Rota 2030: Benefício ou prejuízo para o setor automotivo?
Caro amigo leitor, tudo bem? Chegamos a mais uma edição da revista Reparação Automotiva, com um tema bem atual e futurista, o ROTA 2030.
Afinal, o que é o Rota 2030? Já ouviu falar ou leu algo a respeito?
Trata-se do Programa Rota 2030 – Mobilidade e Logística, uma iniciativa do Governo Federal Brasileiro, instituída pela Lei nº 13.755/2018 e regulamentada pelo Decreto nº 9.557/2018, que visa estimular o investimento e fortalecer as empresas brasileiras do setor automotivo através do desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias.
Os principais objetivos e focos do programa são:
- Segurança Veicular: Aumento da segurança com a introdução de novas tecnologias e requisitos obrigatórios para a comercialização de veículos.
- Eficiência Energética e Emissões: Redução das emissões de gases de efeito estufa e aumento da eficiência energética média dos veículos comercializados no país, incluindo a valorização da matriz energética brasileira e o uso de biocombustíveis e formas alternativas de propulsão.
- Competitividade e Inovação: Elevação da competitividade dos automóveis nacionais, estímulo a pesquisa e desenvolvimento (P&D) no setor, e promoção da integração da indústria automotiva brasileira nas cadeias globais de valor.
- Produtividade: Automatização do processo de manufatura e incremento da produtividade da indústria.
O Rota 2030 oferece incentivos fiscais, como por exemplo, a redução do IPI para veículos que atendam a critérios de eficiência energética e segurança, e benefícios fiscais para empresas que realizam dispêndios em P&D, também é estruturado em pilares ou capítulos que abordam os requisitos para comercialização de veículos, o regime tributário especial e o regime de autopeças não produzidas.
Em resumo, é a política industrial brasileira para o setor automotivo, a qual busca modernizar a indústria, torná-la mais segura, eficiente e competitiva até 2030.
O programa, apresenta algo focado em uma linha mundial, que é a busca por minimizar, danos ambientais, causados por emissões poluentes, porém, o que temos colhido no dia a dia da reparação automotiva, como chão de oficina, não são resultados muito agradáveis.
Sendo assim, o título deixa uma pergunta:
Benefício ou Prejuízo?
Para entender o que vivenciamos no dia a dia, como resultados, é preciso entender a evolução dos combustíveis, tanto no Brasil quanto no exterior, por isso, vamos relembrar os anos 1980.
Entre 1980 e 1990, tivemos no Brasil a corrida do álcool. Surgiu o programa Pró-Álcool. Assim como eu, muitos eram crianças ou adolescentes nessa época. Porém, em 1986, quando ingressei no setor de reparação automotiva, aos 14 anos, pude então vivenciar essa evolução.
Os carros, consumiam mais, menos potência, porém, menos defeitos mecânicos. Quando chegou, o Pró-ácool, ai começamos a vivenciar problemas elétricos e mecânicos:
- Motores de partida,
- Baterias,
- Carburadores,
- Velas de Ignição.
Estes eram os mais comuns, pois os veículos tinham dificuldades para entrar em funcionamento, principalmente no inverno. Com isto a desvalorização dos modelos a álcool, crescia rapidamente.
Na linha Diesel, o problema também crescia, pois o combustível, poluía muitíssimo, devido a seu alto teor de enxofre. Confira a tabela comparativa:
Teor de ENXOFRE – PPM (partes por milhão)

Porém aquilo que era para ser um avanço tecnológico, se tornou um pesadelo!
Problemas com a gasolina e Etanol, o antigo álcool, tem sido motivo de queixas e prejuízos enormes aos usuários (consumidores).
Gasolina Brasileira: A Questão da Octanagem.
A octanagem é a resistência do combustível a detonação (a famosa “batida de pino”). Motores modernos, incentivados pelo Rota 2030, exigem octanagem alta.
Atraso na Qualidade Base: O Brasil só elevou a octanagem mínima da gasolina comum (para 92 RON) em 2022, muito tempo após a Europa já utilizar padrões superiores.
Adulteração: Mesmo com o padrão oficial de 92 RON, a constante adulteração e a mistura de etanol anidro (que aumenta a octanagem, mas não a densidade/poder calorífico), geram inconsistências que causam problemas nos motores mais sensíveis e caros da era Rota 2030.
Etanol no Brasil: O Fator “E”
O Etanol Anidro é misturado na gasolina (formando a gasolina C, vendida na bomba), e o Etanol Hidratado é vendido puro para carros Flex.
Evolução do Teor de Etanol Anidro na Gasolina (Gasolina C)
O percentual de etanol anidro na gasolina no Brasil tem sido uma montanha-russa política e econômica, mas a tendência é de aumentar:
Teor de etanol na gasolina

Inconsistência Global: O Brasil é o único país a usar uma mistura tão alta. Quase todos os carros globais são projetados para um limite de E10 (10% de etanol). O consumidor brasileiro é forçado a usar um combustível que exige um projeto de motor muito específico.
Problema para Importados: Veículos importados, ou de alta performance, muitas vezes não são totalmente otimizados para o E27 ou E30, assim, sofrem desgaste em componentes e perda de eficiência.
Menor Poder Calorífico (Menor Rendimento): O etanol tem um poder calorífico inferior à gasolina.
- Gasolina Pura: aproximadamente 43 MJ/kg
- Etanol: aproximadamente 27 MJ/kg

Resultado: Mesmo com a octanagem do etanol, a Gasolina C (E27 ou E30), tem menor densidade/energia que uma gasolina pura estrangeira, o que se traduz em menor autonomia e mais prejuízo no bolso do consumidor.
O QUE PERCEBEMOS NO DIA A DIA:


Injetores danificados prematuramente, resultando em queima (combustão) deficiente, danificando outros componentes do veículo, como o sistema de ignição.

Contaminando o óleo lubrificante, prejudicando motores agregados, como turbo compressor, causando um grande prejuízo ao consumidor.

O que fazer diante deste avanço tecnológico que em seu projeto, seria um grande benefício, porém tem se tornado um prejuízo a população?


Combustíveis adulterados, baixa qualidade.
Uma das soluções para resolver estes problemas é buscar recursos tecnológicos para combater aquilo que deveria ser fornecido na bomba de abastecimento.
ADITIVOS SALVADORES!
Para eliminar umidade e misturas estranhas utilizamos o tratamento químico pois química se combate com química.

Elimino um problema preciso melhorar a qualidade então “vitaminamos” o combustível.

Ainda, tem um prejudicado, um componente protegido por lei, o Sistema Catalítico. Cujo custo é de alto valor agregado, que tem feito, muitos trabalharem erroneamente, atendendo a eliminação.
Aqui peço mais uma vez a sua atenção!

A oficina que presta o serviço, eliminando controle de emissões poluentes, como:
- Catalisadores, DPF;

- EGR;
- Sonda Lambda;

Estão sujeitas a ações judiciais por responsabilidade técnica e civil.
Bom meu caro amigo, chegamos ao final de mais uma edição, deixo a você esta pergunta:
ROTA 2030, BENEFÍCIO OU PREJUÍZO?
Até a próxima!

Professor de manutenção automotiva, Graduado em Produção Mecânica Industrial, Mecatrônica Automotiva, Pós Graduado em Engenharia de Manutenção Automotiva.
Atua na reparação automotiva há 34 anos, proprietário da General Tech, Oficina de linha Premium em Uberaba MG.
Confira as principais notícias do setor no portal da Revista Reparação Automotiva.



