O ano de 2022 marca os 40 anos de história do Chevrolet Monza. Projeto idealizado no final da década de 1970, o modelo se tornou o primeiro carro mundial da Chevrolet. Sendo um sucesso de público e venda, ele recebeu diversos modelos e chegou ao fim no final da década de 90. A Revista Reparação Automotiva conta um pouco da sua história.
Monza e sua popularização no mundo
Tentando ganhar o mercado mundial, no final da década de 70, a GM elaborou um plano de criação de um modelo que pudesse ser vendido ao redor do mundo, tendo apenas pequenas mudanças, surgindo assim o projeto J-car.
A partir de 1981, o projeto J se espalhou pelo mundo com diferentes nomes. Na Europa ele ficou conhecido como Opel Ascona (o Ascona C) e do Vauxhall Cavalier. Na Austrália foi o Holden Camira e no Japão, o Isuzu Aska. Nos EUA era Chevrolet Cavalier, Cadillac Cimarron, Buick Skyhawk, Oldsmobile Firenza, Pontiac 2000 e Pontiac Sunbird.
O Brasil entrou no projeto apenas em 1982, quando o modelo nacional recebeu o nome de Monza. No inicio o modelo iria manter o mesmo nome Europeu (Ascona), mas por medo de a nomenclatura do veículo lembrasse a palavra asco, optaram pelo Monza, nome usado pela própria GM em mercados americanos e europeus, mas em modelos diferentes.
O modelo nacional
O Monza chegou ao Brasil cheio de pompas, ganhando até matéria especial no Jornal Nacional. Além do nome diferente, o modelo nacional possuí diferenças significativas com os modelos de fora. Na Europa havia versões sedã de duas ou quatro portas e hatch de quatro portas. Já o Monza nacional tinha uma exclusiva carroceria hatch de duas portas.
Por ter um conceito global, o modelo recebeu diversas novidades na sua construção. Ele possuí um motor transversal, algo que apenas o Fiat 147 tinha por aqui. A tração dianteira era coisa inédita nos GM fabricados em São Caetano do Sul. O painel era côncavo, pensado para melhorar a ergonomia, além das linhas elegantes e aerodinâmicas.
Com a vinda do Monza, o Brasil começou a receber os motores Família II, que marcaram época por aqui. A versão de estreia tinha 1,6 litro de cilindrada. Com 75 cv brutos, os primeiros Monza eram vistos como “mancos”.
Do motor 1.6 quase não se ouviam barulhos, graças aos tuchos hidráulicos no cabeçote, solução até então nunca usada no Brasil. Mas era só avançar a quilometragem que os mancais do comando de válvulas se desgastavam, gerando ruídos.
Monza e suas diferente versões
Desde o começo, o modelo ganhou muitos fãs por aqui e, consequentemente, recebeu diversos modelos. Na época, a configuração mais desejada era a sedã de duas portas com motor 1.8 e itens de luxo como vidros, travas e antena com acionamento elétrico, direção hidráulica e ar-condicionado.
O grande momento do Monza aconteceu entre 1984 a 86, quando conseguiu ser o modelo mais vendido no Brasil, mesmo não sendo um modelo barato se comparados com o Fusca e o Chevette.
As importações eram proibidas e as personalizações de carros nacionais faziam sucesso. O Monza não poderia ficar de fora, com versões conversíveis (feitas pelas empresas Sulam e Envemo) e station wagon (também da Envemo).
Em setembro de 1985, a GM lançou a versão esportiva S/R, com spoiler traseiro, aros de 15 polegadas e bancos Recaro. O motor 1.8 a álcool recebeu carburador de corpo duplo, além de dutos de admissão e escapamento novos para gerar 106 cv (10 cv a mais que o normal). Fazia frente a Passat GTS, Escort XR3 e Gol GT.
O seus últimos anos
Após o sucesso no começo da década de 80, o Monza ganhou novos competidores e acabou não repetindo o mesmo sucesso de outrora, algo que mudou nos anos 90.
Ele foi o segundo carro nacional vendido com injeção eletrônica, chegando pouco depois do Gol GTi. Foi em 1990, com a série especial 500 E.F., homenagem à vitória de Emerson Fittipaldi nas 500 milhas de Indianápolis. E trazia o primeiro toca-fitas com frente removível.
Mesmo recebendo diversas atualizações tecnológicas, o seu design ficava cada vez mais ultrapassado. Lá fora o Ascona já estava dando espaço para as primeiras versões do Vectra, que começou a ser vendido no mercado europeu em 1988.
A GM apostava que as mudanças tecnológicas supriam a necessidade de um design novo, o que gerou talvez a versão mais famosa, o Monza Tubarão. O seu apelido vinha vinha da frente 8,5 cm mais longa, com silhueta que lembrava a cabeça do peixe. A traseira era 4,2 cm maior e fazia o porta-malas saltar de 510 para 565 litros.
O Monza Tubarão era ainda mais agradável de dirigir. Trazia amortecedores com batente hidráulico e motor SL/E 2.0 a gasolina com injeção monoponto e 110 cv. Embora tivesse um só bico injetor, a injeção era mais moderna que a do Classic.
O Vectra começou a ser produzido em 1993, mas o Monza continuou em produção até 21 de agosto de 1996, sendo 14 anos em linha, com 857 mil carros vendidos aqui e em outros países da América do Sul. O seu legado foi o motor Família II, que continuou a ser usado nos Kadett, Omega, Vectra, Blazer, Astra e Zafira, só saindo de cena em 2016, na S10 flex.