O ano de 2024 deve expressar volumes substanciais no consumo de peças e serviços automotivos no Brasil. Isso com base em dados estatísticos relacionados com a frota líquida nacional, já aplicados os tratamentos de sucateamento da frota e calculada a demanda por critérios técnicos.
É certo que os veículos que são adquiridos em estado de “zero km” mantém uma natural demanda de serviços em concessionárias, por razões principalmente do direito à garantia. Porém, o que se tem como identificação de comportamento é que, uma quantidade representativa de proprietários dispensa esse direito, optando por buscar reparação direto no mercado da reparação independente. Esse comportamento é auferido e observado com mais intensidade a partir do 2º ano de vida do veículo, e muito variável em cada categoria, se popular ou mais caro, ou se de propriedade de usuários com menor ou maior poder aquisitivo.
Segundo o Ministério da Economia, a redução da previsão de crescimento do PIB para 2024, está por consequência de reflexos do ambiente externo, ainda em recuperação de alguns países que tiveram desempenho abaixo do esperado em 2023, especialmente devido a questões políticas e militares instáveis, expectativas que afetarão as previsões para 2024 no mundo todo (também segundo o Conselho Econômico e Social da ONU), incluindo o Brasil e seus setores econômicos.
Por aqui, alguns setores se sairão melhores que outros. É o caso do segmento da reposição automotiva e do agronegócio.
Já a inflação (medida pelo IPCA) deve ficar mesmo em 4,66% em 2023, contra uma previsão anterior de 5,00 que, segundo a secretaria da economia os principais fatores para a redução do indicador foram “a redução dos preços administrados, a menor pressão dos bens industriais e alimentos e estabilização dos preços de serviços”. Para 2024, a projeção foi alterada para 3,90%.
A economia do Brasil em 2023, por conta da natural desconfiança empresarial causada pelo novo governo, mostrou-se com andamento em passo de espera no primeiro semestre, e poucos investimentos internos e externos. Mesmo com agências especializadas prevendo um ano positivo, as não mudanças esperadas na política monetária (ainda restritiva) e com rigidez do BC no controle da taxa de juros básicos e política fiscal apertadas, o quadro se reverteu pouco em relação a 2022, com efeitos imediatos no aumento da inflação.
Impactos diretos no setor automotivo
O emplacamento de veículos novos no país em 2024 deverá apresentar resultados positivos com evolução de 5,7% maior que 2023, que também encerrou o ano com excelentes números em relação a 2022. Houve um emplacamento 12% maior que no ano anterior, muito significativo se comprado a períodos anteriores.
Esses índices impactam prontamente no segmento da reparação automotiva, que continuará a receber uma carga aumentada de investimentos dos fabricantes de autopeças, mesmo porque as expectativas de crescimento da frota de veículos novos, faz com que parte da produção de peças seja desviada para a reposição.
O quadro abaixo apresenta o emplacamento oficial de 2022 e 2023, e também a previsão para 2024.
FROTA EMPLACADA POR SEGMENTO 2022 – 2024
Demanda de peças e serviços automotivos para 2024
Estima-se que um total de 41,9 milhões de veículos demandarão peças e serviços neste ano, seja para uma reparação mais simples (como uma troca de óleo, por exemplo) ou uma reparação que exige mais complexidade na parte mecânica, com substituição de peças, parte elétrica ou funilaria. Alguns deles irão buscar reparação mais de uma vez, o que significa que o volume de 41,9 milhões pode ser entre 25 e 30% maior. Neste volume de veículos não se considera a demanda por pneus e acessórios.
O quadro abaixo demonstra o volume calculado por segmento da frota:
Para elaboração desse cálculo, considera-se a frota líquida de veículos por segmento, mas com um aditivo de proporção sobre o comportamento de decisão dos proprietários, o que se denomina como curva de retenção em concessionárias. Claro, que cada ano de vida do veículo a proporção de busca em concessionárias reduz acentuadamente, lembrando que apenas uma pequena parcela mantém a fidelidade. Porém, ressalte-se que mesmo estes, costumam trocar seus veículos por unidades novas com maior regularidade.O número estimado de 41,9 milhões poderia ser mais expressivo, afinal nossa frota circulante é atualmente de cerca de 73,5 milhões de veículos de todos os segmentos. Logo, cerca de 56% do total demandará serviços e reparação automotiva, pelo menor uma vez no ano.
Sobre a reparação automotiva, vale comentar que se dividem em 3 tipos básicos: preventiva, preditiva e corretiva, apelidadas no mercado de PPC. A preventiva é aquela que normalmente realizamos por indicação da montadora e leva em consideração critérios de quilometragem rodada.
A preditiva é mais usual para identificação antecipada de possíveis problemas e falhas. Uma parcela significativa de usuários muitas vezes substitui um componente, apenas por questões preditivas. Por fim a manutenção corretiva, por dedução lógica, tem por objetivo corrigir um problema já incidente e/ou indicado pelo usuário do veículo. Geralmente é feita em estado emergencial.Esses 3 modelos de reparação deverão gerar quase R$ 75 bilhões de negócios em 2024, dentro da cadeia automotiva da reparação, que inclui atacadistas, varejistas e aplicadores de peças e serviços. O quadro abaixo permite se observar o volume de serviços com mais distinção do volume de veículos por ano de emplacamento:
Enfim, haverá muito trabalho em 2024. O que se tem a fazer é se preparar para atender o que melhor se espera do reparador automotivo.
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