Pequenos ruídos na transmissão, grande problemas!

Ruídos na transmissão podem indicar fadiga no flexplate. Não verificar esta peça pode comprometer todo o trabalho 

Você já passou pela situação de tentar encontrar um ruído em um motor, ou um barulho semelhante, o qual lembra um chocalho, em uma transmissão, que mais tarde virou outra coisa? Acho que não existe técnico que não tenha passado por situação semelhante em sua vida profissional!

Esta matéria nasceu de uma análise de um FORD EcoSport 2.0L e transmissão 4F27E automática. Neste ano, uma oficina de automáticos aqui no Brasil teve registrado 7 casos de quebra de flexplates, sendo que quatro destes casos não possuíam pinos guias entre o motor e a transmissão. Nenhum deles parecia ser de transmissões ou motores separados para algum serviço, e dois deles inclusive eram de únicos donos que afirmaram nunca terem levado os carros para algum serviço de motor ou transmissão. Como pode ser isto? Seria possível que eles tivessem vindo sem os pinos guias de fábrica?

Pesquisando um pouco mais, encontramos um boletim emitido pela FORD:

“SSM 48725 – FORD EcoSport – Substituição do Flexplate

  • Veículos FORD EcoSport equipados com motores 2.0L e transmissão 4F27E podem ter seus pinos guias danificados ou faltantes entre o motor e a transmissão. Caso algum serviço seja realizado em motores ou transmissões nestes veículos, e sejam encontrados pinos guias danificados ou faltantes, o flexplate (6375) deverá ser substituído. Para reforma de motores ou outros reparos relativos aos motores, onde o motor e a transmissão não necessitam ser separados, a substituição do flexplate não será necessária. Esta instrução também se aplica à publicações de serviço existentes quanto a reparos onde o motor e a transmissão sejam separados como parte do procedimento de reparo. Consulte o Manual de Serviço (WSM) seção 303-01”

Um SSM da FORD é uma “Mensagem Especial de Serviço”. Isto poderia ser mais importante do que uma simples mensagem. Talvez fosse assunto para um Boletim de Serviço. Pois o problema que isto poderia gerar seria maior do que uma simples mensagem daria conta.

Sabemos em primeira mão os problemas que são criados quando temos falhas de alinhamento entre motor e transmissão, e os danos resultantes que podem ocorrer. Isto não é limitado à uma só marca ou modelo de automóvel, pois sabemos que os danos ao flexplate podem ocorrer mesmo se tudo estiver montado certo e seguro. A extensão dos danos pode variar grandemente dependendo de quanto tempo o cliente decidir continuar dirigindo o veículo após ele perceber um ruído. Na figura 1 podemos ver um exemplo, em uma DODGE RAM 6.7L Diesel.

Figura 1: Um exemplo, em uma DODGE RAM 6.7L Diesel

No próximo exemplo, observado na figura 2, é bem pior. O flexplate foi destruído e ainda arrancou a placa motriz (o adaptador entre o bloco do motor e a transmissão), como também danificou o motor de arranque. O cliente disse que não houve nenhum aviso; o carro simplesmente parou de se mover. O flexplate foi substituído em uma oficina diferente que não se aprofundou na razão da quebra do componente, e não existiam pinos guias instalados após a substituição do motor, como vemos. Para esta aplicação nós recomendamos fortemente que o flexplate seja substituído por uma versão mais reforçada sempre que se substituir a transmissão, ou, se a transmissão for removida para reparos, sempre substituir o flexplate durante esta operação.

Figura 2: O flexplate foi destruído arrancou a placa motriz

Não somente o flexplate ficou em dois pedaços, como também tanto o piloto do conversor e o virabrequim foram danificados além de reparo, e a bomba da transmissão também foi danificada. Não sabemos quanto tempo o cliente rodou com o veículo após a quebra do flexplate, porém esta quebra inicial dele causou um monte de danos, conforme mostra a figura 3.

Sempre que for necessário remover uma transmissão, é necessário fazer uma inspeção cuidadosa nestes pontos. Isto pode economizar tempo e dinheiro pois confirmamos 100% a qualidade do serviço realizado. Muitas oficinas que trabalham dentro dos padrões, exigem que seus técnicos reparadores removam e inspecionem os flexplates de cada veículo em que se instala uma transmissão e verifiquem a existência dos pinos guias.

Figura 3: Quebra do flexplate

Isto faz duas coisas. Primeiro, podemos certificar que não existem sinais de que um flexplate possa quebrar ou trincar logo mais à frente, e segundo, permite verificar se existem possíveis sinais de vazamento do retentor do virabrequim, o que evita que o cliente volte alguns dias depois reclamando de um vazamento de óleo do motor, que não existia antes do reparo da transmissão.

Lembre-se! Prever uma falha é garantir que ela nunca aconteça!!! Até o próximo artigo e um ótimo mês de serviço a todos.

Acompanhe o artigo do especialista Carlos Napoletano sobre o funcionamento do sistema Sistema Start/Stop nas transmissões FORD e GM
Carlos Napoletano – Diretor Técnico da Aptta Brasil www.apttabrasil.com

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