Há algum tempo venho alertando: a falta de informação e conhecimento técnico pode custar caro – tanto para o reparador quanto para o cliente. Em novembro de 2024, recebi uma ligação que exemplifica isso. Um cliente do oeste do nosso estado, a 600 km de distância, entrou em contato sobre um Mercedes C300 que não ligava mais. O caso chegou até nós por indicação da própria concessionária Mercedes, um reconhecimento da nossa expertise na região.
O cliente relatou que o veículo entrou em uma oficina em sua cidade com uma falha inicial. Saiu de lá sem funcionar. Depois disso, passou por mais duas empresas, onde foram compradas várias peças – sem sucesso. Na última tentativa, sugeriram a troca completa do chicote elétrico. O cliente, sem questionar, voltou dois dias depois com uma caixa de madeira contendo um chicote usado (veja foto sugerida abaixo). A empresa, então, desistiu do reparo e pediu que ele removesse o veículo sem custos.
Sem concessionária da marca em sua região, o cliente optou por trazer o carro até a concessionária local, via guincho, com a caixa do chicote e diversos módulos já adquiridos jogados dentro do veículo. A concessionária fez o diagnóstico, mas informou que só usaria peças novas, estimando o custo do chicote em R$ 35 mil, caso necessário. Diante disso, indicaram a Tecnocar como referência para o reparo na região.
Após uma entrevista por telefone, explicamos ao cliente nossa dinâmica: poderíamos buscar o veículo, mas o reparo só começaria no final de fevereiro de 2025. Cobraríamos 10 horas de diagnóstico inicial para identificar as avarias e apresentar um orçamento. Se ele não aprovasse, as 10 horas seriam faturadas. O cliente aceitou. Em novembro de 2024, enviamos um guincho para retirar o veículo da concessionária e o armazenamos em nosso galpão, onde aguardou o início do serviço. Você pode se perguntar: “E se o cliente não quisesse pagar, estando a 600 km?” Aqui na Tecnocar, usamos o sistema de gestão Oficina Inteligente, com assinatura digital da ordem de serviço, garantindo segurança e transparência.
No final de fevereiro de 2025, o Mercedes deu entrada na oficina para o diagnóstico. Em cerca de três horas, identificamos os problemas: reparo no módulo SAM traseiro, módulo do banco direito, troca de dois fusíveis, óleo, filtros, fluido de freio e programação online dos módulos. O chicote? Nem saiu da caixa. Os módulos comprados? Não foram necessários. Com o reparo do SAM traseiro, o carro voltou à vida. Curiosamente, os defeitos criados pelas outras oficinas deram mais trabalho que a falha original.
Resumo da falta de conhecimento
O que para nós foi um reparo simples, passou por três empresas sem solução. Por quê? Muitos reparadores estão acomodados. O YouTube, com suas “receitas prontas”, agravou isso, fazendo com que alguns deixem de raciocinar e entender os sistemas dos veículos. Como disse Elon Musk: “80% do que você precisa está no YouTube, mas o problema são os 20% que não estão lá”. Esses 20% exigem estudo, capacitação e domínio das tecnologias que evoluem rapidamente. Eu já fui assim: trabalhava sem entender os veículos. Em 2015, um treinamento mudou minha vida. Aprendi a diagnosticar e estudar o carro antes de ele entrar na oficina. Hoje, o que parece complexo para muitos é rotina aqui na Tecnocar. O recado é claro: precisamos buscar conhecimento em fontes confiáveis e nos preparar. Os carros estão evoluindo, e quem não acompanhar vai ficar para trás.

Alessandro de Souza – “Kiko” Formado em Técnico Automotivo pela Universidade de Ávila na Espanha, proprietário da Tecnocar Mecânica Brusque. Atua a mais de 30 anos na área. É especialista em diagnósticos automotivos, carros elétricos e híbridos, Eletrônica de bordo, Injeção Eletrônica, membro da Liga de Reparadores Zen e membro do conselho da Associação dos Mecânicos Premium Brasil. Siga o Alessandro de Souza “Kiko” no Instagram | Fale com o Alessandro de Souza “Kiko”no WhatsApp