Nascido na Mercedes-Benz, o motor mais popular da montadora alemã veio de um projeto militar dos anos 1950
O Volkswagen AP (sigla para alta performance) é um motor de combustão interna de 4 cilindros em linha, refrigerado a água, com bloco em ferro fundido. O VW AP foi comercializado em três cilindradas: 1600, 1800 e 2000 cc.
A história de sucesso do motor AP começou na Alemanha, onde esta família de propulsores é conhecida pelo nome de EA827. Esse motor era resultado de um projeto iniciado nos anos 1960, quando a Audi ainda era parte da Mercedes-Benz e queria uma nova linha de motores de quatro cilindros para a marca das quatro argolas. Esta nova família deveria ser simples de produzir e ao mesmo tempo avançada tecnologicamente, trazendo novidades para a época como o comando de válvulas no cabeçote e correia dentada de borracha no lugar da corrente metálica.
Esse mesmo motor chegou ao Brasil dois anos depois, com o do Volkswagen Passat. Por aqui, ele iria ser chamado de motor BR (1.5 de 65 cv) e BS (1.6 de 80 cv). Em 1982, o EA827 brasileiro passou pela sua primeira atualização e agora era conhecido como MD, disponível nas variações 270 (1.6, para Gol, Passat, Voyage e Parati) e 280 (1.8, no Passat, Santana e Gol GT 1984), tendo recebido novos pistões e novo comando de válvulas, além de outras alterações menores.
Os motores MD-270 cobraram o preço das mudanças: suas bielas eram muitos curtas, de 136 mm, e o virabrequim tinha curso maior. Se por uma lado essas características aumentavam o torque, por outro fazia com que os motores vibrassem muito.
O motor com a sigla AP nasceu em 1985, quando a Volkswagen corrigiu esse problema.
Instalaram bielas maiores, de 144 mm, pistões de maior diâmetro e virabrequim com menor curso (comparando os 1.6 entre si). Foi o suficiente para garantir aos 1.6, 1.8 e 2.0 8 válvulas um ótimo funcionamento.
O AP equipou vários carros que até hoje são cultuados pelos fãs dos Volkswagen, como o Santana Executivo e o esportivo Gol GTI, modelo que foi o primeiro nacional injetado, combinando o AP-2000 com um sistema de injeção eletrônica Bosch LE-Jetronic, além dos Volkswagen Fox e Fox Wagon, as variações de Voyage e Parati que eram exportadas para Estados Unidos e Canadá. Foi nessa mesma época que os Ford brasileiros passaram a utilizar o propulsor do fabricante alemão. Reflexo da Autolatina, joint venture formada pelas duas fabricantes na América Latina entre 1987 e 1996.
Na sede Alemã da montadora, os motores da família EA827 seguiram evoluindo, ganhando, por exemplo, variações com compressor mecânico e cabeçote de fluxo cruzado. Mas no Brasil, embora a filial local d tenha criado uma exclusiva variação diesel, usada em modelos como a Saveiro e a Kombi, o motor AP foi produzido apenas em sua configuração básica, com cabeçote convencional de 8V. A única exceção entre os VW nacionais foi o Gol GTI 16V. Mas que trazia um 2.0 16V alemão de 141 cv. Mesmo sem mudanças de grande porte como no passado, o motor AP (ou EA827) seguiu firme e forte nos anos 2000. Em 2003, o AP-1600 do Gol Power 1.6 Total Flex foi o primeiro motor usado em um carro feito em série no Brasil a contar com a tecnologia flex de combustível.
Esse querido motor chegou ao fim com a Parati, em setembro de 2012.
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