Jamais faça a troca da bateria com o motor funcionando; forma correta é sempre com a utilização de uma bateria auxiliar
Alexandre Akashi
Cena comum em muitas oficinas: o dono do carro chega reclamando que o vidro elétrico não funciona mais tal como antes, ou o carro começou a apresentar algumas anomalias repentinamente, algo que sinaliza a necessidade da troca da bateria. “É o tipo de situação que precisamos saber o histórico de manutenção do veículo para evitar prejuízos”, afirma o engenheiro Sérgio Torigoe, proprietário do Centro de Diagnóstico Torigoe, na zona Leste de São Paulo.
Segundo Torigoe, a primeira e mais importante informação que ele busca com o dono do carro é saber ser a bateria do carro foi trocada recentemente e se esses sintomas começaram após a troca da bateria. “Se a resposta for sim, nem me dou ao trabalho, dispenso na hora e digo que a responsabilidade é do profissional que fez a troca da bateria”, afirma Torigoe.
“Muitos proprietários desconhecem os danos que uma troca de bateria mal realizada causam nos veículos modernos, e alguns reparadores também”, comenta Torigoe. “Tanto que tenho visto muito profissional fazendo absurdos como trocar a bateria com o motor ligado, prática que já deveria ter sido abolida há muito tempo, mas aparentemente tem sido cada vez mais realizada por medo de perda de parâmetros das centenas de módulos dos carros modernos”, alerta o reparador.
Torigoe explica que ao remover a bateria do carro com o veículo ligado, a tensão gerada pelo alternador aumenta além da capacidade dos módulos e sensores, o que pode queimar esses componentes. “Um dia presenciei um colega trocando bateria com o carro ligado e falei para ele medir a tensão nos terminais da bateria, e o resultado foi assustador: 40V”, afirma Torigoe ao comentar que mesmo assim não convenceu o colega de que aquilo era errado.
Nos veículos modernos, a troca da bateria precisa ser cautelosa para que os módulos não percam a memória e impeçam o bom funcionamento do carro. O procedimento mais simples é conectar uma bateria auxiliar aos cabos da bateria a ser removida antes de removê-la. Com isso, todos os módulos permanecem energizados e nenhum parâmetro é perdido.
O procedimento é simples. Com um cabo de partida auxiliar, deve-se conectar o pólo negativo da bateria a ser removida no negativo da bateria auxiliar, e depois soltar o conector da bateria ruim. O mesmo deve ser feito no pólo positivo. Primeiro conecta os pólos com ajuda do cabo e depois solta o conector, com cuidado para não encostar o conector à lataria do veículo ou qualquer outra parte metálica, para não dar curto circuito.
Depois é só remover a bateria ruim, e instalar a nova, tomando a precaução de não desconectar os cabos da bateria auxiliar. Primeiramente se conecta o pólo positivo e depois o negativo. Somente depois que os conectores estiverem instalados na bateria nova é que se desconecta a bateria auxiliar.
Outra alternativa é energizar os sistemas pelo conector OBD do carro, com auxílio de um plug especial, que tem apenas os pinos da alimentação 12V da bateria. Nesse caso, basta plugar o dispositivo na tomada OBD, ligar uma bateria auxiliar 12V nas garras jacaré e pronto, todos os módulos estarão alimentados, e pode-se remover a bateria ruim e colocar a nova.
A vantagem do plug OBD é não ter de se preocupar com curto-circuito na hora de tirar e colocar a bateria antiga. No entanto, não são todos os carros que possuem alimentação 12V no plug OBD.
