Nem sempre o diagnóstico com scanner vai te apontar precisamente qual defeito, qual peça e qual o reparo precisa ser executado
Olá, amigo reparador, tudo bem? Como foi sua experiência na AUTOMEC 2023? Espero que tenha sido ótima. Vamos para mais uma edição da Revista Reparação Automotiva, o tema desta edição é praticamente uma continuação da edição passada, não é mesmo? Edição passada apresentamos: “Comprei um Scanner e fui enganado!” Agora dizemos:
Mas o Scanner disse que era este o defeito!
Trazemos com este tema, novamente um alerta, onde ainda encontramos muitos reparadores acreditando que o equipamento irá ser a solução dos problemas da oficina. Seguindo este pensamento, ainda temos empresas as quais fornecem equipamentos que fazem deste entendimento sua ferramenta de vendas, infelizmente!
Assista ao vídeo deste artigo
O scanner ou qualquer outro equipamento que a oficina possua, são meios para acessar, comunicar com as UCE – Unidades de Controle (gerenciamento) eletrônicas, obtendo uma interpretação do programa apontando porque ele emitiu um aviso através da luz de anomalia, mas o scanner não disse, ou não dirá que aquele ou outro componente está com defeito e precisa ser trocado.
Ouvi, vi e li, um certo anúncio:
‘‘Nosso scanner, irá dizer até que peça você vai trocar e reparar o veículo’’
Um apelo de marketing muito audacioso, errôneo, que particularmente considero propaganda enganosa. Você agora pode perguntar:
Porque, professor Leandro, afirma que o scanner não poderá dizer qual defeito, qual peça para que o reparo seja executado? Lhe respondo com tranquilidade: O diagnóstico não é apenas um DTC disparado pela UCE. O diagnóstico, como dissemos na edição passada, integra um conjunto de informações, em que o reparador bem capacitado, irá analisar e apresentar o resultado em sua conclusão.
Para melhor entender, que o Scanner não pode dizer qual peça ou qual a forma de corrigir o defeito, trazemos um caso real, ilustrando esta situação.
O Scanner “DISSE” que era este o defeito:
Veículo: BMW X3 2.0 2013
Falha: veículo chegou com luz de anomalia acesa, indicando na tela multimidia, que a potência do motor foi reduzida, procura centro de assistência BMW.
DTC:
• 123004– Wastegate desconectada,
• 122002- Válvula de purga by-pass em curto,
• 102ª01– Sensor MAF com falha elétrica,
• 1B5302– Falha de alimenta 15N_2, em curto-circuito ao negativo.
O reparador entendeu que o scanner disse, ou seja, apontou que a válvula wastegate e a válvula de alívio, estavam com problemas, então realizou a desmontagem do turbo compressor.
Para que nós, como reparadores automotivos possamos diagnosticar de forma correta, existe um ponto base, que não podemos pular: Análise do circuito de funcionamento
O que é um circuito de funcionamento?
O circuito de funcionamento é composto por sistemas que trabalham sobre ele.
Exemplo:
As falhas do BMW X3 em questão, aponta três componentes, que a alimentação elétrica apresenta curto-circuito ou falha elétrica e ainda temos uma falha de alimentação 15N_2.
Relembrando a Norma DIN, para sistemas elétricos:
• 31 – Negativo ou massa,
• 30 – Positivo direto da bateria,
• 15 – Positivo pós chave (ignição).
O N-2, é uma determinação da BMW, correspondente a uma linha de circuito 2, em um NÓ de alimentação, saindo de um módulo eletrônico e porta fusíveis.
Este módulo é divido em 03 NÓS de alimentação elétrica pós chave e 01 NÓ de alimentação direta linha 30.
Havendo falha de saída de alimentação destes NÓS, a DME- da Carroceria, identifica através de uma comunicação CAN, ao mesmo tempo que a DME – do motor, identifica que tais sensores e atuadores não estão atuando ou emitindo sinal esperado conforme o software programado para aquele veículo, apresentando a falha como um curto-circuito elétrico. Mas como identificar falhas como estas? Bem, por isto apresentamos na edição anterior (175-abril) e nesta edição, que o reparador precisa de treinamento técnico, material técnico, biblioteca técnica específica e original de montadora ou de empresas especializadas como:
• Dr.Ie,
• SIMPLO,
• Ciclo Engenharia,
• ALL DATA,
• Haynes Pro, etc.
Lembrando que o scanner é incapaz de dizer qual é a falha, qual componente deve ser trocado. Utilizando o Haynes PRO, para identificar a localização do Módulo de Controle e Proteção Elétrica:
Solução:
1. Identificar a causa do curto-circuito que fez romper o fusível do NÓ_2, que alimentava os 03 componentes,
2. Substituir o fusível, que neste caso, foi um arranjo técnico, pois a BMW não fornece acesso a substituição do fusível, o bloco vem lacrado, onde deveria se trocar a unidade completa,
3. Reparar a causa do curto-circuito, que neste caso, era um fio desencapado, por outrem em tentativas de reparo anterior.
Assim podemos concluir: O Scanner não disse que o defeito era os componentes da turbina ou o sensor MAF, mas apresentou que havia falha de alimentação no circuito elétrico deles. A falta de atenção ao sistema, e seguir procedimentos básicos de elétrica automotiva, levaram a um erro de interpretação, execução de tarefas desnecessárias, como a remoção da turbina para acesso aos componentes para analisá-los.
Encerramos esta matéria, lembrando mais uma vez, que o Scanner não dirá qual é o defeito e muito menos qual peça deve ser trocada para o reparo de um veículo.
O melhor equipamento para realizar o diagnóstico é você, profissional da reparação automotiva, mantendo-se atualizado, qualificando-se sempre para atender as demandas que surgem no dia a dia em sua oficina. Até próxima edição, aqui na coluna Elétrica, da Revista Reparação Automotiva.
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