É normal empresas do setor da reparação automotiva, qualquer que seja o segmento que atue (veículos leves, comerciais, agrícolas e de motos), incluir o custo da mão-de-obra nos preços dos serviços, além do custo das peças que serão substituídas ou reparadas.
O problema é, muitas vezes, definir o preço justo, a fim de tornar competitivo seu orçamento para o cliente. Neste caso, o mais correto é definir um padrão e estar sempre acompanhando as movimentações do mercado, se possível através de informações obtidas junto ao SINDIREPA e CONAREM, que são entidades de classe dos reparadores e atuam com pesquisas pontuais e por isso, conseguem sugerir preços mais justos até por região.
Porém, mesmo essas entidades cuja credibilidade não é contestada, não definem os preços de serviços, mas apenas sugerem, já que os vários pontos de reparação espalhados pelo país possuem estruturas e bases de custo diferentes entre si, sobretudo se for considerado tamanho do ponto, custos administrativos com recursos empregados por cada um como aluguel, água, luz, salários e obrigações sociais, tributos, escritório de contabilidade, internet, investimentos em ferramentas e equipamentos, além da própria qualificação da mão de obra, se nível I,II ou III, etc.
Além disso, os clientes estão procurando sempre o melhor valor, e não necessariamente o menor preço, princípio esse de marketing que não se pode esquecer ou descartar quando for precificar seu orçamento.
No GeoAfter, site de assuntos de frota e de estudos de demanda de autopeças www.geoafter.com.br, são disponibilizados dados estatísticos sobre o número de pontos de vendas existentes no país, com base em segmentação de atendimento, ou seja, quantas lojas de varejo, quantas oficinas, auto center’s, postos de combustíveis, por município brasileiro.
Desnecessário lembrar que definir um custo único por hora é tarefa não tão simples, pois cada tipo de serviço determina um tempo, esforço, conhecimento, habilidade, atenção com manuseio de peças, tipo de ferramenta a ser aplicada, entre outros fatores não menos importantes. Todos devem ser incluídos no fator valor para o cliente, não preço para o cliente, incluindo limpeza e assiduidade do ponto, qualidade do atendimento e presteza do prometido. É isso que o cliente paga e é isso que ele espera receber.
Na tabela abaixo está uma média dos preços praticados por hora, para mão-de-obra em serviços automotivos, base janeiro de 2023:
Então, quando se diz que o preço médio da mão-de-obra cobrada no Brasil para serviços em veículos da linha leve é de R$ 85,00 ou até R$ 100,00 por hora, deve-se ter cuidado. Nem todos os pontos devem cobrar esses preços, seja para mais ou para menos. Cabe avaliar dificuldades gerais, mesmo porque custos fixos e variáveis são determinantes na formação de qualquer preço final e estão, além de diretamente relacionados entre si, dependentes também da eficiência e competência de cada aplicador.
Para exemplificar: se o ponto define que o serviço pode ser executado em 3 horas e (no caso de um ponto de tamanho médio) cobrar R$ 270,00 de mão de obra, mas o serviço foi realizado em 6 horas (seja por que razão isso ocorreu), não haverá resultado financeiro positivo para o dono.
Assim, considere todos os fatores (de forma mais justa possível) para definir o tempo do serviço, incluindo aí também a questão da logística da entrega de peças, que pode demorar mais que você estimou.
Faça tudo isso, mantendo seu orçamento competitivo. Não é fácil e exige muitos cuidados, critérios bem pensados e calculados.
Sergio Duque, * Economista, pós-graduado em Marketing e professor universitário. Há 30 anos atua no mercado de reposição de autopeças
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