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Osciloscópio é modinha?

                 Há quem pense exatamente isso: “osciloscópio é modinha; preciso disso não.”

                 Na verdade, temos que entender que, quanto mais nos aprofundamos no conhecimento e no aprendizado de certos assuntos, matérias e sistemas veiculares, mais percebemos a necessidade de equipamentos diferenciais que, muitas vezes, ignoramos por falta de conhecimento, ainda mais hoje em dia, com a avançada tecnologia dos automóveis.

                 O osciloscópio é uma ferramenta de diagnóstico muito antiga; data de meados da década de 40, pelo que já li sobre.

                 Tenho um modelo bem antigo, já aposentado, o qual usei por algum tempo há algumas décadas, principalmente nos anos 90.

Figura 1

Esse modelo da Meguro (Fig. 1), fabricante de vários equipamentos até hoje, eu utilizava para testes na alta tensão da ignição, como os cabos das velas, transformadores (bobinas), e as próprias velas; e também era possível analisarmos, por exemplo, os sensores de rotação do virabrequim indutivos comuns e os do tipo hall que, na maioria das vezes estavam inseridos no conjunto distribuidor.

Esse equipamento, hoje, está numa vitrine aqui na AFR Motorsport, entre outros equipamentos que usava nas décadas passadas, e que hoje ficaram obsoletos diante da alta tecnologia atual, na qual estamos “mergulhados”.

Hoje utilizamos vários modelos atuais de osciloscópio, de várias marcas, e cada um com a sua característica própria, mas com o mesmo objetivo: auxiliar no diagnóstico automotivo.

Todos os equipamentos antigos que tenho ainda, pois os guardo com muito carinho, farão parte, futuramente, do que vamos chamar, possivelmente, de: Museu do Orágio.

A utilização do ohmímetro, do voltímetro e do kilovoltímetro é de suma importância nos testes e diagnósticos que fazemos todos os dias, mas as imagens gráficas geradas pelo osciloscópio nos dão a real certeza de que há algum problema, um mal funcionamento no circuito ou no dispositivo em análise, ou ainda se está tudo ok.

Ou seja, o osciloscópio nos fornece um “atalho” no diagnóstico, como se fosse um ´raio x` dos componentes, nos entregando, inclusive, como está a saúde deles, fazendo com que encurtemos o tempo de diagnóstico, com precisão, sem trocação de peças à toa e, ainda, podemos prever uma possível pane futura de algum componente, a chamada Manutenção Preditiva.

Figura 2

Exemplos de imagens gráficas:

Vemos claramente na imagem da figura 2 que o veículo em teste perdeu um dos cilindros.

Com esse teste, chamado de CR entre os profissionais técnicos da reparação (Compressão Relativa), conseguimos interpretar que, devido à falha do motor bem característica de quando há uma vela “queimada”, por exemplo, certificamos que não há problema elétrico ou eletrônico, mas sim um problema mecânico.

Assim, não perdemos tempo analisando velas, cabos, bobinas, válvulas injetoras, entre outros, ou seja, já eliminamos muitas coisas que, normalmente, o reparador acaba perdendo muito tempo testando esses componentes, sendo que, esse teste com osciloscópio é muito rápido, algo em torno de 10 segundos! Isso mesmo. Com o equipamento já conectado e configurado, o osciloscópio nos entrega uma resposta muito rápida e segura.

Não sabemos o causador da falha ainda, mas já sabemos que há um problema mecânico no motor, que pode ser cabeçote, anel de pistão, válvula de admissão ou de escape, entre outros.

Figura 3

E se for necessário ir mais fundo ainda no diagnóstico, podemos utilizar dos transdutores, que são equipamentos acessórios do osciloscópio, os quais conseguem “enxergar” dentro do motor e trazer gráficos que irão determinar qual a real causa do problema mecânico, como mostra a figura 3. Neste caso percebemos uma perda de vácuo, não muito elevada, mas o suficiente para que o veículo em questão ficasse com a marcha lenta com grande oscilação, nos revelando um problema de vedação de algumas válvulas de admissão de ar, conhecida como `válvula presa´.

Figura 4

Nesse outro caso, o da figura 4, o veículo veio para uma revisão geral pré viagem, mas fazendo uma análise como de costume – pois faz parte aqui na AFR Motorsport fazermos uma triagem em todos os veículos que chegam até aqui, independente do problema – percebemos que, das 4 bobinas de ignição, uma delas estava já trabalhando no seu limite, pois, percebam que pelo gráfico no osciloscópio, que não há as chamadas ondas residuais, as quais nos informam que o transformador está sem “fôlego”, ou seja, pode ainda não estar falhando o motor, mas muito em breve isso irá acontecer.

Aconselhamos o proprietário a substituir todas elas, já que, se uma está na iminência de dar problema, as outras 3 apresentarão também num breve futuro (final de vida útil); e imagine só você, se esse veículo apresenta algum problema durante sua viagem! Pelo menos o cliente já está ciente, caso não autorize a substituição das bobinas, nos livrando de reclamações por esse motivo.

Com isso, também, conseguimos agregar valor à técnica aplicada, ao profissionalismo do reparador, à segurança do dono do veículo e sua confiança de pegar a estrada sem medo e, claro, reforça o caixa da empresa.

Esses são apenas alguns exemplos da aplicação do osciloscópio no mundo da reparação automotiva. Há uma infinidade de uso desse equipamento, inclusive nos auxiliando nas leituras gráficas das redes de comunicação, como rede LIN, PWM, BSS, CAN, entre tantas outras.

Em breve trarei mais exemplos de casos reais sobre o uso e a importância do osciloscópio nos dias de hoje, principalmente.

Forte abraço, e até breve!

Confira a última coluna do especialista Nivaldo Oragio

Nivaldo Orágio tem 45 anos de experiência, iniciou a carreira em 1979. É Técnico e Instrutor Automotivo, Palestrante de Tecnologias Automotivas. Proprietário de Oficina/Escola de manutenção e projetos de Alta Performance, AFR Motorsport. Possui uma extensão para cursos e treinamentos presenciais e online (EAD), a AFR Education. Canal Orágio Cursos Automotivos no YouTube conta com +430k de inscritos, com +40 milhões de views.
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