Seja ela autolimpante ou não, o fato é que a injeção eletrônica é uma tecnologia importante para os automóveis e bem eficaz se mantida de forma adequada
Com a rápida evolução dos motores dos automóveis, o velho carburador começou a não conseguir suprir as necessidades dos novos veículos, no que se refere à emissão de gases, economia de combustível, potência e respostas rápidas nas acelerações. O sistema de injeção eletrônica foi criado para substituir os carburadores e melhorar o desempenho dos automóveis, esse sistema controla a mistura de ar e combustível do motor do veículo, reduzindo as emissões de gases poluentes.
“Basicamente no sistema de injeção, a quantidade de combustível para ser usada pelo motor é determinada por muito mais variáveis de funcionamento do motor e dosada de forma muito precisa. Além disso, com o uso de software no sistema, mais itens do motor passaram a ser controlados eletronicamente, como a ignição, a borboleta, o sistema de purga do tanque de combustível, a partida a frio, o comando de válvula variável, etc.”
Explica o gerente de Desenvolvimento de Produto da divisão Gasoline Systems da Robert Bosch, Fábio Ferreira
Com isso, a injeção eletrônica realmente chegou nos automóveis e deixou para trás o antigo carburador. No final da década de 80, mais especificamente em 1989, o Brasil conheceu essa tecnologia através do Volkswagen Gol GTi, que não demorou muito a ter novos seguidores como o Monza Classic 500 EF, o Kadett GSi, o Uno 1.6R mpi, entre outros. “Tudo isso permitiu melhoria de combustível muito significativa e a introdução de catalisadores de três vias, que reduziu drasticamente a emissão de poluentes. Também a qualidade das partidas, da marcha lenta, da dirigibilidade e durabilidade foram melhoradas. O sistema se auto ajusta a mudanças ambientais (temperatura e pressão) e do motor, o que reduziu muito a necessidade dos “ajustes” que se faziam com frequência nos carburadores”, afirma Ferreira.
“Com a introdução da injeção eletrônica digital, a dosagem de combustível é sempre a exata para condição de utilização, além de a ignição por ser digital mapeada, permite que o motor trabalhe sempre na condição ótima de funcionamento. Entre os ganhos estão: menor consumo, maior potência, melhor dirigibilidade e redução nas emissões de poluentes.”
Explica o engenheiro da Magneti Marelli, Eduardo Campos
Funcionamento do sistema de injeção eletrônica
Quando se dá a partida no veículo, os pistões do motor sobem e descem e o sensor de rotação sinaliza para a unidade de comando a rotação do motor e esta, por sua vez, permite que as válvulas e injeção proporcionem a quantidade de combustível ideal para o volume de ar admitido, isso com certeza todo reparador já sabe.
Além disso, não se pode deixar de falar que os sistemas de injeção eletrônica são constituídos basicamente por sensores, que enviam informações à unidade de comando (sinais de entrada), e atuadores, que recebem a informação e atuam como variadores de volume de combustível que o motor irá receber e assim corrige o ponto de ignição e marcha lenta.
Diferenças entre os sistemas a gasolina
De acordo com Ferreira, as diferenças entre os sistemas a gasolina, flex ou trifuel, podem ser percebidas através da seguinte explicação. “Em relação à gasolina, no veículo flex o sistema de injeção possui funções adicionais de software, que fazem a determinação de qual combustível está sendo queimado pelo motor e, com isso, fazem a alteração de vários parâmetros de funcionamento do motor. A consequência será que a quantidade de combustível, o ponto da ignição, a abertura da borboleta e, caso exista, a posição do eixo de comando variável serão ajustados de acordo com o combustível usado”.
Além da central eletrônica, também se alteram alguns componentes que fazem contato com o álcool combustível, como o conjunto de bomba de combustível, a válvula injetora, a galeria de combustível e as velas de ignição. “Se tomarmos como base os sistemas de injeção de 15 anos atrás, as diferenças de um sistema a gasolina para um flex são: a capacidade de processamento das centralinas, components em contato com o combustível, resistentes ao álcool (materiais) e o software de reconhecimento dos combustíveis.
Já o sistema trifuel possui todas as alterações do flex, porém com o acréscimo do controle do gás natural veicular. “Ou seja, o veículo recebe todo o circuito de GNV, que no caso do gerenciamento do motor significa: válvulas de injeção de gás; galleria de gás; sensor de temperatura e pressão GNV; válvula de desligamento; regulador da pressão do GNV; opcionalmente, chave de seleção do tipo de combustível”, explica Ferreira.
Neste caso, o software também é bastante modificado para incluir todo o controle diferenciado do motor com base nas necessidades a cada momento. Os parâmetros são a dosagem de gás injetado, abertura da borboleta, avanço da ignição e, quando necessário, o ajuste da sobreposição da injeção simultânea de combustível líquido. “Se considerarmos os sistemas atuais, a principal diferençaé o software de reconhecimento dos combustíveis.
Quanto ao tri-fuel (considerando flex + GNV), a diferença é o software e os sistemas de armazenamento (cilindros) e alimentação do gás”, completa Campos.
Diagnóstico do sistema de injeção eletrônica
Um dos motivos de dúvidas e discussões sobre o sistema é a maneira correta de fazer ou não a limpeza dos bicos. Alguns acreditam que o sistema é autolimpante, outros acham que não é bem assim, mas como existem várias evoluções da tecnologia, será que uma única resposta serve para todos os tipos e fabricantes de injeção?
Em primeiro lugar é necessário diagnosticar o problema, perceber quais mudanças o veículo apresenta para que haja indícios de bicos sujos, como motor que falha, aumento de consumo, queda de desempenho e aumento da emissão de gases poluentes. Realize o diagnóstico do sistema de injeção eletrônica para que seja detectado o problema e avaliado se há necessidade de limpeza nos bicos injetores ou se será feita a substituição desses componentes.
Segundo alguns técnicos da divisão de Automotive Aftermarket da Bosch, fabricante do sistema, com o advento da injeção eletrônica multiponto no País, no final dos anos 80, a versão de injector Bosch disponível era a EV1.3A, a qual, com determinados combustíveis, sem aditivos, mostrava-se suscetível à formação de depósitos. Na ocasião, combustíveis de má qualidade potencializavam o problema, e assim alteravam o funcionamento do injetor e diminuíam a vazão de combustível (plugging).
A fim de evitar tal ocorrência, a Bosch desenvolveu a versão EV1.3C, tendo se mostrado estável aos efeitos dos combustíveis conforme resoluções ANP vigentes. Para os injetores da versão EV1.3A já em campo, a Bosch investigou diferentes possibilidades de limpeza visando a eliminar a obstrução que comprometia o funcionamento do injetor. O método que apresentou melhores resultados foi o de limpeza por ultrassom.
Evolução do sistema de injeção eletrônica
A evolução dessa tecnologia levou a Bosch, a partir de 1996, a oferecer uma nova válvula de injeção, a EV6. Para esta versão, sob condições normais de uso com combustíveis conforme legislação vigente – resoluções ANP: nº 36, de 06.12.2005, para o álcool hidratado, e nº 309, de 27.12.2001, para gasolina, não há necessidade de nenhuma espécie de limpeza.
Segundo a fabricante Magneti Marelli, a explicação para o termo autolimpante procede. “Num sistema de injeção eletrônica, o combustível trabalha em altas pressões (3 a 4,5 Bar) fazendo com que a própria pressão do combustível limpe os bicos injetores”, afirma o engenheiro.Embora tenha esta tecnologia autolimpante, a limpeza não pode ser descartada. “A limpeza dos bicos somente é necessária, se após um exame minucioso do sistema de injeção, mostrar que tal intervenção é necessária. O tipo de limpeza recomendado é o que é previsto no manual de uso e manutenção do veículo. Quanto à periodicidade, se os filtros do sistema estiverem sempre dentro das especificações corretas e os combustíveis utilizados forem de boa qualidade, não é prevista a limpeza durante a vida útil do veículo”, explica Campos.
De acordo com o engenheiro, “a limpeza dos bicos só é recomendada se for detectada alguma anomalia no funcionamento do veículo e esta for confirmada pela análise eletrônica (scanner) do sistema”.
Cuidados especiais no sistema de injeção eletrônica
O reparador pode aconselhar o consumidor para que ele fique atento para algumas práticas que podem afetar o funcionamento do sistema de injeção eletrônica, como por exemplo, combustível adulterado (gasolina ou álcool), falta de manutenção preventiva e o não cumprimento dos períodos de troca de óleo determinados pelo manual do fabricante do veículo.
De acordo com diretor técnico do Sindirepa-SP, sócio da oficina Mecânica do Gato e colunista deste jornal, César Samos, como os vapores do óleo lubrificante são direcionados do cárter para o coletor d admissão através do sistema de ventilação positive e então queimados pelo motor, quando a troca não é feita regularmente começam a se formar resíduos em vários pontos do motor, inclusive nos bicos injetores.
O combustível adulterado também gera acúmulo de impurezas no sistema de injeção. O uso de combustível aditivado (gasolina ou álcool) é a melhor maneira de evitar que o sistema de injeção eletrônica sofra interferências que afetem o seu desempenho, pois possui substâncias que promovem a remoção de resíduos do sistema de injeção eletrônica.
Além disso, é importante ressaltar também que o motorista deve ter alguns cuidados para garantir o funcionamento do sistema de injeção eletrônica, como evitar dar bombeadas no acelerador ao desligar o motor ou mesmo fazer o carro pegar no tranco. Esses hábitos provocam excesso de combustível dentro da câmara de combustão que, aos poucos, podem danificar o catalisador, responsável pela redução, através de reações químicas, dos gases do escapamento lançados na atmosfera.
Para o perfeito funcionamento do sistema, é mandatória a manutenção preventiva prevista no manual do proprietário do veículo, tais como a troca dos filtros”
Aconselha o engenheiro.
Outra dica importante, enfatizada pela Magneti Marelli é evitar transitar com o combustível na reserva, para que eventuais partículas de sujeira que ficam no fundo do tanque sejam captadas pela bomba de combustível. De um modo geral, se os filtros estiverem operantes, não há restrições. “Ao utilizar o veículo com o combustível sempre na reserva, a tendência é de um aumento no consumo de combustível devido a uma maior evaporação do combustível pela grande quantidade de ar presente no reservatório”, completa Campos.
Limpeza dos bicos injetores
A limpeza dos bicos injetores é importante, de acordo com o modelo e fabricante, além disso, os procedimentos a serem usados e recomendados pelo Sindirepa-SP são baseados na norma ABNT CB 05 NBR 14.753 sobre “Veículos Rodoviários Automotores – Válvula Injetora Ensaios de Manutenção” sobre regulagem de motor. É importante salientar que dificilmente um veículo com 15.000 km rodados precisa da realização da limpeza dos bicos. Fazer a manutenção preventiva em uma oficina de confiança é a melhor maneira de evitar panes elétricas e falhas mecânicas inesperadas, o que garante também a segurança no trânsito, economia de consumo de combustível e redução dos níveis de poluentes.
Baixe os catálogos dos fabricantes apoiadores da Revista Reparação Automotiva
Ouça o Podcast da Revista Reparação Automotiva
Acesse a banca digital da Revista Reparação Automotiva
Inscreva-se no Canal TV Reparação Automotiva no Youtube
Siga a Revista Reparação Automotiva no Linked In
Siga a Revista Reparação Automotiva no Instagram