Dinâmica do atritro nas Transmissões Automáticas

A Qualidade das Mudanças nas Transmissões Automáticas

A qualidade das mudanças nas transmissões automáticas depende de fatores como materiais de fricção, calibração e corpo de válvulas. Esses elementos desempenham um papel essencial na performance da transmissão e no conforto da condução.

Problemas Relacionados à Qualidade das Mudanças

As reclamações sobre a qualidade das mudanças nas transmissões automáticas podem ser desafiadoras, especialmente quando a causa raiz do problema não está relacionada à calibração do corpo de válvulas ou à programação do módulo de controle da transmissão. Na maioria dos casos, os problemas estão ligados à calibração, ao corpo de válvulas ou aos sistemas eletrônicos de controle.

Antes de analisar os problemas de qualidade das mudanças, é importante observar os discos de aço dos conjuntos de freios e embreagens presentes em uma transmissão automática. Como antigo reparador e atendente técnico, tenho experiência com problemas de mudanças causados por discos de fricção incompatíveis.

A Influência dos Materiais de Fricção

Há muitos anos, percebeu-se que o material dos discos afetava transmissões como a GM TH400. Uma reclamação comum era um ruído durante a mudança 1-2. Até então, a causa do problema não era clara. Entretanto, após consulta com um instrutor experiente da GM, foi identificado que o uso de discos de aço diferentes para o freio da 2ª marcha resolveu o problema. Esse aprendizado mudou minha abordagem para diagnosticar falhas em transmissões.

Outro exemplo interessante ocorreu ao longo dos anos quando um amigo sugeriu lixar a superfície dos discos de aço e tambores para “eliminar o brilho” das peças. No entanto, essa prática resultou em falhas nas transmissões, como na TH200, onde a superfície lixada causava mudanças extremamente suaves, impedindo a transição adequada e gerando trancos no final da mudança.

Vibrações da Embreagem do Conversor de Torque

As vibrações conhecidas como “shudder” também são um problema frequente. A embreagem do conversor de torque, introduzida em larga escala na transmissão Chrysler 904 de 1978, trouxe desafios para técnicos devido à dificuldade de diagnóstico e reparo.

Nos primeiros anos, técnicos acreditavam que os problemas com conversores estavam resolvidos após o reparo. No entanto, muitos veículos retornavam às oficinas com reclamações de vibrações. Isso ocorre porque a vibração da embreagem do conversor não é apenas um problema de calibração. Assim como embreagens de transmissões manuais, elas sofrem variações de desempenho devido ao desgaste e às condições de operação.

A calibração pode minimizar os efeitos, mas a verdadeira causa da vibração é o desgaste do material de fricção, a superfície onde ele trabalha e o fluido utilizado. Esse ponto será aprofundado em artigos futuros.

Figura 1: Exemplos de Discos de Fricção

(Figura 1: esta é uma pequena amostra dos discos de fricção existentes, variando em cores e estilos para atender diferentes características de mudanças.)

Diferenças Entre Materiais e Fornecedores

Os fabricantes de materiais de fricção desenvolvem diferentes composições para atender às especificações dos fabricantes de automóveis. Algumas variações incluem discos lisos, estriados e formatos específicos como “biscoito”.

Além disso, uma única transmissão pode contar com materiais de fricção de diversos fornecedores. Por isso, é essencial garantir que os discos substituídos sejam compatíveis com os originais para evitar problemas nas mudanças de marcha.

Um caso clássico envolve uma transmissão Mazda, quando a fabricante pertencia à Ford. Havia uma reclamação sobre patinação na mudança 1-2, seguida de um tranco e flutuação na mudança 2-3. Após múltiplos reparos sem sucesso, descobriu-se que a substituição do material de fricção pela peça original resolveu o problema.

Outro exemplo foi a transmissão Mitsubishi KM de 4 velocidades, que apresentava mudanças duras entre 2ª e 3ª marchas. A tabela de aplicação de cintas e embreagens ajudou a identificar o problema relacionado ao material de fricção incorreto.

Figura 2: Tabela de Aplicação de Cintas e Embreagens

(Figura 2: representação das fases de transição de aplicação das embreagens e freios.)

A Importância da Escolha do Fluido Correto

O fluido de transmissão desempenha um papel crucial na qualidade das mudanças. Certos fabricantes, como Honda e Ford, especificam fluidos específicos para seus modelos. O uso de um fluido inadequado pode resultar em mudanças bruscas e falhas na transmissão.

Por exemplo, a transmissão TorqShift da Ford, lançada em 2003, foi abastecida inicialmente com fluido SP1. Reclamações frequentes sobre vibrações levaram a Ford a recomendar a substituição pelo fluido MERCON V, que resolveu o problema instantaneamente.

As transmissões modernas operam em temperaturas mais altas e exigem fluidos especializados para garantir a correta transferência de calor e lubrificação. Portanto, sempre verifique as especificações do fabricante antes de substituir o fluido.

Considerações Finais

Na próxima vez que você reformar uma transmissão, especialmente uma com a qual não tem familiaridade, compare cuidadosamente os componentes de fricção novos e antigos. Verifique etiquetas ou selos indicando o tipo correto de fluido.

Algumas transmissões possuem etiquetas próximas ao tampão de abastecimento indicando o fluido correto a ser utilizado. Essas informações são valiosas e devem ser seguidas para evitar problemas de desempenho.

Ao seguir essas diretrizes, você garantirá melhor qualidade nas mudanças e maior durabilidade da transmissão.

Um ótimo mês de trabalho a todos e até a próxima!

Departamento Técnico APTTA Brasil

Carlos Napoletano – Diretor Técnico da Aptta Brasil www.apttabrasil.com

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