso, é necessário que o dono utilize uma estrutura de carregadores que podem ser colocados tanto em locais públicos, quanto em residências, oferecendo soluções adequadas para os motoristas no dia a dia. Os carregadores podem ser divididos entre os de corrente contínua (AC) e os de corrente alternada (DC).
Os de corrente alternada (AC) possuem potência menor e demoram um pouco mais para carregar e demandam um menor custo de instalação. Os de corrente contínua (DC) são os mais potentes e carregam a bateria de forma mais rápida, são recomendados para lugares onde o carregamento precisa ser mais rápido.

Carregador de emergência
Leve e de fácil manuseio, o carregador de emergência acompanha o veículo e pode ser utilizado em tomadas comuns residenciais (8 A ou 10 A), tanto 110V quanto 220V. Podem demorar até 40 horas para carregar completamente a bateria, dependendo do tamanho e da potência da tomada.

Carregador portátil
| Os carregadores portáteis, apesar de parecidos com os de emergência, fornecem maior potência de carregamento, podendo chegar até 22 kW, podendo carregar uma bateria de 40 kW em menos de duas horas. São indicados para carregamentos noturnos em casa ou no escritório. |

Carregador residencial ou Wallbox
| Os carregadores Wallbox são instalados nas paredes, sendo indicados para residências, oferecendo potência entre 3,7 kW e 22 kW em corrente alternada (AC). Esse modelo é capaz de carregar um carro em apenas duas horas dependendo da tensão em que for instalado. |

Carregador comercial
| O carregador comercial é parecido com o residencial, podendo oferecer potência de até 40 kW, carregando um veículo em um período que vai de duas a seis horas. Outro diferencial desse tipo é a possibilidade de carregar mais carros de forma simultânea, já que podem ter mais de uma saída para carregamento. |

Carregador de carga rápida
| Disponíveis em eletropostos são capazes de carregar completamente um veículo em questão de minutos. Esse tipo de carregador pode oferecer potência de até 60 kW em corrente alternada (AC), ou até 400 kW em corrente contínua (DC). A indicação é usá-lo em casos onde é necessário a carga rápida, como em viagens, por exemplo. |
Tendências
Apesar do crescimento, a popularização dos elétricos enfrenta alguns desafios no Brasil, listados abaixo.
Preço elevado: O preço continua sendo um fator limitante para a maioria dos consumidores.
Infraestrutura limitada: A cobertura de eletropostos, especialmente fora das grandes cidades, ainda é um obstáculo para viagens de longa distância.
Dependência de importação: Apesar da produção nacional em crescimento, o mercado ainda depende de veículos e componentes importados, especialmente da China.
Desafios: A infraestrutura ainda é insuficiente em relação ao crescimento da frota de veículos elétricos, com uma média de 33,8 carros para cada ponto de recarga. A expectativa é que, até 2030, sejam necessários pelo menos 70.000 pontos para atender à demanda.

Economista, pós-graduado em Marketing e professor universitário. Há 30 anos atua no mercado de reposição de autopeças
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